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DATA DA PUBLICAÇÃO 01/03/2009 | Cidade
Crise ''desfalca'' o esporte de Mauá
A situação financeira de Mauá beira o caos. A cidade acumula uma divida de R$ 2.034 bilhões. Desta forma, os problemas multiplicam-se pelas áreas da saúde, coleta de lixo, buracos de rua... E, como não poderia deixar de ser, o setor esportivo também sente os efeitos da crise. Sem dinheiro, as poucas modalidades que representam a cidade não têm como sobreviver e, pior, o poder público reconhece que pouco pode fazer para reverter o quadro.

"Temos equipes de competição muito boas e que precisam receber apoio. Mas como a prefeitura não tem verba e isso tem custo - que nós não podemos arcar no momento - então, a forma com que podemos ajudar é fornecendo horários e espaços nos próprios municipais", afirma o secretário de Cultura, Esportes e Lazer da cidade, José Estevam Gazinhato.

Entre as modalidades ameaçadas está o futsal. O time, segundo colocado no Campeonato Metropolitano (categoria sub-20) do ano passado, existe desde 1999 e contava com os patrocínios do Independente FC e da prefeitura, por meio do CME (Conselho Municipal de Esportes). O clube acertou a continuidade, mas o mesmo não ocorreu com a verba pública. "Sem esse dinheiro, um projeto de dez anos corre o risco de ser extinto", disse o supervisor da equipe, Aldo Sobrinho, que chega a atribuir o rompimento a questões políticas.

Outra modalidade em situação delicada é o basquete masculino. O Barão de Mauá, que em 2008 foi vice-campeão dos Jogos Regionais, ficou em sexto lugar no Torneio Novo Milênio e ganhou o direito de disputar o Campeonato Estadual, mas não pôde jogar porque o ginásio Celso Daniel não possuía o piso exigido pela Federação Paulista, deve deixar a cidade.

O presidente do time, Vlademir Pereira Silva, diz que tem um patrocinador, mas sem o apoio da prefeitura, estuda propostas de três municípios, e pode até jogar por Ribeirão Pires. "É um sentimento de frustração. Fazer esporte não é fácil. Ainda mais quando você consegue realizar um trabalho e não tem apoio da cidade onde nasceu."

O secretário de Esportes diz que, em virtude das dificuldades pouco pode fazer. "Como a situação financeira está terrível, o que podemos é ceder os espaços em condições de uso. Outras questões, como taxas de arbitragem, se as equipes ou associações quiserem a ajuda da secretaria para buscar patrocínio, atestando os bons serviços prestados por eles, podemos até ir, mas não dá para garantir, pelo menos a princípio, nem subvenção e nem pagamento de outras taxas", declarou. "Entidades privadas ficam em segundo plano nesta questão da verba pública. Tendo (verbas) para todos, todo mundo vai receber. Não tendo, o esporte comunitário será privilegiado", completou.

Nas categorias de base, a situação não é diferente. O projeto Girafinhas, que tornou-se em 2008 tricampeão paulista das categorias menores, também sofreu reformulações. "A professora responsável é funcionária da prefeitura e, na verdade, fazia um trabalho muito bom, mas é um projeto paralelo. O que combinamos com ela é que continuamos cedendo o espaço para treinos. Mas, dentro do seu horário de trabalho, ela vai atuar com a iniciação esportiva, atender as crianças que querem aprender a jogar basquete. Não dá para usar um funcionário da prefeitura atender um projeto quase particular e ter uma demanda de alunos querendo começar no esporte e não termos professor", disse Estevam.

‘Cobertor curto'' impõe prioridades à administração
A imagem do cobertor curto, com o qual se cobre a cabeça ou os pés, é usada pelo secretário de Cultura Esportes e Lazer de Mauá, José Estevam Gazinhato, para definir os recursos que dispõe para atender à demanda do setor esportivo. Com a cidade mergulhada em dívidas, poucos são os recursos e muitas as necessidades.

Com isso, a ordem é priorizar algumas iniciativas, como por exemplo as aulas de ginástica para a terceira idade, que hoje atendem aproximadamente 3.100 pessoas. Para as modalidades competitivas, nada mais resta a fazer além do chamado apoio moral. "Se precisarem da ajuda da secretária para buscar um patrocínio, atestando os bons serviços prestados por eles, podemos até ir, mas não dá para garantir, pelo menos a principio, subvenção ou pagamento de outras taxas."

Confira os principais trechos da entrevista do secretário, que fala das necessidades de sua pasta e dos planos para, com pouco dinheiro em caixa , tentar manter ativo o esporte mauaense.

