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DATA DA PUBLICAÇÃO 05/07/2009 | Geral
Estado quer Rodoanel pronto em 2014
Maior obra viária em andamento na América Latina, o Rodoanel deverá ser totalmente concluído em 2014, interligando 10 das principais estradas que ligam o interior à Região Metropolitana de São Paulo. É o que prevê o secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, para quem o novo complexo viário que circunda a capital desatará o nó do transporte urbano na ‘macrometrópole''.

Em entrevista, Arce fala da antecipação do prazo de entrega do Trecho Sul (que corta o Grande ABC), orçado em R$ 4,18 bilhões, e do desafio de licitar e deixar prontos os projetos dos trechos Leste e Norte até o final da gestão do governador José Serra (PSDB) em 2010.

"A decisão do governo é que a gente viabilize o Trecho Leste e o Trecho Norte. Seria possível, se os futuros governantes ajudarem, terminar o Rodoanel inteiro, que são 170 quilômetros, até 2014, para a Copa do Mundo", diz o secretário.

Com a sua conclusão, serão interligadas as rodovias Castelo Branco, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, Anchieta, Imigrantes, Ayrton Senna, Dutra, Fernão Dias, Anhanguera e Bandeirantes aliviando o tráfego pelas marginais do Tietê e Pinheiros e facilitando o escoamento de produção e o deslocamento para o Litoral.

O titular da pasta dos Transportes defende os pedágios e os programas de concessões como forma de assegurar recursos para a manutenção e expansão da malha viária. Para ele, a cobrança é um mecanismo que faz "justiça fiscal".

"Quem paga tudo é o Estado. Nós pagamos as contas. Se eu não pago como usuário, pago como contribuinte. Aí eu pergunto: o camarada que mora em Piquerobi, lá perto de Presidente Prudente, nunca viu o mar, por que tem de pagar para ir a Santos?"

Arce assegura ainda que todas as estradas vicinais paulistas serão contempladas no programa de recuperação de 12 mil quilômetros lançado pela secretaria. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

APJ - Qual o impacto da conclusão do Rodoanel, em seu Trecho Sul, especialmente para o acesso do motorista que vai Interior ao Litoral e para o escoamento de produção via Porto de Santos?
MAURO ARCE - É um marco. O Rodoanel está sendo construído em partes. Quando o governo terminou, em 2002, o Trecho Oeste, ligando as rodovias Castelo Branco, Raposo Tavares e Régis Bittencourt as pessoas deixaram de congestionar avenidas aqui de São Paulo e a gente já viu, então, um grande efeito. O segundo efeito se dará agora, quando se concluirá o Trecho Sul. Estamos agregando estas estradas que já citei a mais duas importantes: Anchieta e Imigrantes.

APJ - O cronograma do Trecho Sul será realmente antecipado? A entrega ocorre este ano?
ARCE - O Trecho Sul tinha um cronograma que ia terminar no final de 2010. Foi feita uma mudança no contrato e esta data foi antecipada para 27 de março de 2010. O que estamos procurando é uma antecipação maior. Mas mesmo que terminássemos em março já seria uma antecipação de quase nove meses em relação ao cronograma original.

APJ - O Rodoanel, em toda sua extensão, tem prazo de conclusão?
ARCE - O governador José Serra, é claro, não vai terminar no mandato dele. Mas a decisão dele é que a gente viabilize o Trecho Leste e o Trecho Norte. Seria possível, se os futuros governantes ajudarem, terminar o rodoanel inteiro, que são 170 km, até 2014, para a Copa do Mundo.

APJ - O Trecho Norte tem fortes implicações ambientais, por causa da serra...
ARCE - O Trecho Norte é a continuação do Leste, mas você entra na Serra da Cantareira. Nós não vamos passar no meio da serra, vamos levar em conta a questão ambiental, como temos feito no Sul, de preservação. Para não afetar o meio ambiente tem de fazer muitos túneis, viadutos.

