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DATA DA PUBLICAÇÃO 05/04/2018 | Veículos
Com Caoa, Chery sonha em chegar ao ''top 10'' no Brasil em 5 anos
Com Caoa, Chery sonha em chegar ao ''top 10'' no Brasil em 5 anos Anning Cheng (esq), CEO global da Chery, e Carlos Alberto Oliveira de Andrade (dir), fundador do Grupo Caoa (Foto: Peter Fussy/G1)
Anning Cheng (esq), CEO global da Chery, e Carlos Alberto Oliveira de Andrade (dir), fundador do Grupo Caoa (Foto: Peter Fussy/G1)
Em 2017, Chery foi a 21ª marca que mais vendeu, com ínfimo 0,17% do mercado. Grupo Caoa comprou 50% do negócio e quer vê-la chegar a 5% em 2022.

Segundo o horóscopo chinês, o "ano do cachorro", que começou em fevereiro, é um bom período para iniciar novos projetos. Coincidência ou não, o primeiro lançamento da nova fase da Chery, agora em parceria com o grupo brasileiro Caoa, o Tiggo 2, ocorreu agora.

E este é apenas o primeiro passo de uma jornada em que as duas empresas depositam altas expectativas. Uma delas é atingir 5% de participação no mercado brasileiro de carros novos em 2022.

O número pode parecer pequeno mas é um salto gigante, já que a Chery obteve apenas 0,17% no ano passado, com 3,7 mil unidades emplacadas.

Conforme projeções, 5% do mercado em 2022 representaria cerca de 150 mil carros - a capacidade máxima da fábrica de Jacareí (SP), que custou US$ 400 milhões aos chineses.

Atingir essa meta também significa deixar para trás Nissan, Peugeot, Citroën e Mitsubishi, e entrar para o "top 10" de vendas por marca - a Jeep foi a 9ª, com 4%, em 2017.

Veja a seguir como funcionará a parceria e quais são os principais desafios.

A união

Com a queda vertiginosa nas vendas e uma fábrica quase parada, a matriz da Chery anunciou em outubro passado que estava colocando metade da operação no Brasil à venda, mas as negociações com a Caoa já ocorriam há meses, com viagens de executivos para a China e muita negociação.

O acordo chegou com o pagamento de cerca de US$ 64 milhões (R$ 214 milhões) pela Caoa e com a "administração compartilhada".

Mas na prática mesmo, quem irá comandar as operações no Brasil, principalmente as vendas e o pós-vendas, são os brasileiros.

O presidente da Caoa Chery é Márcio Alfonso, que trabalhou por mais de 30 anos na Ford, inclusive no desenvolvimento do EcoSport e do Ka.

Desde 2015, Alfonso era diretor de engenharia da Caoa e homem de confiança de Mauro Correia, o presidente do grupo. Mas os chineses estarão sempre de olho.

O conselho da "joint-venture" é formado por 3 brasileiros e 3 chineses. De acordo com Correia, "a parceria é calcada em transparência e cooperação mútua".

"Uma boa decisão deve beneficiar as duas empresas", afirma Correia.

Somando forças


De acordo com Alfonso, a Caoa traz para a Chery três características importantes: cobertura nacional de concessionárias, melhoria no serviço de pós-venda (a Hyundai Caoa liderou a última pesquisa da J.D Power neste quesito) e força na publicidade para tornar os produtos mais conhecidos.

Só neste ano, o grupo diz que já fechou a ampliação do número de lojas de 25 para 55, com investimento não só da Caoa, mas de antigos concessionários Chery que fecharam as portas e devem voltar a apostar na marca.

A Chery entrará com com as plataformas e os produtos já vendidos em outros países, com desenhos inspirados em modelos europeus e farta lista de equipamentos. Até o final do ano, serão três novos modelos produzidos no Brasil, além do Tiggo 2.

As apostas são no sedã Arrizo, que foi mostrado junto ao Tiggo 2 no Salão de São Paulo de 2016, e em SUVs maiores. Os modelos serão produzidos em Jacareí (SP) e também na fábrica da Caoa em Anápolis (GO), de onde saem atualmente veículos feitos em parceria com a Hyundai.

Orgulho nacional?

Um dos maiores desafios será melhorar a percepção de qualidade sobre os modelos da Chery e elevar o valor de revenda. Para isso, a Caoa investirá muito em propaganda, apelando para o patriotismo.

O Tiggo 2 já é anunciado como o "1º SUV de marca nacional", embora o grupo brasileiro só tenha conseguido fazer pequenos ajustes de calibração no modelo, que sairá com as iniciais de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o fundador da Caoa, ao lado do nome Chery.

"Ver esse carro com meu nome é um orgulho enorme, uma emoção tão forte que é difícil de expressar."

No entanto, nem tudo é festa para o empresário. No ano passado, ele se tornou réu por suspeita de corrupção ativa, dentro da Operação Zelotes, que investiga suposta compra de medida provisória por meio de propina.

O caso envolve a MP 471, assinada em novembro de 2009, pelo ex-presidente Lula, que também é réu na mesma investigação. A Caoa também foi investigado na Operação Acrônimo. O empresário negou as acusações.

Investimentos

Nos próximos 5 anos, a Caoa Chery promete investir US$ 2 bilhões no Brasil. O valor pode incluir até um centro de Pesquisa e Desenvolvimento para, aí sim, criar carros totalmente voltados para o gosto do brasileiro, segundo Anning Chen, presidente mundial da Chery.

"Vamos continuar trazendo produtos Chery que já estão em outros mercados. Mas com o sucesso dessa parceria, temos interesse em criar um centro de P&D para fazer um produto que atende 100% do gosto do brasileiro", afirmou Chen.

Investimento em pesquisa no Brasil deverá ser também um dos requisitos para receber incentivos fiscais do governo federal, dentro do programa Rota 2030, que pode ser anunciado em breve.

Brasileiro tipo exportação?

Como toda montadora instalada no Brasil, a Caoa Chery não apostará todas as suas fichas no mercado interno e já avalia quais países podem ser destino dos produtos feitos por aqui.

"Ambas as partes têm esse interesse (de exportar), mas o primeiro passo é estabelecer uma forte presença no Brasil", ressaltou Chen.

A decisão de quais países receberão carros da joint-venture sairá só depois de muitas contas e diplomacia. Isto porque, devido ao custo alto da produção e da logística, enviar um carro do Brasil a um parceiro do Mercosul, por exemplo, pode sair mais caro do que trazer diretamente da China, afirmou Chen. "Vamos analisar juntos caso a caso e achar uma solução."

As origens

O Grupo Caoa começou em 1979, quando uma concessionária Ford caiu nas mãos de Carlos Alberto de Oliveira Andrade. Em 1992, já dono de diversas lojas da Ford, ele se tornou o primeiro importador oficial da Renault.

Ainda na década de 1990, o executivo assumiu representação da Subaru e também da Hyundai, com quem tem parceria até hoje, produzindo modelos como o Tucson em uma fábrica construída em Anápolis (GO).

A Chery tem uma história mais recente. Criada em 1997 pelo governo chinês, a fabricante cresceu rapidamente e exportou pela primeira vez em 2001. Desde 2012, a empresa é responsável pela fabricação dos modelos Jaguar e Land Rover na China, que obriga marcas a terem parceiras locais para produzir por lá.

No Brasil, a Chery aportou em 2009. Com veículos baratos e bem equipados, a marca atingiu pico de vendas em 2011, com 21 mil unidades e 0,6% do mercado, mas sofreu nos anos seguintes por causa da restrição aos importados, chegando a 3,7 mil unidades em 2017.

Por Peter Fussy, G1
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