Diário - Como está o esporte de Mauá?
José Estevam Gazinhato - A idéia é manter os projetos de formação esportiva, a iniciação, principalmente para crianças e adolescentes, e a ginástica para o pessoal da terceira idade. Hoje, nós mantemos o atendimento a 3.100 pessoas. Queremos, talvez não este ano, mas assim que conseguirmos arrumar a pista do estádio (Pedro Benedetti) e fazer um projeto com adolescentes no atletismo, com cinco modalidades, três de pista (100, 200 e 400m) e duas de saltos (distância e triplo), reunindo 200 adolescentes . E atender o esporte na forma mais social possível. Nós temos equipes de competição no município que também precisam receber um apoio, mas como a prefeitura não tem verba, existem equipes muito boas, projetos ótimos, mas que têm um custo, que não está podemos arcar no momento. E uma aproximação maior com aquele pessoal que faz aquele esporte de periferia, com os clubes de várzea da cidade, estamos procurando dar uma atenção maior para as praças esportivas, nos campos. Além disso, há 20 anos que Mauá não tem um torneio de futebol organizado pela prefeitura. Nós vamos fazer ainda no primeiro semestre o sub-17.

Diário - A crise financeira da cidade influencia também a questão esportiva?
Estevam - Além da financeira, há a questão funcional. Haviam muitos funcionários comissionados no esporte, só professores eram 32. E esse pessoal, por medida legal teve de ser demitido. Então, já perdemos em mão-de-obra.

Diário - Qual a situação do estádio e dos demais equipamentos esportivos?
Estevam - Nós recebemos vários deles em condições precárias. Dá para usar, mas todos demandam reformas. O Berenice Rumiko Endo, na Vila Assis, tem um problema de estrutura, de entrada de água, mas é o que está um pouco melhor cuidado. Agora os campos, principalmente alguns distritais e a quadra do Jardim Itapark, estão com banheiros destruídos. Até o ginásio Celso Daniel que é novo, tem goteiras. E o estádio também tem de ser reformado, inclusive o gramado e o custo das mantas de grama é alto. Então, será reformando na medida do possível, ele tem de atender algumas exigências da Federação Paulista de Futebol. O Grêmio começa a mandar jogos aqui em abril e até lá esperamos estar com ele em condições. É um custo para a prefeitura, já que o Grêmio é uma entidade particular.

Diário - Como fica a questão do esporte competitivo em Mauá?
Estevam - Nossa idéia principal é trabalhar o comunitário. Lógico que existem os Jogos Regionais, Jogos Abertos do Interior. Competições do Consórcio Intermunicipal. Nossa idéia é participar. Com equipes de Mauá, que já treinam e que não tenham um custo alto. Vou dar um exemplo, nos últimos anos a prefeitura contratou times prontos para representar a cidade e isso teve um custo elevado. R$ 80 mil nos Jogos Regionais de 2007 e nos Jogos Abertos de 2008 passou de R$ 120 mil. Isso não vamos fazer. Se tiver uma equipe, como já temos no basquete e vôlei. Oferecemos os próprios municipais para treinar, além de uma estrutura mínima, como bolas, transporte alimentação e alojamentos. Agora, pagar para nos representar não vamos. Pode até ser que isso reduza a nossa delegação, mas quem for, vai pela questão de representar a cidade mesmo, sem receber pagamento.

Diário - Quantas pessoas a secretaria de Esportes atende mensalmente?Estevam - Na ginástica são 3.100 pessoas, mas nós queremos ampliar. As inscrições para natação, futebol e outros esportes foram muitas. Ainda não estão computadas, mas deve ficar na casa das 4.000 crianças. Isso na faixa de iniciação e terceira idade, sem contar o lazer.

Diário - E as escolinhas de esporte, como estão?
Estevam - Nós perdemos 32 professores, mas as escolinhas se mantêm, com convênios com entidades como o Sesi. Diminuiu o atendimento, mas o projeto continua. Estamos voltando a atender no campo do Juá, no Vila Mercedes. No Sesi, terminou o contrato, mas está sendo renovado. Temos escolinhas de futebol, futsal, natação, basquete, vôlei e judô.

Diário - Qual a solução para os problemas do esporte em Mauá?
Estevam -
Na parte financeira é uma questão global da cidade. Melhorando os recursos, tenho certeza que serão divididos entre todas as partes. Na questão dos servidores, estamos com um pedido de contratação. A principio não será um concurso publico, mas uma contratação emergencial, sendo 25 para a cultura e 30 para o esporte, sendo 20 professores de Educação Física e dez monitores. Esperamos firnar parcerias com o Governo Federal e estamos tentando também uma lei municipal para que possamos ter propagandas nos espaços esportivos. Se tivermos isso, podemos direcionar esses recursos para os campos de futebol.

Por Nilton Valentim - Diário do Grande ABC / Tiago Silva
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