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DATA DA PUBLICAÇÃO 22/09/2015 | Cidade
Família relata maus-tratos na UTI da Santa Casa de Mauá
Família relata maus-tratos na UTI da Santa Casa de Mauá Zelinda Jardim (na cama) voltou para casa cheia de feridas pelo corpo; 'Ela geme de dor dia e noite', diz a filha Guiomar. Foto: Andris Bovo
Zelinda Jardim (na cama) voltou para casa cheia de feridas pelo corpo; 'Ela geme de dor dia e noite', diz a filha Guiomar. Foto: Andris Bovo
‘Me largaram em cima de uma cama. Para eles eu era pior do que lixo’, afirma idosa; hospital nega

Há seis anos, quando os filhos de Zelinda Pereira Jardim, 77 anos, decidiram pagar um plano de saúde para ela, imaginavam que a idosa teria acesso a um atendimento médico melhor e mais rápido. No entanto, o quadro foi bem diferente do esperado quando a idosa ficou internada, devido a uma pneumonia, de maio a setembro deste ano na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Mauá, um dos locais onde o convênio atende. A idosa garante que foi vítima de maus-tratos no hospital. A Santa Casa, que mantém o convênio contratado pela família de Zelinda, nega todas as acusações.

“Me largaram em cima de uma cama. Para eles eu era pior do que lixo”, afirmou Zelinda. Desde 9 de setembro, a idosa está em casa. Foi somente aí que os filhos tiveram dimensão dos problemas que a mãe enfrentou na UTI da Santa Casa de Mauá. A moradora do Jardim Zaíra 4 voltou para casa cheia de feridas pelo corpo. As escaras são de ficar acamada, na mesma posição. A que mais chama atenção é a ferida das costas, que pega desde a região lombar até as nádegas, e é extremamente profunda. A outra atingiu o calcanhar e o dorso do pé, deixando à mostra tendões e ossos.

“Ela geme de dor dia e noite. Às vezes, quando fica insuportável, pede para que a gente chame um médico e pague para amputar o pé dela”, revelou a autônoma Guiomar Jardim Nascimento, 54 anos, filha de Zelinda.

“Nossa equipe insistia em fazer a paciente caminhar, após a alta na UTI, muitas vezes esbarrou na vontade da mesma, que se negava”, esclareceu nota da Santa Casa.

INFECÇÃO

De acordo com a família, a idosa recebeu alta porque os médicos temiam que ela pegasse uma nova infecção hospitalar. “As enfermeiras comiam dentro da UTI. Lá parecia um restaurante. Era banana, laranja. Teve até pizza e refrigerante. A UTI era cheia de mosquitos. Vimos até carrapatos”, afirmou Guiomar. Os parentes registraram um Boletim de Ocorrência no 1º DP de Mauá sobre o caso.

A Santa Casa afirmou que os funcionários realizam as refeições em uma copa existente do lado de fora da UTI e garantiu que a paciente não pegou infecção hospitalar no local. “A alta foi em razão a melhora clínica”, assegurou nota do hospital.
Para filhos, denúncia à ouvidoria não ajudou

Os filhos acreditam que, após denúncia na ouvidoria do hospital, os maus-tratos a Zelinda se intensificaram. “Sempre que íamos visitá-la, estava dopada, assim não podia falar para gente o que estava acontecendo. Nas raras vezes que conseguíamos acordá-la, ela pedia que a tirássemos de lá, se não iam matá-la. Os médicos diziam que ela estava delirante”, recordou Guiomar.

Ainda conforme os filhos, quando Zelinda pedia água, as enfermeiras a ignoravam. “De vez em quando, precisava molhar a boca da minha mãe, porque ficava seca, mas as enfermeiras se negavam”, lembrou Guiomar.

Na hora do banho, era outro tormento. Mesmo com o pé ferido, Zelinda revelou para os filhos que as enfermeiras a jogavam na cadeira e saíam batendo o pé dela nas paredes. “Achavam que ela não sairia viva de lá para contar a história. A chamavam de velha fofoqueira”, desabafou Guiomar.

De acordo com a Santa Casa, durante o período de internação houve vários episódios de agressão verbal por parte dos familiares aos funcionários. Tanto que uma enfermeira chegou a registrar boletim de ocorrência de preservação pessoal. Os parentes ainda afirmam que cortaram o cabelo de Zelinda sem autorização.

“Ela é evangélica e nunca cortava nem a ponta dos cabelos”, destacou outra filha da idosa, Maria das Dores Santos, 49 anos. A Santa Casa esclareceu que a queda de cabelos foi uma reação a medicamentos.
Médico comparou paciente a carro velho

Além dos maus-tratos da equipe de enfermagem da UTI da Santa Casa de Mauá, os filhos de Zelinda Pereira Jardim também tiveram problemas com os médicos que atenderam a idosa. Um dos médicos comparou Zelinda a um carro velho. “E quando meu irmão disse que um carro velho quando ganha peças novas fica bom, o médico disse que ninguém daria um coração novo para um velho, mas apenas para uma moça nova com filho e marido para sustentar”, disse Guiomar Nascimento, filha de Zelinda.

“Outro médico chegou a dizer que não podia fazer mais nada por minha mãe, pois já tinham investido muito nela, cerca de R$ 4 mil”, lembrou a outra filha da idosa, Maria das Dores Santos. A família paga R$ 341 por mês no plano de saúde de Zelinda e pretende processar o hospital. “Ficamos arrasadas com tudo que minha mãe passou ali”, afirmou Maria. A família tem o áudio das conversas com os médicos.

REMÉDIOS

Além dos maus-tratos, desde que teve alta do hospital, os filhos de Zelinda lutam para conseguir pagar os remédios da idosa. “São cerca de R$ 800 a cada dez dias em medicamentos. Isso fora as fraldas. Ela só ganha um salário mínimo”, destacou Maria.

“A cama dela, consegui no ferro velho do Nardini; a cadeira de banho é alugada de um asilo e a cadeira de rodas é emprestada de uma vizinha”, disse Guiomar.

Por Claudia Mayara - ABCD Maior
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