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Costa Cruzeiros terá dois navios em águas brasileiras
DATA DA PUBLICAÇÃO 26/09/2017 | Turismo
Com roteiros mais curtos, oferta de cruzeiros no Brasil volta a crescer neste ano
Quantidade de passagens ofertadas subiu de 383 mil para 431 mil este ano; setor havia encolhido no ano passado.

A oferta de cruzeiros pela costa brasileira, que havia encolhido no ano passado, terá reforço nesta temporada, que vai de novembro a abril.

O número de navios que virão para o país será o mesmo: sete. Mas eles ficarão por aqui por mais tempo e farão mais viagens curtas (o que significa mais saídas, e portanto, mais passageiros embarcados). Além disso, um dos transatlânticos deu lugar a outro maior, de uma empresa diferente.

Assim, o número de leitos ofertados nos cruzeiros deve subir de 383 mil para 431 mil, um salto de 12,5%, segundo dados da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil) e da Fundação Getulio Vargas (FGV).

No auge do setor, em 2010, o Brasil chegou a receber 20 navios e transportar mais de 800 mil passageiros. O número de barcos caiu pela metade em 2015 e, no ano passado, baixou para sete com o fechamento do escritório da Royal Caribbean no país e a saída de seus três exemplares daqui.

Contribuíram para a debandada dos últimos anos a crise econômica e a maior atratividade de outros destinos, como Cuba e a China, afirma Marco Ferraz, presidente da Clia. Também pesaram contra o Brasil a substituição das embarcações por modelos maiores (que enfrentam problemas para atracar), os altos custos operacionais do país e o sistema de impostos complexo.

"Na temporada 2010/2011, o Brasil estava no ápice do poder econômico, o consumo estava em alta, a classe média crescendo. Em 2012 veio a crise, mas esse ciclo está perto de terminar", avalia Ferraz.

"Acho que este é o ano da virada, quem estiver com navios aqui no momento certo vai colher os frutos."

Ele também ressalta o crescimento do setor no mundo nos próximos anos, com 82 navios já em construção para serem entregues até 2026.

Das embarcações que virão para o país desta vez, três são da MSC (uma a mais que no ano passado), duas da Costa e uma da Pullmantur. Já o navio da Norwegian que esteve aqui na última temporada não volta agora.

A conta da Clia inclui ainda na estação 2017/2018 um quarto transatlântico da MSC que parte de Buenos Aires, na Argentina, e passa pelo Brasil. Apesar de só embarcar estrangeiros e não se enquadrar no sistema de cabotagem (de navegação entre portos brasileiros), ele permanece nas águas do país por mais de 30 dias e, portanto, precisa cumprir as regras para operar no Brasil.

Os navios que embarcam passageiros brasileiros precisam que um quarto de sua tripulação seja composto de brasileiros. Os demais cruzeiros internacionais com passagem pelo Brasil não se encaixam nessa regra e, por isso, não constam na lista da associação do setor.

Vendas aquecidas

Na CVC, que vende pacotes de todas as companhias, a procura pelos cruzeiros está aquecida e as vendas adiantadas nesta temporada. Até o começo de setembro, a agência havia fechado 20% mais pacotes do que na mesma época do ano passado.

"Isso deixa a gente um pouco mais esperançoso e permite trabalhar com tarifas mais saudáveis. Quando você tem que fazer vendas em cima da hora, tem que fazer muitas promoções, como aconteceu no ano passado", diz Orlando Palhares, gerente de cruzeiros marítimos da CVC.

Em 2016, com a debandada das armadoras, a operadora de turismo fretou o navio Sovereign, da Pullmantur, para poder ampliar a oferta a seus clientes. Este ano, porém, a Pullmantur resolveu trazê-lo de volta por conta própria.

"Fretamos ano passado por absoluta falta de produto. Agora, com a decisão da Pullmantur e a MSC trazendo mais um navio, não vimos necessidade. A gente não quer fretar navio, é um negócio de altíssimo risco. Somos vendedores", diz Palhares.

Apesar de não ter fretado a embarcação, a agência de viagens assumiu o compromisso de vender cerca de 75% dos leitos oferecidos pela parceira. "É um produto que o público da CVC gosta muito, é o único navio 'all inclusive' (com pacotes que incluem comidas e bebidas à vontade) que vem para o Brasil", afirma Palhares.

Nesta temporada, a Pullmantur vai realizar 24 cruzeiros, dois a mais que na última. Todos eles são de curta duração, de quatro ou cinco noites. O navio Sovereign tem capacidade para 2,7 mil passageiros.

A vantagem das viagens mais curtas é que elas cabem melhor no bolso do brasileiro, que ainda sente os efeitos da recessão, apesar da retomada do crescimento da economia neste ano.

