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DATA DA PUBLICAÇÃO 17/12/2015 | Economia
Crise chega ao Natal e até Papai Noel fica sem emprego no fim de ano
Crise chega ao Natal e até Papai Noel fica sem emprego no fim de ano Profissionais da Papai Noel e Cia durante encontro neste ano (Foto: Divulgação/ Papai Noel e Cia)
Profissionais da Papai Noel e Cia durante encontro neste ano (Foto: Divulgação/ Papai Noel e Cia)
Remuneração pode chegar a R$ 15 mil para trabalho de 35 a 40 dias.

Shoppings contrataram menos e muitos profissionais acabaram sem vaga.


O mês de dezembro deste ano está bem diferente do que o do ano passado para José Roberto da Silva, de 41 anos. Se em 2014 ele passava mais tempo rodeado de crianças em festas ou até mesmo com adultos em confraternizações de empresas como o famoso "bom velhinho", em 2015, a roupa de Papai Noel fica mais tempo guardada no armário do que no corpo dele.

"No ano passado, eu já tinha feito uns três trabalhos e tinha agenda montada para o mês de dezembro até a noite de Natal. Já tinha uma programação. Neste ano não tenho nada programado", afirma Silva.

Ele trabalha como Papai Noel há cerca de 6 anos e se orgulha da sua barba natural – que pode sair de cena a partir de 2016, já que Silva trabalha como autônomo durante o ano, com manutenção de equipamentos, para poder deixar a barba crescer. "Do jeito que está o mercado, estou considerando tirar a barba natural para achar alguma coisa fixa durante o ano e fazer somente a noite de Natal com a barba artificial".

Silva também ressalta que os valores pagos caíram com a redução da procura e o aumento de mão de obra disponível, com a chegada de pessoas que ficaram desempregadas neste ano por causa da crise econômica.

Se preparando para vacas ainda mais magras como Papai Noel, ele está no primeiro ano de engenharia mecatrônica para ter mais chances para se recolocar no mercado.

"Ano passado já foi uma procura menor e já ficou ligeiramente atípico. Mas este ano, a procura foi muito abaixo. Preciso sustentar a minha família, senão fica complicado".

Natal fraco
E não foi só para Silva que o movimento reduziu. Segundo Helio Gerbas, da Papai Noel e Cia, há 12 anos no mercado e que oferece 25 atrações diferentes para o Natal deste ano, entre apresentações e locação de materiais, aumentou o número de pessoas que querem trabalhar como Papai Noel, enquanto a quantidade de trabalho caiu cerca de 50%.

"Tenho por volta de 350 pessoas cadastradas e metade não deve trabalhar em nada. Podem até pegar uma festa ou outra, mas o trabalho com uma remuneração melhor não vai acontecer", afirma Gerbas.

De acordo com as agências ouvidas pelo G1, a remuneração para o Papai Noel pode chegar a R$ 15 mil para um período de trabalho que varia entre 35 e 40 dias. O cachê para festas de empresas e casas varia de acordo com o tempo que o profissional deverá permanecer na festa, mas ficam em média entre R$ 500 e R$ 1 mil

Gerbas ressalta que o valor dos cachês também caiu e que clientes estão pagando até R$ 400 a menos em comparação com o ano passado. "Todos estão enxugando".

Segundo Jorge Occhiuzzo da agência Papai Noel Brasil, o grande problema para o setor foram os shoppings que ao invés de ter um Papai Noel por turno, dois no total, contrataram apenas um e ainda deixaram as "noeletes" de fora.

"Esse segmento era o que mais absorvia. Pequenas e micro empresas também não estão com a atração na frente da loja. Nunca vi uma crise desses em 18 anos. Tem pessoas que estão no mercado há 15 anos e estão sem trabalho neste ano", afirma. A agência de Occhiuzzo tem mais de 110 papais noéis e cerca de 40% estão sem trabalho neste ano.

Novos profissionais na área
Com a redução do número de vagas de empregos formais e também com as demissões provocadas por cortes, muitos profissionais acabaram vendo o Natal como uma forma de uma renda extra no fim do ano.

Segundo Occhiuzzo da Papai Noel Brasil, muitas pessoas procuraram uma oportunidade como Papai Noel muito tarde e por isso tiveram mais dificuldades para encontrar uma vaga. "Ter que ter treinamento e boa apresentação para ter um trabalho profissional", ressalta.

Gerbas, da Papai Noel e Cia, também dá treinamento para seus contratados e lembra que o bom velhinho tem que saber como entreter todos em qualquer lugar, seja em um shopping, uma festa para 2 mil pessoas ou uma visita em uma casa com 2 crianças.

"Independentemente da aparência física, o Papai Noel tem que ser proativo, não pode travar na hora de falar", diz Gerbas.

Aposta no digital
No mercado desde 1991, Paulo Mendes, da Companhia do Bafafá, montou uma estratégia quando ouviu falar sobre a crise. Mudou o site para que ele ficasse ágil e com uma visualização melhor nos celulares. Ele também criou o “Whatsapp do Papai Noel” para que os clientes pudessem falar com a empresa mais rapidamente.

"Foquei nos meios de acesso para que as pessoas pudessem me encontrar. Os produtos estão visíveis e são fáceis de localizar. Consegui que essa estratégia integrasse e-mail, site e smartphones", afirma.

Mendes conta com 40 papais noéis para a noite do dia 24 de dezembro e cada um vai visitar de 5 a 6 casas. "Por mais que a crise exista, o Papai Noel vai levar alegria e nada melhor do que a alegria para amenizar as coisas difíceis."

Por Pâmela Kometani - G1, em São Paulo
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