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DATA DA PUBLICAÇÃO 10/12/2011 | Geral
Conheça a rotina e leia o diário de um Papai Noel em SP
Conheça a rotina e leia o diário de um Papai Noel em SP Ricardo deixa seu posto às 20h e sobe as escadas do shopping para se trocar. Ele pega um ônibus nas proximidades e leva 50 minutos até sua casa (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Ricardo deixa seu posto às 20h e sobe as escadas do shopping para se trocar. Ele pega um ônibus nas proximidades e leva 50 minutos até sua casa (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Aposentado trabalha 29 dias sem folga para atender crianças em shopping.

Saiba como ele se transforma e o que enfrenta para agradar os pequenos.


Que o Papai Noel trabalha muito nesta época do ano até as crianças mais pequenas sabem. Mas muita gente não imagina como é a rotina daqueles que personificam o bom velhinho para alegrar os pequenos – e também os adultos – em shoppings, lojas e outros estabelecimentos. O G1 acompanhou a rotina de um deles, o aposentado Ricardo do Nascimento Júnior, 64 anos, por uma semana. Em relatos diários, ele conta detalhes de seu dia a dia e os pedidos que mais os marcaram.

Ricardo começou a trabalhar como Papai Noel “profissional” há três anos. Cabeleireiro e aposentado, ele viu que fazia sucesso com os filhos e netos ao personificar o bom velhinho e resolveu deixar a barba crescer. O resultado fez sucesso e, neste ano, pela segunda vez seguida, tem expediente diário de oito horas no Shopping Light, no Centro de São Paulo, distribuindo doces e pirulitos e contribuindo para manter a magia do Natal - com o cachê, consegue dar um Natal mais "gordo" para a família, principalmente para os netos.

Desde 26 de novembro, quando começou o trabalho, sua rotina mudou. Ele almoça às 10h45 em casa, no Tucuruvi, Zona Norte de São Paulo, e prepara seus lanches para comer durante a tarde, nos três intervalos que faz. Logo depois, faz uma caminhada de cerca de dez minutos até o Metrô, onde embarca para o Centro. São cerca de 20 minutos de trajeto até chegar ao shopping. Lá, vai até a administração, onde fica sua roupa e onde se veste. Antes do meio-dia ele está pronto, e segue já como Papai Noel para seu posto no térreo do shopping.

Mal ele chega e as crianças começam a aparecer. São oito horas de trabalho, durante um mês, até 24 de dezembro. “Cansa, não sou mais criança. Mas eu posso andar, posso caminhar pelo shopping, não há a necessidade de ficar só sentado. Eu paro para lanche, não para descansar, só para comer, e volto. Não posso largar o posto por muito tempo. Afinal de contas estou ali para isso. Mas é compensador, não só pelo cachê, mas por ver que ainda tem muita criança que ainda tem essa fantasia”, afirmou.

No fim do dia, ele faz o caminho oposto – volta a vestir sua roupa normal e sai do shopping quase anônimo para um ponto de ônibus. Nesta quinta-feira (8), acompanhado da equipe de reportagem do G1, o trajeto durou 50 minutos. Após descer do ônibus, são mais 15 minutos de caminhada até sua casa.

Jogo de cintura
O trabalho não é tão simples quanto muitos imaginam. É preciso jogo de cintura para não fazer falsas promessas às crianças, driblar a insistência dos pais e escapar dos adultos que insistem em fazer gracinhas. Ricardo não pega as crianças no colo – apenas os bebês. Os maiores também recebem carinho por meio de abraços.

“Teve uma criança que pediu para que eu trouxesse o pai para passar o Natal com ela. Eu olhei para a mãe, ela olhou para mim, aí ele pediu um brinquedo. O brinquedo eu falei ‘eu prometo’, porque a mãe deu sinal para mim. Agora o pai eu disse que não ia depender só de mim, que eu ia tentar”, contou. “Eu não prometo nada para a criança, chamo o pai, e pergunto se pode. Eu acho que não se deve iludir a criança, mas não se deve também tirar essa fantasia, que é muito bonita. Você vê o brilho delas, tem criança que fica histérica na sua frente, treme, é uma emoção tão grande.”