Navio extra e mais tempo

Além de trazer mais um navio para o Brasil nesta temporada, a MSC dona de 65% do mercado local de cruzeiros, vai ancorar mais cedo no país, em meados de novembro. A operação, que no passado era de quatro meses, vai durar cinco.

A empresa também ampliou em 91% a oferta de minicruzeiros: serão 18. Ao todo, os três navios farão 55 partidas. Com a combinação desses fatores, a oferta de leitos da companhia por aqui vai crescer 40% (sem contar o navio que vem de Buenos Aires).

"A gente percebe, apesar de muito sutil ainda, que o pior da crise econômica já passou. O consumidor ainda está precavido, conservador, porque o desemprego ainda é alto, mas ele já volta a comprar o seu sonho de viagem de lazer", diz Ursilli.

Junto com a melhora do cenário macroeconômico, outro ponto que motivou a armadora a trazer o navio Magnifica (de 3,2 mil leitos) de volta para águas brasileiras foi a ampliação de sua frota global. Ela acaba de inaugurar o transatlântico Meraviglia, com capacidade para mais de 5 mil passageiros, e outro de igual porte deve estrear dezembro.

Além do Magnifica, vêm para o país o navio Preziosa (com capacidade para 4,3 mil passageiros) e o Musica (3,2 mil). O que vai para a Argentina é o Poesia, que também acomoda 3,2 mil viajantes.

Para o próximo ano, a armadora espera substituir um deles por um maior, o Seaview, de 5 mil leitos, que deve ser inaugurado em maio de 2018, aumentando ainda mais a oferta.

Minicruzeiros em alta

A Costa Cruzeiros terá dois navios nesta temporada, os mesmos que estavam aqui no ano passado: o Fascinosa e o Favolosa, ambos de 3,8 mil leitos.

A empresa não divulga números da operação no Brasil, mas o tempo de permanência dos seus transatlânticos em toda a América do Sul aumentou em 30 dias em relação a 2016, um acréscimo de 16%. Além disso, ela incluiu três roteiros menores (de três ou quatro noites) na temporada, e com isso, a oferta de leitos (ou capacidade de passageiros) vai crescer 25%.

Serão seis minicruzeiros, três deles com escalas inéditas na cidade de Balneário Camboriú. Ao todo, a Costa vai realizar 28 cruzeiros na América do Sul. Segundo a empresa, 80% da temporada na região passa pelo Brasil.

"Nos últimos anos, o Brasil ficou menos competitivo em termos de custo operacional e de infraestrutura em relação a outros destinos", diz Dario Rustico, diretor-geral de vendas e marketing da empresa para a América Latina. "Agora estamos voltando a trabalhar de um jeito mais político, com mais destinos, para ficar mais competitivos e relançar essa indústria", emenda.

Para a próxima temporada, Rustico promete novo crescimento de 20% na oferta.

Até logo, Brasil

O navio da Norwegian que estreou no litoral brasileiro no ano passado não volta ao país neste ano. Ele fará roteiros apenas na Patagônia. O Norwegian Sun, com capacidade para 1,9 mil passageiros, deu lugar nesta temporada ao Meraviglia, da concorrente MSC, de 3,2 mil leitos.

Os clientes não decepcionaram na estreia da empresa no país no ano passado, o problema é estrutural, segundo Estela Farina, diretora do escritório local da Norwegian.

"Teve uma boa adesão, em termos de vendas foi legal, mas o custo operacional aqui no Brasil ainda é bastante alto. Quando você analisa as opções de roteiro, muitas vezes o país não se mostra a melhor opção para a companhia", justifica.

Entre os dificultadores da operação no Brasil, Estela cita a cobrança de um imposto adicional de 25% sobre o consumo a bordo ao navegar em águas brasileiras.

A armadora também já descartou uma vinda para cá no próximo ano, mas analisa a possibilidade para a temporada 2019/2020. "Oportunidade tem, mas tem que ser viável do ponto de vista de negócio", diz.

A Norwegian estabeleceu escritório por aqui há 2,5 anos e tem diversos cruzeiros de longa duração que saem de outros países e passam pela costa brasileira.

Perspectivas

As armadoras, Clia e governo estiveram reunidos em Brasília no fim de agosto para debater os entraves e soluções para o setor.

Entre as discussões que tiveram sinalizações positivas, segundo Ferraz, estão a de finalização das obras de alinhamento do cais de Santos, da construção de um terminal de passageiros, de dragagem do porto de Maceió (AL) e também do porto de Fortaleza (CE), esta que deve acontecer até o fim do ano.

“Às vezes, resolver um píer revigora o setor, porque pode adicionar um destino [na rota]. O cruzeirista de carteirinha que já conheceu todos os lugares vai querer ir para um novo”, afirma Ferraz.

Por Luísa Melo, G1
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