NOTÍCIA ANTERIOR
Sesi Mauá exibe filmes gratuitamente
PRÓXIMA NOTÍCIA
Vazamento pode comprometer abastecimento de água no Zaíra
DATA DA PUBLICAÇÃO 17/07/2009 | Cidade
Comida de rua é repleta de bactérias e parasitas
É de embrulhar o estômago. Espetinho de carne, milho, sorvete e os indefectíveis rolos de churrasco grego espalhados pelas ruas do Grande ABC podem até despertar a fome em um primeiro momento, mas trazem consigo milhões de bactérias capazes de derrubar até quem pensa ter uma saúde de ferro.

Acompanhada da coordenadora de nutrição do Hospital da Mulher, Shirlei Tessarini, a reportagem do Diário caminhou ontem por áreas centrais de Mauá e Santo André. Os olhos atentos da especialista não deixaram passar nada. A reprovação foi geral.

Falhas no transporte, armazenamento e manipulação da comida promovem um blecaute higiênico-sanitário nas calçadas, onde são consumidos os produtos. O vômito e a diarreia acabam por ser os sintomas de infecção alimentar mais notados pela população. Por trás disso, o problema é bem maior.

Bactérias e parasitas infestam o lanchinho da tarde e provocam danos na mucosa do estômago e no intestino, uma série de doenças terminadas em "ite" que denotam perigosos quadros infecciosos. Mas não é só isso. "Em alguns casos, a situação é tão grave que as enfermidades chegam até o cérebro", explica a nutricionista do Hospital da Mulher.

A baixa qualidade nutricional dos alimentos também é levada em consideração. Um festival de gorduras e carboidratos que não colaboram para uma vida saudável. A correria do cotidiano transforma quem se alimenta na rua em vítima de si mesmo. "É algo barato e inegavelmente bastante saboroso, então muita gente acaba comendo", diz Shirlei.

Se não aparece logo em um primeiro momento, o dano vem com o tempo. Não há estômago de avestruz que resista ao bombardeio de parasitas e bactérias durante anos. "Mais dia, menos dia, a pessoa passa mal e coloca a culpa na azeitona que comeu no almoço. Gasta com remédios aquilo que economizou na comida", explica a nutricionista.

Os próprios comerciantes reconhecem que agentes de vigilância sanitária não aparecem com frequência. Os equívocos são tantos em relação àquilo que é servido na rua que não há outra recomendação possível a não ser evitar a tentação. A gordurinha queimando, o cheiro do milho cozido e o sorvete no dia de calor devem ser deixados para lá, mesmo que a fome aperte.

Irregularidades são as mais diversas
A bancada é um convite explícito a mergulhar nos prazeres da gula. Dezenas de espetos de kafta e linguiça dispostos de forma atrativa, fumegando sobre a chapa quente, prontos para a degustação. O cheiro é inebriante e toma conta do Centro de Mauá no fim da tarde. Mas a admoestação da nutricionista é definitiva: "Não, não é uma boa ideia."

Os olhos da coordenadora de nutrição do Hospital da Mulher de Santo André, Shirlei Tessarini, notam peculiaridades que passam despercebidas pelo transeunte faminto. O quiosque tem água corrente, refrigerador, atendentes com luva e touca, mas peca em aspectos fundamentais.

A sujeira predomina ao redor, as moscas se divertem entre tubos de molho (com pelos nas pontas) e latas de lixo destampadas. O dinheiro é manuseado por quem prepara a comida. "Tem o ralo da rua, e certamente insetos e outros animais acabam aqui."
Não muito longe dali, a sobremesa adequada ao momento: um típico sorvete de máquina. "Parece inocente, mas não é", adverte Shirlei. A análise minuciosa vê um paninho suspeito, usado na limpeza. A água limpa vem de um balde sujo. As casquinhas que embrulham a guloseima gelada estão em caixas dispostas diretamente sobre o chão. A atendente não tem touca nem luva.

Mas a clientela não vê problema. "A higiene é até legal, eles passam álcool", diz o auxiliar de estoque Vinícius Cardoso, 18 anos, sem saber que não é suficiente.

Em Santo André, a panela fervente com milho disputa espaço no carrinho com o saco de lixo. A faca fica exposta ao tempo. A manteiga, próxima do fogo e longe da refrigeração. O onipresente pano sujo está ali. Fezes de cachorro podem danar o calçado do cliente distraído, bem ao lado. Mesmo assim, são 80 espigas por dia. "Toda água utilizada para preparar alimento deve ser filtrada, e não é o caso", diz a nutricionista.

Ele é hours concours: o churrasco grego (com suco grátis) bate todos os rivais no ranking da imundície. E custa apenas R$ 1,50, no Centro de Santo André. O rolo de carne gira contra a faca suja, que transporta as fatias para o pão. O vinagrete completa o recheio. São tantas as recomendações da nutricionista que fica notória a impossibilidade de o negócio prosseguir de forma sustentável, com os 700 lanches diários.

Temeroso pela chegada da reportagem, o churrasqueiro espanta o cachorro do jeito que pode. Nem isso é suficiente para dar um ar menos insalubre ao ambiente. Mas o cheiro é delicioso.

Por William Cardoso - Diário do Grande ABC
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Setecidades - Clique Aqui
As últimas | Cidade
06/04/2020 | Atualização 06/04/2020 do avanço Coronavírus na região do ABC Paulista
03/02/2020 | Com um caso em Santo André, São Paulo monitora sete casos suspeitos de Coronavírus
25/09/2018 | TIM inaugura sua primeira loja em Mauá no modelo digital
As mais lidas de Cidade
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7712 dias no ar.