“Às vezes, tem crianças muito humildes que vêm pedir presente e falam ‘ano passado eu não recebi’. Teve uma que eu só não levantei e fui comprar uma boneca para ela porque tinha um monte de crianças. Era uma garota de rua. Isso também emociona”, afirmou o Papai Noel do Shopping Light.

Há também aquelas que duvidam da veracidade do bom velhinho. “Teve uma menina que falou ‘você não é Papai Noel, você está vestido de Papai Noel’. Falei que era, mostrei a barba. Aí ela levantou a manga do casaco. ‘Olha lá, mãe, é roupa só!’ Não sei o que ela imaginou que ia encontrar”, contou.

Confira o diário do Papai Noel

Dia 2/12 (sexta): "Desde o dia 26 de novembro minha rotina mudou devido ao meu emprego como Papai Noel. Almoço às 10h45 e preparo o lanche para comer nos intervalos, a cada duas horas."

"Antes de sair de casa escovo a barba e passo um brilho, tipo silicone, para ela ficar macia. Também uso um xampu especial e creme de enxague. Deixei a barba crescer por seis meses."


"Entro no shopping mais ou menos às 11h30 e começo a me vestir. Quando estou vestido sinto uma enorme alegria, sendo alvo da imaginação, magia e encanto das crianças. Mas também existem pessoas que não entendem isso e gozam desse sonho delas."

"O dia foi mais agitado, com muito movimento, e cansativo, devido ao calor e ao grande número de fotos."

Dia 3/12 (sábado): "O movimento foi intenso, com vários turistas na cidade e adultos querendo tirar fotos comigo. Houve pessoas inconvenientes que me incomodaram, mas contornei de maneira satisfatória."

Dia 4/12 (domingo): "O dia foi tranquilo, novamente com turistas e adultos tirando fotos."


Dia 5/12 (segunda): "Tirei muitas fotos, mas o que me deixou triste foram duas crianças – uma com deficiência física e outra careca, devido a uma cirurgia. Eu só quero que todas as crianças sejam saudáveis e felizes, o que infelizmente não acontece."

Dia 6/12 (terça): "O dia foi de movimento normal, mas uma mãe deixou o bebê no meu colo e ficou conversando no celular, esquecendo que havia outras crianças ali para tirar fotos."

Dia 7/12 (quarta): "O movimento foi normal e recebi um pedido especial – um dia de Natal feliz (dito no meu ouvido para a mãe não escutar)."


Dia 8/12: "Dia com movimento razoável, de muito calor. Uma mãe que estava com uma criança pequena queria que eu colocasse o filho no colo, mas não deixei porque ele tinha feito xixi. Posei para a foto segurando o menino no alto e pedi: ‘Mãe, vai rápido que ele está pesado’. Também vieram crianças de rua, que me pediram presentes."

Retorno das crianças
Em todos os dias, Ricardo tem uma visão que é constante – crianças correndo ansiosas em sua direção. Foi o caso de Gabriel de Araújo, de apenas 5 anos, que ao ver o Papai Noel correu pelo shopping em sua direção e logo ganhou um abraço. “O Papai Noel vai todo ano lá em casa. No ano passado eu ganhei uma guitarra. Agora eu pedi um skate”, disse o menino. Ao ser questionado sobre seu comportamento durante o ano, Gabriel contou que se manteve na linha a maior parte do tempo. Cristiane, porém, discordou. “Ah, ele sabe que aprontou bastante.” Ele, porém, ressaltou: “Já passei de ano na escola. Eu posso ganhar presente.”

A pequena Maria Júlia, de 4 anos, também correu para abraçar o bom velhinho – “ele é lindo!”, disse a criança, muito empolgada após pedir uma boneca de presente. Outras crianças, entretanto, ficam mais tímidas e precisam de incentivo dos pais – e há aquelas que choram e apenas aceitam as balinhas dadas de longe, com muito receio.

Por Juliana Cardilli e Paulo Toledo Piza - G1, em São Paulo
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