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DATA DA PUBLICAÇÃO 26/08/2008 | Cidade
Falta de remédios se agrava em Mauá
A Home Care, empresa responsável pela distribuição e gerenciamento dos medicamentos em Mauá, promete deixar de entregar os remédios a partir de sexta-feira, por falta do pagamento acordado com a Prefeitura. Os moradores que já não encontram remédios nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) correm o risco de ver a situação piorar até o fim da semana.

O imbróglio entre Prefeitura e a Home Care se agravou nos últimos três meses, com sucessivos atrasos de pagamento pelo serviço.

A dívida apontada pela Home Care e reconhecida pelo secretário de Saúde, Valdir Russo, chega hoje a cerca de R$ 4 milhões. A Prefeitura alega que tentou negociar os valores com a empresa, que optou pelo rompimento unilateral do contrato de atendimento. "Tivemos duas rodadas de negociações e eles foram intransigentes", afirma Russo.

O advogado César Caputto é o representante da empresa no caso e rebate a acusação. "O contrato terminou de fato em 29 de maio, mas prorrogamos por mais três meses na tentativa de receber aquilo que já deviam. Infelizmente, não podemos arcar com esse ônus, que na verdade vem desde março", explica. A Home Care acionou inclusive o Ministério Público para que acompanhe o caso de perto.

O secretário de Saúde afirma que seria obrigação da empresa manter o fornecimento de medicamentos até o dia 29 de agosto. Diz ainda que, muitas vezes, no serviço público, é comum haver atrasos de pagamento. "Deveria ser encarado como uma parceria, sem esse rompimento."

A Home Care garante que fez todo o possível para não penalizar a população, mantendo o fornecimento nas unidades emergenciais. "É um contrato público que está vinculado a um limite financeiro (cerca de R$ 3 milhões, pelos três meses adicionais). Não temos mais como ultrapassar isso", afirma Caputto.

A Secretaria de Saúde do município garante que, apesar dos problemas, a situação será regularizada logo após a saída da Home Care. "Faremos um contrato emergencial e garanto que as UBSs terão remédios na segunda-feira", afirma Russo.

Além dos remédios, a Home Care administra os funcionários responsáveis pelo atendimento ao público. O advogado da empresa acredita que houve um subdimensionamento naquilo que foi proposto pela Prefeitura diante da realidade do município. "Foi uma forma de tentar passar o problema adiante, e o resultado é esse que vemos agora", diz.

O acesso já precário a medicamentos da categoria sub-1, como psicotrópicos, antibióticos, diuréticos e aqueles voltados para o controle da pressão arterial pode se encerrar de vez. Corre-se até mesmo o risco de faltar remédios para o uso interno no Hospital Municipal Doutor Radamés Nardini.

As UBSs Zaíra 2 e São João, citadas pela Secretaria de Saúde do município na metade do mês como aquelas que ainda contavam com estoque razoável, estavam lotadas ontem de pessoas que voltaram para casa sem conseguir remédios como dipirona, AAS (ácido acetilsalicílico) e captopril (para controle de pressão arterial).

Moradores criticam situação precária

A população de Mauá tem sofrido com o descaso na entrega de medicamentos. As UBSs Zaíra 2 e São João, visitadas ontem pela reportagem, não têm remédios para atender aqueles que buscam ajuda.

A aposentada Jacira Pacífico Carneiro, 74 anos, sente dores no fêmur e foi ao posto de atendimento do Zaíra 2 para encontrar ajuda. Passou pelo médico e na receita estava a dipirona, medicamento indisponível na prateleira da farmácia. "Infelizmente, não tinha", afirmou.

A dona-de-casa Valdelice da Silva, 48, buscou remédios diuréticos (hidroclorotiazida) e voltou sem encontrá-los. "Procurei também o mioflex para o meu marido, mas nada de encontrar", explicou.

A pensionista Leonilda Alves Naca, 68, sofre de bronquite e, desde julho, volta para casa com as mãos abanando. "É uma doença crônica e preciso da aminofilina, que está sempre em falta", disse.

A situação na UBS São João não é diferente. Regina Silva, 40, procurou em vão por duanil, hidroclorotiazida, captopril, propanolol e dexametazona. "É um descaso total. As pessoas estão bastante revoltadas."

Na mesma unidade estava Raquel de Assis Oliveira, 21. Ela carregava a filha de dois anos e meio, que se machucou após cair de cabeça no chão de casa, e buscava diclofenaco de sódio (antiinflamatório), sem sucesso. "Cheguei de Caruaru, Pernambuco, faz oito dias. Lá, não acontecia essas coisas, não", afirmou.

Dos 433 produtos previstos no contrato entre Prefeitura e Home Care, apenas dez constavam em estoque da UBS São João.

Faltam até medicamentos de uso controlado em lista

A população de Mauá corre risco com a falta de medicamentos nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). A lista de remédios não-disponíveis aos moradores do município é extensa e vai desde analgésicos bastante comuns até drogas de uso controlado.

A categoria sub-1 compreende cerca de 90% de tudo o que é fornecido ao município e cataloga uma série de remédios extremamente poderosos, como a amitriptilina, antidepressivo que atua inclusive como bloqueador de ataques de pânico em quem sofre da síndrome.

O diazepam também está na lista, e combate males como a insônia e até mesmo a epilepsia. É utilizado ainda para reduzir a ansiedade em pacientes antes de procedimentos cirúrgicos, além de servir como relaxante muscular.

O haloperidol é outro dos remédios não encontrados nas UBSs. Ele é responsável por controlar agitação e agressividade originárias de pertubações mentais.

Além de medicamentos de uso restrito, vitaminas como ácido fólico e minerais do tipo sulfato ferroso também estão na lista.

As UBSs já não contam com antibióticos bastante comuns como amoxicilina, cefalexina e rocefin. Materiais de enfermagem como ataduras também podem faltar.

Prefeitura já comprou camisinha com sabor

Sem dinheiro para honrar o pagamento dos serviços da Home Care, a Prefeitura de Mauá chamou a atenção em maio ao comprar 10 mil preservativos nos sabores menta e chocolate, cerca de 260% mais caros do que as camisinhas comuns.

Na ocasião, a ex-secretária de Saúde do município, Sandra Regina Vieira, mulher do atual representante da Pasta e candidata a vereadora, afirmou que a compra seria justificada por atrair os jovens. "Queremos atender a esse público específico que pratica sexo oral", explicou na ocasião. Cada preservativo com sabor custou à prefeitura R$ 0,25, conta R$ 0,07 da camisinha comum.

Por William Cardoso - Diário do Grande ABC
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