DATA DA PUBLICAÇÃO 15/02/2013 | Educação
Faculdades dão orientação a calouros contra trotes violentos
Trote solidário com doação de sangue é estimulado em alunos da Universidade Metodista, no lugar de ações que vão de corte de cabelo a práticas mais violentas. Foto: arquivo
Prática para recepção de alunos é rejeitada por instituições de ensino da Região; livro detalha o porquê de práticas abusivas
Os rituais que marcam a entrada no ensino superior são aguardados por universitários nos primeiros dias do ano letivo. Os trotes aplicados por veteranos em calouros incluem desde cortes de cabelo e banhos de tinta até práticas mais violentas e abuso de álcool. Mesmo com ações promovidas pelas faculdades para recepcionar novos alunos, é fora das instituições que em geral os trotes acontecem.
O fenômeno despertou a curiosidade de professores da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), que lançaram no final do ano passado o livro “Bulindo com a Universidade: um estudo sobre o trote na Medicina”. Foram três anos de pesquisas e conversas com estudantes para tentar entender o que leva a práticas abusivas de opressão por parte dos veteranos e o que leva calouros a se submeterem ao ritual.
A professora Silmara Conchão, uma das autoras do livro, conta que muitas vezes os novatos participam do trote pela necessidade de fazer parte do grupo. “O trote é uma ferramenta que sustenta o bullying na faculdade e todo início de ano aparecem exemplos dessas práticas abusivas. Nas conversas que tivemos com os alunos muitos chegavam a chorar quando se lembravam da experiência”, afirmou.
Projeto de lei - Em 2009 a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que proíbe a realização de trotes que ofendam a integridade física, moral ou psicológica dos novos alunos e determina que a instituição de ensino abra processo disciplinar contra alunos que realizem tais atos. No entanto, a medida está desde então parada no Senado e não há sequer previsão para que a propositura seja votada.
Trote solidário é opção para o ritual
Sem lei específica sobre o assunto, instituições de ensino superior do ABCD realizam os chamados trotes solidários para promover a integração dos novatos. Caso da Universidade Metodista, que, além de intensificar a campanha contra o trote nesta época do ano, estimula os alunos a participarem de ações como doação de sangue.
Outras faculdades adotam calendários diferenciados para a volta às aulas de calouros e veteranos, como o Instituto Mauá de Tecnologia. A mesma prática é seguida pelo Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), onde calouros são recepcionados antes do início das aulas e são orientados sobre o trote.
“O que está dentro do campus é nossa responsabilidade, mas fora não temos muita possibilidade de ação. Nós cuidamos do nosso portão para dentro e orientamos para que os estudantes não participem dessas práticas. Avisamos também que eles não podem ser coagidos a nada”, explicou Rivana Basso Sabbre Marino, vice-reitora de extensão e atividades comunitárias da FEI.
Recém-aprovada no curso de Ciências Contábeis na Fundação Santo André, Débora Cristina Mabelini, 19 anos, não tem interesse em participar do trote em sua primeira semana de aula. “Nunca tive curiosidade e prefiro não participar. Espero que respeitem a minha decisão”, afirmou a universitária.
Os rituais que marcam a entrada no ensino superior são aguardados por universitários nos primeiros dias do ano letivo. Os trotes aplicados por veteranos em calouros incluem desde cortes de cabelo e banhos de tinta até práticas mais violentas e abuso de álcool. Mesmo com ações promovidas pelas faculdades para recepcionar novos alunos, é fora das instituições que em geral os trotes acontecem.
O fenômeno despertou a curiosidade de professores da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), que lançaram no final do ano passado o livro “Bulindo com a Universidade: um estudo sobre o trote na Medicina”. Foram três anos de pesquisas e conversas com estudantes para tentar entender o que leva a práticas abusivas de opressão por parte dos veteranos e o que leva calouros a se submeterem ao ritual.
A professora Silmara Conchão, uma das autoras do livro, conta que muitas vezes os novatos participam do trote pela necessidade de fazer parte do grupo. “O trote é uma ferramenta que sustenta o bullying na faculdade e todo início de ano aparecem exemplos dessas práticas abusivas. Nas conversas que tivemos com os alunos muitos chegavam a chorar quando se lembravam da experiência”, afirmou.
Projeto de lei - Em 2009 a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que proíbe a realização de trotes que ofendam a integridade física, moral ou psicológica dos novos alunos e determina que a instituição de ensino abra processo disciplinar contra alunos que realizem tais atos. No entanto, a medida está desde então parada no Senado e não há sequer previsão para que a propositura seja votada.
Trote solidário é opção para o ritual
Sem lei específica sobre o assunto, instituições de ensino superior do ABCD realizam os chamados trotes solidários para promover a integração dos novatos. Caso da Universidade Metodista, que, além de intensificar a campanha contra o trote nesta época do ano, estimula os alunos a participarem de ações como doação de sangue.
Outras faculdades adotam calendários diferenciados para a volta às aulas de calouros e veteranos, como o Instituto Mauá de Tecnologia. A mesma prática é seguida pelo Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), onde calouros são recepcionados antes do início das aulas e são orientados sobre o trote.
“O que está dentro do campus é nossa responsabilidade, mas fora não temos muita possibilidade de ação. Nós cuidamos do nosso portão para dentro e orientamos para que os estudantes não participem dessas práticas. Avisamos também que eles não podem ser coagidos a nada”, explicou Rivana Basso Sabbre Marino, vice-reitora de extensão e atividades comunitárias da FEI.
Recém-aprovada no curso de Ciências Contábeis na Fundação Santo André, Débora Cristina Mabelini, 19 anos, não tem interesse em participar do trote em sua primeira semana de aula. “Nunca tive curiosidade e prefiro não participar. Espero que respeitem a minha decisão”, afirmou a universitária.
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