NOTÍCIA ANTERIOR
Compras de Carnaval ficam para última hora e surpreendem lojistas
PRÓXIMA NOTÍCIA
Ano é de ajustes para autopeças, diante de queda na demanda
DATA DA PUBLICAÇÃO 15/02/2015 | Economia
Estabelecimentos adotam medidas para enfrentar falta de água
Estabelecimentos adotam medidas para enfrentar falta de água Foto: Celso Luiz/DGABC
Foto: Celso Luiz/DGABC
Quem costuma fazer refeições em bares e restaurantes da região já deve ter se deparado com novos costumes em relação ao consumo de água. Utensílios descartáveis, redutores de pressão nas torneiras, uso de máquinas de lavar e até aproveitamento da água da chuva fazem parte das atitudes que estabelecimentos passaram a adotar para não serem pegos desprevenidos pela falta de água. A adesão a essas medidas já permitiu economia de até 30% no consumo.

De acordo com o presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC), Roberto Moreira, são diversos os empreendimentos que estão tomando medidas preventivas contra a seca. “A maioria dos lugares tende a se adaptar nesse cenário de economia. Mesmo que a situação hídrica se normalize, é possível que os novos métodos, que vêm sendo utilizados desde outubro, tornem-se permanentes.”

O restaurante 7 Mares, de São Caetano, vem tomando algumas providências que têm reduzido em até 30% o consumo de água do estabelecimento especializado em frutos do mar. Conforme conta o proprietário, Simon Talcin Meto, as torneiras têm redutores de pressão, a água da chuva está sendo reutilizada para a lavagem das áreas comuns e ele apostou em máquinas de lavar. “Estamos nos adequando. O investimento vale a pena. Já notei diferença na conta desde que adotamos esses hábitos.”

O bar Giramundo, em São Bernardo, também se adaptou para enfrentar a crise hídrica. Além de diminuir a vazão das torneiras, o gerente Osvaldo Valério conta que foi instalada calha que coleta água da chuva para ser utilizada nas descargas dos sanitários e na limpeza do chão do local. Outra mudança foi a adoção de utensílios descartáveis. A economia no consumo já chega a 20%.

Outro estabelecimento que lançou mão de copos descartáveis para servir sucos e refrigerantes foi a padaria Bella Vitória, de Santo André. “Mais de 3.000 copos eram lavados toda semana. Com a nova medida economizamos muito”, afirma o gerente Leandro Souza. A padaria também ampliou o reservatório de água para um de 10 mil litros – 4.000 a mais do que anteriormente –, e foram instalados redutores de pressão em todas as torneiras da unidade. “Com os ajustes feitos desde o mês passado para reduzir o consumo de água, já percebemos 15% de economia em relação a dezembro, e pretendemos aumentar esse percentual.”

No restaurante Picanha de Ouro, em São Bernardo, foi instalada uma caixa-d’água reserva para, em caso de possível seca, ser abastecida por meio de um caminhão-pipa. O supervisor Edvaldo Martins Batista destaca que também há minimizadores de volume nas torneiras.

Em todos os estabelecimentos, há um trabalho geral de conscientização dos funcionários para que seja evitado o desperdício. E, de acordo com os gerentes, o retorno do público ao se deparar com as alternativas econômicas também é positivo. “Não tivemos reclamação. Pelo contrário, as pessoas ficam empolgadas por verem que também estamos colaborando”, comenta Souza.

ALTO PADRÃO - Quem atende a um público mais sofisticado também teme a falta de água. Apesar de as medidas serem menos aparentes, os proprietários estão tomando providências significativas. No restaurante Fonte Leone e no Boteco Maria, ambos pertencentes ao empresário José Miranda e situados em Santo André, ações básicas já estão em prática, como a diminuição da vazão da água nas torneiras e a reutilização da água da chuva para higienização do espaço. “Caso a coisa fique pior, pretendemos substituir as torneiras dos banheiros por álcool em gel. E, em último caso, utilizar copo descartável”, afirma Miranda.

IMPACTO NO PREÇO - Gerentes e proprietários de bares e restaurantes do Grande ABC não pensam em repassar nos preços ao consumidor o desembolso realizado com os investimentos para promover economia de água.

O presidente do Sehal afirma que não há como precisar esse valor para que seja cobrado do cliente. “Essa economia faz parte do negócio, em pouco tempo o restante dos empreendimentos irá se adaptar com os novos costumes também.”

Para o gerente da Bella Vitória, apesar de o gasto com equipamentos para reduzir o consumo ter sido significativo, a economia ainda compensa. “Os redutores de pressão saíram por cerca de R$ 8.000. Os copos custam em torno de R$ 0,20, mas a diminuição do consumo vale a pena por ser superior ao investimento.”

Fornecedora de refeições a hospitais reduz consumo em 40%

Com o racionamento de água em várias regiões das sete cidades, a empresa alimentícia Apetece, de São Caetano, responsável pela produção de 12 mil refeições por dia para hospitais e indústrias, também implementou novos hábitos para lidar com a situação.

O diretor-geral Luis Ricardo Botelho comenta que a companhia teve os setores econômico e financeiro impactados com a crise hídrica. “Mudamos nossos costumes desde outubro, o que significou grande diminuição no consumo de água, de energia e de mão de obra”, diz, referindo-se à mecanização da higienização dos pratos, copos e talheres que, em contrapartida, gerou economia de cerca de 40%, e também à lavagem de alimentos de hortifrúti – em vez de lavados em tanques, verduras, legumes e frutas começaram a ser limpos em máquinas –, o que reduziu pela metade a quantidade de água utilizada.

Além disso, a empresa investiu em campanhas internas contra o desperdício, criando sistema operacional que controla semanalmente o consumo de água, e também maximizou o aproveitamento do poço artesiano que a firma possui.

Porém, mesmo com o investimento em mudanças, foi percebido aumento significativo das vendas de refeições. “Com a restrição de água em muitas indústrias, a procura pela terceirização no setor de alimentação cresceu bastante, o que nos deu lucro que cobre os nossos gastos”, revela Botelho. O preço dos produtos não sofreu reajuste. “A ideia é equacionar um problema para garantir a sobrevivência do negócio, mesmo com a crise de água.”

Por Marina Teodoro - Especial para o Diário
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Gerais - Clique Aqui
As últimas | Economia
25/09/2018 | Operação mira sonegação de R$ 100 mi de grupos cervejeiros e cerca Proibida
25/09/2018 | Greve na Argentina cancela voos no Brasil nesta terça-feira
25/09/2018 | Demanda por GNV aumenta até 350% após alta na gasolina
As mais lidas de Economia
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7718 dias no ar.