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DATA DA PUBLICAÇÃO 15/04/2009 | Cidade
Famílias de Mauá aguardam casa própria desde agosto
Enganado e humilhado. Esse é o sentimento do trabalhador autônomo Edson Garcia, 47 anos, que desde agosto do ano passado aguarda a entrega da tão sonhada casa própria. Ele e outras 299 famílias de Mauá que vivem em situação de risco se inscreveram no Prismma (Projeto de Inclusão Social de Moradia de Mauá) e pagaram uma taxa de R$ 780, valor dividido em 18 parcelas mensais. Destas, apenas 44 receberam a moradia até o momento. Não há previsão para a entrega das outras casas.

Parceria entre governos federal e municipal, o programa beneficiaria um total de 800 famílias. Cerca de 500 não conseguiram pagar a taxa integralmente e aguardam definição da Administração. O Prismma também tem cota para famílias de deficientes, com casas adaptadas. Foi esse detalhe que chamou a atenção da família de Edson Garcia, que tem um filho deficiente. Atualmente, os dois e mais quatro pessoas vivem amontoados em uma casa de dois cômodos. O espaço também é dividido com móveis desmontados, que foram comprados depois que a Prefeitura, em dezembro passado, prometeu que as famílias passariam as festas de fim de ano na casa nova.

“É um descaso com a pessoa que pagou, que se apertou para honrar a prestação. Minha filha comprou todos os móveis da casa, contando com a mudança, mas agora estão desmontados, guardados num cubículo, juntando bicho”, desabafou a dona de casa Cristina Garcia, 44 anos, mulher de Edson. A Prefeitura de Mauá informou, por meio de nota, que a atual gestão retomou as negociações com a Cooperativa Habitacional Central, responsável pela obra, para dar continuidade ao programa.

Marcelo Fae, presidente da cooperativa, afirmou que as obras ficaram paradas mais de cinco meses e agora estão sendo retomadas. “Desde que teve inicio o processo eleitoral, a Prefeitura deixou de pagar os servidores da cooperativa, então paramos de trabalhar”, justificou.

De acordo com Fae, conversas com a Secretaria de Habitação têm sido complicadas e por isso o programa não segue adiante. “Estamos na dependência da Prefeitura, que precisa liberar verba para que possamos continuar com as obras”, disse, explicando que nesse meio tempo as casas que estavam quase terminadas foram depredadas. “Precisaremos reaver o prejuízo.”

Sobre os prazos para término das moradias, Fae afirmou que o prazo inicial já havia sido prorrogado, mas que deverá ser alterado novamente. “O primeiro prazo era agosto de 2008, foi prorrogado para dezembro e agora, com a nova Administração ainda tomando pé da situação, não tem como saber quando terminaremos”, finalizou.

Ex-secretário de habitação é investigado

O ex-secretário de Habitação em Mauá, Altivo Ovando Júnior (PV), entre 2006-2008, se afastou da vida pública. Membros da direção do Partido Verde de Mauá confirmaram que Ovando foi desfiliado em novembro do ano passado.

Nas últimas eleições, o ex-secretário foi candidato a vereador, mas não se elegeu. De acordo com Edson Garcia, inscrito no Prismma, Ovando usou as moradias como plataforma de campanha. “Prometeu que estaríamos morando lá antes do Natal. Como perdeu as eleições, mandou a gente procurar a Prefeitura.” Ovando é alvo de investigações por estelionato pela polícia e MP (Ministério Público), sob acusação de golpe imobiliário. As empresas GN Max e Minelle Planejamento também são réus nos processos.

Cerca de 61 vítimas apontam o ex-secretário como o coordenador do golpe que vendia lotes de programas habitacionais, uma vez que participava de reuniões sindicais em que divulgava o programa. A polícia acredita que mais de 200 pessoas tenham sido lesadas.

O MP aguarda informações da Prefeitura sobre o contrato com as empresas. A assessoria de imprensa de Leonel Damo informou que o prefeito não vai se pronunciar por entender que os secretários têm autonomia. Ovando também não se pronunciou sobre o assunto.

Por Paula Cristina - ABCD Maior
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