NOTÍCIA ANTERIOR
Jotão afina parceria do PSDB com Donisete
PRÓXIMA NOTÍCIA
Mauá terá dois campos de futebol com grama sintética
DATA DA PUBLICAÇÃO 12/05/2013 | Cidade
Desorganização marca o transporte de Mauá
Desorganização marca o transporte de Mauá Foto: Divulgação - Diário Online
Foto: Divulgação - Diário Online
O sistema de transporte municipal de Mauá é marcado pela desorganização e falta de planejamento. Quem depende dos ônibus para se deslocar tem de se acostumar com longos períodos de espera, superlotação e má qualidade do serviço prestado. Apesar da precariedade, a tarifa teve aumento de 13,8% no fim de 2012, passando de R$ 2,90 para R$ 3,30.

A falta de investimentos e o descaso com que as concessionárias atuam refletem as diversas irregularidades no sistema. Ontem, o Diário revelou que as viações Cidade de Mauá e Leblon serão multadas por fraude no sistema eletrônico responsável pelo controle da bilhetagem e alterações em valores e números de viagens realizadas. A soma total das punições chega a R$ 24,2 milhões. A Prefeitura considera a falta grave e já cogita nova licitação.

Durante a semana, a equipe de reportagem testou várias linhas da cidade e constatou série de problemas, a começar pelos itinerários. Todas as linhas municipais passam pelo Terminal Central, que já está sobrecarregado. Com isso, as plataformas da estação ficam completamente lotadas nos horários de pico. A maioria dos ônibus sai de lá com passageiros nas escadas, sem que fiscais da Prefeitura ou das empresas impeçam a partida.

Nos bairros de periferia, a maior parte das paradas é sinalizada apenas por postes ou pedaços de madeira - sem abrigos cobertos. Não há qualquer informação sobre as linhas que atendem o local ou o trajeto percorrido. Na Rua Alfredo Figlia, no Jardim Esperança, os ônibus passam sempre no mesmo lado da via, independentemente do sentido de viagem. No entanto, existem indicações de parada nos dois lados da rua. A linha que atende o bairro é a 133 (Centro-Esperança).

A escolha do tipo de veículo para cada região também é inadequada. No Jardim Feital, por exemplo, ônibus convencionais percorrem as ruas estreitas e em aclive. Motoristas têm dificuldade para fazer o trajeto, com risco de colisões contra residências ou automóveis estacionados. Especialistas consideram que, para esses casos, o ideal é que a viagem seja feita por micro-ônibus, com conexão para coletivos comuns ou articulados após a chegada em vias de maior porte.

Na Viação Cidade de Mauá, problema peculiar é o mau estado de conservação da frota e a idade avançada dos veículos. Além do desconforto e da poluição, existe o risco de acidentes por conta do desgaste de peças. Na Leblon, os coletivos são menos deteriorados, já que todos os ônibus foram adquiridos zero-quilômetro em 2010, quando a empresa iniciou a operação do Lote 2.

A companhia atua sob liminar, enquanto a Justiça não emite decisão definitiva sobre a licitação do serviço, lançada em 2008. A Estrela de Mauá contesta o resultado e já chegou a operar os itinerários em conjunto com a Leblon, no fim do ano passado.

Superlotação e demora estão entre principais reclamações

A superlotação e o longo intervalo entre os coletivos são as principais queixas dos passageiros do sistema de ônibus municipal de Mauá. Para suprir a demanda, usuários pedem que as empresas coloquem mais veículos em circulação nas ruas.

"As viagens nunca partem no horário certo. O número de pessoas é tão grande que, às vezes, não conseguimos embarcar. É necessário esperar o próximo ônibus", relata o balanceiro Antônio Cézio, 48 anos.

A Leblon disponibiliza pela internet tabela com horários de partidas. O Diário constatou que, nos picos, os atrasos existem, mas costumam ser de, no máximo, dez minutos.

Já a Viação Cidade de Mauá não divulga a grade, mas, em algumas linhas, o atraso chega a meia hora, mesmo nos momentos de maior demanda. A observação foi feita na Linha 133 (Centro-Esperança). "Se tivessem mais ônibus, não teria tanta lotação. É comum termos que sair mais cedo de casa para evitar atraso", comenta a autônoma Dalva Buriola, 34.

O operador Sérgio Adriano Alves, 39, já se acostumou a abrir mão do conforto. "Nunca dá para ir sentado. Nem tento mais procurar lugar", lamenta.

