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DATA DA PUBLICAÇÃO 23/09/2015 | Economia
Dólar supera R$ 4 pela primeira vez na história
Dólar supera R$ 4 pela primeira vez na história Foto de divulgação
Foto de divulgação
O dólar superou ontem, pela primeira vez na história, a marca dos R$ 4, pela cotação do câmbio comercial. Sob o efeito de incertezas políticas e econômicas no Brasil, e da expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos, a moeda norte-americana fechou o dia valendo R$ 4,05. Desde o Plano Real, em 1994, no governo Itamar Franco, não se atingia R$ 4. Em 10 de outubro de 2002, véspera de eleição à Presidência da República vencida pela primeira vez por Luiz Inácio Lula da Silva, a moeda chegou, ao longo do dia, a passar esse patamar, mas, no fechamento, ficou em R$ 3,99.

É importante ressaltar que os R$ 4 de 13 anos atrás, levando em conta a inflação do período até hoje, seriam pelo menos R$ 5, observa o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. Apesar disso, não deve ser algo pontual. “Não é espasmódico, é um pico mais duradouro, veio para ficar”, avalia.

A disparada da dólar, que se valorizou 60% neste ano – começou 2015 a R$ 2,65 –, tem relação, entre outros fatores, com as dificuldades de aprovação de medidas para equilibrar as contas públicas, segundo os economistas ouvidos pelo Diário. “Há preocupação com a governabilidade e não há sinais de que o governo conseguirá aprovar o pacote do ajuste fiscal”, diz o professor Rodolfo Olivo, da FIA (Fundação Instituto de Administração). “Não se sabe se a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) será aprovada, se a reforma ministerial vai sair, tudo isso causa uma expectativa pessimista”, observa o delegado do Corecon (Conselho Regional de Economia) no Grande ABC, Leonel Tinoco.

Esse cenário ruim no mercado interno, que ganhou impulso com a perda do grau de investimento (espécie de selo de bom pagador) do País pela agência internacional Standard & Poor’s, se soma à conjuntura externa. Isso porque há a valorização do dólar também lá fora, e a expectativa de alta dos juros pelo Banco Central norte-americano. Ambos os fatores colaboram para a saída de investidores do Brasil, puxando o câmbio para cima – os estrangeiros que saem vendem ações e títulos e compram dólares, o que pressiona a demanda pela moeda norte-americana. Porém, a situação pode piorar, ou seja, o dólar pode subir ainda mais nos próximos meses. Isso porque, se as duas agências internacionais (Fitch e Moody’s) que ainda mantêm o grau de investimento ao governo brasileiro também mudarem suas notas, isso trará mais fuga de capitais. Balistiero acrescenta que 52% do total aplicado na Bovespa ainda provém do Exterior. Além disso, se a taxa básica de juros subir nos Estados Unidos, isso também trará impacto negativo no mercado acionário, observa o economista Celso Grisi, presidente do Instituto Fractal.

EFEITOS - O novo patamar do dólar deve causar diversos efeitos. Um deles é a perda de posição no ranking das maiores economias do mundo em 2016. Levantamento da consultoria Austin Rating aponta que, com a valorização cambial, o Brasil deve cair da oitava para a nona posição mundial, perdendo o posto para o Canadá. Isso porque, como o PIB (Produto Interno Bruto) é convertido em dólares para a comparação com outros países, o câmbio vai diminuir o montante e gerar esse impacto, explica o economista-chefe da Austin, Alex Agostini.

Na inflação, pelo menos no curto prazo, ou seja, neste ano, não deve ser sentido o impacto, apesar de o custo de produtos e insumos importados subir. Isso porque o consumo está retraído. No entanto, deve refletir no IPA (Índice de Preços no Atacado), que compõe o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado). “Se o dólar continuar alto, terá reflexo, embora a importação esteja caindo”, diz Tinoco. “Deve impactar no início do ano que vem, com a queda mais lenta da inflação”, avalia Olivo. Haverá, no entanto, efeitos imediatos sobre as compras de itens no Exterior e sobre as viagens internacionais – leia abaixo.

BENÉFICO - Há quem possa se beneficiar do dólar em alta: os exportadores. “Melhoram as exportações e deixamos de importar muita coisa, o que é bom para a balança comercial”, afirma Grisi.

Porém, para a economia brasileira como um todo, a melhora das vendas ao Exterior não é suficiente para compensar a retração no mercado. “A exportação não é nem 10% do PIB, tem efeito pequeno”, pondera o professor da FIA.

Turistas encurtam viagem ou mudam para destino nacional

Para muita gente que pensava em viajar ao Exterior nos próximos meses, a disparada do dólar está sendo uma ducha de água fria. Agências de turismo da região detectam o aumento da procura por pacotes de viagens nacionais. No caso da andreense CVC, tradicionalmente os passeios pelo País compunham 60% da demanda, mas, neste ano, já representam 65% das preferências dos clientes, devendo chegar a 70% até o fim do ano.

Porém, a própria CVC assinala que muitos consumidores que já se programaram para ir ao Exterior não deixam de efetivar a compra de pacotes, mas procuram adequar seus planos, priorizando períodos mais curtos (e mais econômicos) e com opções de hospedagem em hotéis e resorts com sistema ‘tudo incluído’, o que elimina gastos extras no destino com alimentação.

Na RC Viagens, também em Santo André, o gerente de vendas William Gibini cita que outro fator ajuda quem pensa em ir ao ao Exterior. A passagem aérea, por causa da queda da cotação internacional do petróleo, não teve elevação neste ano. “O que as pessoas estão fazendo é reduzindo, de 15 para dez dias, ou uma semana. Na ponta do lápis, o que vai pesar é o custo do que não está incluso, as compras, por exemplo, para quem costumava gastar com o dólar a R$ 2,50, agora com R$ 4,20 assusta”, afirma.

Ontem, em casas de câmbio com filiais na região, o dólar turismo já era encontrado de R$ 4,22 até R$ 4,31, para a compra da moeda norte-americana em espécie, e se a pessoa for adquirir o cartão pré-pago, o valor sobe para até R$ 4,51 – nessa modalidade incidem 6,38% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), enquanto no papel é 0,38%.

Para quem não pretende desistir de viajar, outra alternativa são os cruzeiros, em que as operadoras estão fazendo promoções de câmbio reduzido. “Toda a alimentação já está incluída para o passageiro e dá para parcelar a viagem em até dez vezes sem juros”, diz Gibini.


Por Leone Farias - Diário do Grande ABC
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