APJ - O Rodoanel é a maior obra em andamento na América Latina. Qual a responsabilidade de comandar a execução de uma obra deste porte?
ARCE - É uma obra extremamente complexa pelo envolvimento ambiental, pois passa pelas represas Billings e Guarapiranga, responsáveis por 50% do abastecimento de água da Região Metropolitana. Envolve muito cuidado em relação a isso. Estamos fazendo vários parques, alguns que a população vai poder usar. Outros parques simplesmente para preservar a Mata Atlântica. Diria que se o Rodoanel tivesse sido feito antes, talvez a gente não tivesse tido tanta invasão, ocupações irregulares. A outra dificuldade é que havia a obra, mas, do ponto de vista dos recursos, quando o governador assumiu, estavam previstos apenas R$ 250 milhões do Estado. Se contássemos só com este dinheiro, demoraríamos 15 anos para terminar. Então, houve um esforço muito grande. O governador saiu à frente para buscar recursos. Os recursos vieram não da venda da Nossa Caixa, mas da venda da folha de pagamento dos servidores. Daquele pacote, R$ 1 bilhão veio para o Rodoanel. Mas a concessão do Trecho Oeste nos rendeu R$ 2 bilhões, divididos em 24 parcelas. E mais a participação do governo federal.

APJ - E há recursos do PAC?
ARCE - Esta obra entrou como obra do PAC, inclusive, com repasse R$ 1,2 bilhão, dividido em R$ 300 milhões por ano. O governador já conversou com o presidente Lula e já que vamos antecipar, o governo federal vai antecipar este pagamento. Eu diria que o governo federal está cumprindo o prazo, está pagando normalmente. É um valor importante, fundamental para que a gente possa concluir a obra.

APJ - A obra do Rodoanel atinge regiões de mata atlântica. É uma obra que desmata, que agride o ambiente?
ARCE - Em termos de compensação ambiental, a gente está oferecendo a mais em relação ao que está sendo retirado. Primeiro, porque tem muito eucalipto sendo retirado de lá, que é uma planta exótica, não é mata atlântica virgem, já foi bastante modificada. Temos 26 programas ambientais, tem parques. Tem parque no Embu e em Itapecerica que tinha até criação de porcos. É mito dizer que lá é uma região virgem. Há uma grande quantidade de invasões por lá.

APJ - E a perspectiva de construções no entorno, não pode representar risco?
ARCE - É uma das coisas que se fala: ‘Eu vou fazer uma estrada e vai aparecer um monte de gente morando perto''. O resultado no Trecho Oeste é que o adensamento foi muito menor do que se esperava. E, no Sul, não adianta a pessoa querer ir morar lá porque ele tem poucas entradas. Ou ele entra pela Anchieta ou pela Imigrantes, ou Mauá e na Régis. ‘Ah, eu vou abrir uma fábrica no Rodoanel''. Pode até abrir, mas não vai ter entrada, só nestes quatros pontos.

APJ - É uma estrada de características diferentes?
ARCE - Tem estradas, como a via Dutra, por exemplo, que são avenidas. A ideia é que o Rodoanel não tenha esta característica. Não é fácil manter isso. O conceito é o seguinte: quero abrir um posto lá. Não vai ter posto no Rodoanel. Começa por aí, depois do posto, o sujeito já faz uma churrascaria e vai por aí. Isso não vai acontecer lá.

APJ - Os pedágios no Rodoanel também teriam esta meta de limitar o fluxo?
ARCE - Os pedágios, de alguma forma, ajudam neste disciplinamento.

APJ - É senso comum dizer que as estradas paulistas são boas por causa do pedágio, que é caro. A qualidade da malha está diretamente ligada ao que se paga para trafegar?
ARCE - O pedágio de São Paulo não é só para a estrada em que você está andando. Estamos recuperando 12 mil quilômetros de rodovias municipais. Estamos recuperando 300 acessos, ampliando estradas, as estaduais, as SPs, com este recurso. Aí você diz: ‘mas já existe o IPVA''. Eu respondo: ele chama-se imposto sobre a propriedade de veículos, portanto, não é para andar, é para ter o carro. E parte deste imposto, 50%, vai para o município também.

APJ - Como o senhor avalia as comparações com as recentes concessões federais, que têm menores tarifas?
ARCE - Quando se compara com a concessão federal, é um modelo totalmente diferente e o momento é diferente também. Há 11 anos, quando foi feita a concessão do sistema Anchieta-Imigrantes, não apareceu ninguém. Quando foi feita a Dutra, apareceu um consórcio formado por construtores de estradas, que tinham uma reserva de mercado. Hoje, você tem uma competição. Foi o caso da rodovia Ayrton Senna, em que houve redução do preço cobrado no pedágio.

Por Fábio Zambeli - Diário Online / APJ
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