Em nota, a Leblon informa que fiscaliza os horários por meio de sistema de GPS. "A empresa age prontamente quando detecta situações que podem acarretar em atrasos", diz a companhia. Representantes da Viação Cidade de Mauá não foram encontrados para comentar o assunto.

O descumprimento de itinerários também é prática comum. Na quinta-feira, a equipe de reportagem embarcou na Linha 142 (Jardim Luzitano), que deveria fazer integração gratuita com o Circular Chácaras. O motorista, no entanto, não foi ao ponto final e disse aos passageiros que, se quisessem fazer a baldeação, deveriam caminhar por cerca de 600 metros até o ponto. A Leblon, que opera o trajeto, reconhece que houve erro de procedimento e que o condutor foi advertido.

Nos terminais, a situação também é caótica. A estação do Centro é pequena para toda a demanda. Ônibus dividem espaços com pedestres, sem a existência de barreira para evitar a travessia em locais inadequados. É comum ver motoristas parando fora da plataforma para embarque e desembarque, o que provoca congestionamento dentro do equipamento. O banheiro está praticamente abandonado. Nas cabines privativas, cuja porta tem altura de apenas 1,40 m, não há assentos nos vasos sanitários. Na quinta-feira, não havia papel higiênico e as descargas estavam quebradas. Além do mau cheiro, não havia sabonete à disposição na pia.

O Terminal Itapeva também é pequeno. Lá, a falta de iluminação e a sujeira são os principais problemas. O Terminal Zaíra, aberto em 2011, tem melhor estado de conservação, mas tem espaço inferior ao necessário. A Prefeitura estuda reforma do Terminal Central e construção de outras estações.

A análise do transporte de Mauá integra série que o Diário inicia hoje, com raio X do transporte público do Grande ABC. No próximo domingo, o sistema público de outra cidade será avaliado.

Prefeitura admite hipótese de refazer licitação do serviço

O prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT), reuniu-se no mês passado com os secretários de Mobilidade Urbana, governo e Assuntos Jurídicos para buscar soluções para os problemas apontados. "A população trabalhadora de Mauá paga uma tarifa cara e merece transporte digno", diz a Prefeitura, por meio de nota. O Executivo alerta que, se necessário, poderá, inclusive, promover nova licitação para a concessão do serviço. "Até agora, a administração optou pelo diálogo."

Apenas neste ano, a Viação Cidade de Mauá, operadora do Lote 1, recebeu 300 notificações de multa. Não foi informado o total de autuações aplicadas contra a Leblon. A Prefeitura diz apenas que a empresa "não apresenta descumprimento de horários passível de multa de acordo com a legislação".

Para diminuir a sobrecarga no Terminal Central, o Executivo planeja reformar a estação. A obra está orçada em R$ 950 mil. Também é estudada a construção de outro terminal no Centro, para que as linhas sejam divididas por região atendida. Ainda não há previsão de quando os projetos irão sair do papel. Também é avaliada a criação de estações nos bairros Zaíra, Itapeva e Maringá. Além disso, serão aplicados R$ 11 milhões, por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para corredores de ônibus.

Em relação aos pontos de parada, a Prefeitura diz que está buscando a iniciativa privada para a doação de abrigos em troca do uso do espaço para publicidade.

A Leblon afirma que iniciou a instalação de sistema computadorizado para monitorar, em tempo real, a forma como o motorista dirige. O objetivo é coibir excesso de velocidade, bem como manobras bruscas - freadas e curvas, por exemplo. Para evitar superlotação, a companhia garante que reforça a frota nos horários de pico. A empresa afirma ainda que já providenciou a compra de novos veículos para absorver a demanda. Não foi dito, no entanto, quando os coletivos entrarão em operação na cidade.

Representantes da Viação Cidade de Mauá foram procurados pelo Diário ao longo da semana passada, mas ninguém foi localizado até o fechamento desta edição.

Por Fábio Munhoz- Diário do Grande ABC
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Setecidades - Clique Aqui
As últimas | Cidade
06/04/2020 | Atualização 06/04/2020 do avanço Coronavírus na região do ABC Paulista
03/02/2020 | Com um caso em Santo André, São Paulo monitora sete casos suspeitos de Coronavírus
25/09/2018 | TIM inaugura sua primeira loja em Mauá no modelo digital
As mais lidas de Cidade
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7711 dias no ar.