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DATA DA PUBLICAÇÃO 28/11/2010 | Cidade
Dersa pressiona morador a deixar casas
Inaugurada em 16 de outubro, a intervenção viária que estendeu a avenida Jacu-Pêssego e a interligou com a Papa João 23, em Mauá, continua trazendo transtorno e incertezas aos moradores do Jardim Oratório. Cerca de 150 famílias que já deveriam ter deixado o local tiveram as casas interditadas pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) e moram agora em meio aos escombros de casas vizinhas. A companhia do governo do Estado é responsável pela obra. Após a obra, problemas antigos do núcleo, como esgoto a céu aberto, inundações, lixo espalhado pelas ruas e fornecimento precário de água e energia, pioraram.

Para marcar os locais onde as famílias deveriam ser removidas, a Dersa dividiu a área em setores e selou as casas. Há setores, como 16, 23 e 34, onde apenas uma casa está de pé e com a família vivendo ilhada. A casa vizinha ao do segurança José Magno do Silva, 22 anos, foi desapropriada, mas não foi totalmente demolida, e partes da construção estão cedendo aos poucos. “Hoje (24/11) caiu a laje, amanhã pode cair a parede que é colada na minha casa”, afirma Silva, que negociou com a Dersa R$ 23,5 mil como indenização em julho deste ano e nunca mais foi procurado para assinar o laudo e receber o valor.

A obra de extensão da Jacu-Pêssego faz a ligação da zona Leste da Capital com o trecho Sul do Rodoanel, e faz parte do conjunto de obras complementares do anel viário. Mais de um mês após a inauguração, máquinas e operários da Dersa ainda trabalham no Oratório.

O desempregado José Lacerda passa por situação não menos dramática. Após as obras, o esgoto passou a voltar pelo vaso sanitário e bueiros, e o corte de energia é constante. “Esses dias minhas filhas acordaram gritando porque tinha ratos em cima delas. Eles (a Dersa) estouraram todos os canos e ninguém fez nada.” Lacerda teve a casa selada e o valor de indenização negociado, mas não é procurado pelas assistentes sociais há quatro meses.

Para a presidente da associação Amigos do Jardim Oratório, Vânia Maria Buré, as condições em que as famílias foram deixadas e a indisposição do governo do Estado em resolver os problemas são maneiras de pressionar aqueles que tentaram negociar melhores indenizações a deixarem o local depressa e a qualquer preço.

“Quem ficou é quem não aceitou o primeiro valor oferecido e que não morava exatamente por onde passa hoje a pista. Hoje o que vemos são famílias que estão topando sair por qualquer valor, que não suportam mais ficar aqui e mesmo assim não aparece ninguém da Dersa para dar satisfação”, afirmou a presidente da associação.

Vânia liderou cinco manifestações durante este ano, quando as famílias interromperam as obras com o objetivo de chamar a atenção da companhia. As manifestações renderam a Vânia um processo de quase R$ 1 milhão movido pela Dersa.

Contatada pela reportagem, a Dersa não deu retorno até o fechamento desta edição.

Durante reunião com as famílias do Jardim Oratório, em Mauá, o diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Hermes da Silva aparece em gravação de vídeo afirmando que “pessoas do mal no bairro pediram R$ 100 mil à Dersa para limpar a área e resolver o problema com as famílias”. A reunião aconteceu no dia 23 de novembro de 2009 a pedido dos moradores para negociar o valor das indenizações.

Na gravação, após discussão com as famílias sobre prazos e valores das remoções, o diretor pede que a câmera seja desligada e diz: “Pessoas do mal, vizinhos de vocês, pediram R$ 100 mil e disseram que com R$ 100 mil limpavam essa comunidade daqui. Gente, temos que lutar com as regras da lei, da justiça, nós não podemos lutar contra a carne e contra o sangue”.

Para as famílias, o diretor tentou coagi-las. “Não divulgamos antes a gravação porque queríamos resolver a questão das indenizações e ir embora do bairro apenas. Como isso não aconteceu, estamos expondo como fomos tratados pelo Estado esse tempo todo. Essa não foi a única e nem a primeira vez que um funcionário deles nos ameaçou”, diz Railton Pinheiro dos Santos, 62 anos.

Obra incompleta - A inauguração da ligação da Jacu-Pêssego com o Rodoanel se deu nos mesmos moldes da entrega do trecho Sul, pelo então governador Serra: o complexo viário está incompleto. A entrega ocorreu com ajustes a fazer, porque o trecho de 13,2 km está com passarelas provisórias e pontos em que a iluminação é provida por geradores. Cerca de duas mil famílias foram removidas em Mauá pela obra.

Por Carol Scorce - ABCD Maior
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