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DATA DA PUBLICAÇÃO 11/05/2009 | Turismo
Cearense: na rota das falésias
Areias brancas, vermelhas, marrons, amarelas, rosas e até roxas, representadas por um sem-fim de matizes. São elas que garantem o ganha-pão dos artesãos especializados na confecção das famosas garrafas com mosaicos e paisagens coloridas. Também são elas a grande vedete da chamada Rota das Falésias, trecho de aproximadamente 150 quilômetros caracterizado por gigantescos paredões à beira-mar ao longo dos municípios de Aquiraz, Beberibe e Aracati, no Litoral Leste do Ceará.

Detentora de importantes ícones do turismo cearense - como a Praia de Canoa Quebrada, as dunas de Morro Branco e o parque aquático Beach Park -, a região prevê assistir a um acréscimo no fluxo turístico com a inauguração do aeroporto de Aracati. De acordo com o secretário de Turismo do Ceará, Bismarck Maia, tanto a pista quanto o terminal de passageiros, todo decorado com motivos regionais, deverão ser inaugurados em setembro, com infraestrutura para voos domésticos e internacionais.

Por terra, a duplicação do trecho da rodovia CE-040 entre Iguape e Beberibe e as melhorias na parte que liga a cidade à capital também deverão incrementar o número de turistas que visitam a região. "Com a conclusão das obras, o tempo de viagem entre Fortaleza e Beberibe, que é de uma hora, deverá cair para 40 minutos", comemora a secretária de Cultura e Turismo de Beberibe, Ingrid Peixoto Bessa.

Para evitar que o aumento no número de visitantes não prejudique o meio ambiente, a Prefeitura realiza campanhas de conscientização da população e a Semace (Superintendência Estadual do Meio Ambiente) mantém monitores em Morro Branco encarregados de orientar e fiscalizar os passeios. "Não adianta o turista ser consciente se o morador não é. A preservação tem que partir da gente", explica a coordenadora técnica de turismo da secretaria, Renata Peroba Bezerra. Os próprios artesãos passaram a tingir areias de outros recantos para colorir suas garrafinhas sem degradar os locais que tanto retratam.

Mesmo assim, em Morro Branco o processo de erosão das falésias é evidente. Ainda na semana passada, parte de um monte deslizou por conta das fortes chuvas. Um dos guias que acompanham o passeio pelo Labirinto observa: "A paisagem tem mudado muito rápido. Há poucos anos, as falésias ocupavam um espaço muito maior. Os artesãos extraíam areia e até montavam barracas de artesanato sobre o local. Só depois é que se tomou consciência da degradação e passou-se a preservá-la".

Ao turista, resta conferir os encantos e as múltiplas tonalidades da Rota das Falésias antes que eles se esvaiam, de grão em grão, com a mesma tenaz eficiência de seus artistas.

A jornalista viajou a convite da Fundação CTI, da TAM e da Secretaria de Turismo do Ceará

Aquiraz: o ponto de partida

O primeiro ponto de parada na Rota das Falésias é a cidade de Aquiraz, situada a 34 quilômetros de Fortaleza. É bem verdade que o parque aquático Beach Park, na Praia de Porto das Dunas, monopoliza as atenções com seus dois resorts e toboáguas de tirar o fôlego. Só no ano passado, 750 mil pessoas se dispuseram a pagar os R$ 95 (ou R$ 85, no caso de crianças) para conferir as atrações do complexo, como o Ramubrinká, brinquedo inaugurado em fevereiro com sete toboáguas e torre de 24 metros de altura.

Mas o gigantesco empreendimento está longe de ser o único motivo para uma viagem a Aquiraz. Perto dali, no sentido Leste, a Prainha, o Presídio e Iguape cativam os turistas com a simplicidade de suas vilas de pescadores, sempre fartas em barracas que servem peixes e frutos do mar a preços bem mais em conta do que os do parque aquático.

Apesar do clima em comum, cada uma tem lá suas peculiaridades. A orla do Presídio - onde prisioneiros holandeses ficaram aprisionados no século 17, quando a capitania do Ceará foi retomada pelos portugueses - apresenta mar manso e muitos coqueiros ao longo da extensa faixa de areia. Já a Prainha tem ondas fortes, boas para o surfe. E Iguape é famosa por suas dunas, jangadas, pelo Centro de Rendeiras e pela vista a partir do Morro do Enxerga Tudo.

Também é nesses vilarejos que se pode observar melhor o minucioso trabalho das rendeiras nos bilros. Elas se reúnem nos centros de artesanato da Prainha, de Iguape e na CE-040 produzindo desde porta-copos até toalhas de mesa. O ponto mais tradicional é o de bilro, mas também há labirintos e bordados com preços variando entre R$ 10 e R$ 150.

De grão em grão

As garrafinhas com areia formando paisagens coloridas são um dos grandes ícones do artesanato do Ceará. Primeiro, a arte restringia-se a formas geométricas e arabescos. Até que num certo dia uma garrafa caiu e se quebrou, espalhando no chão grãos de areia que mais pareciam uma das belas paisagens cearenses. Vendo aquilo, a mãe de Antônio Eduardo, o Toinho das Areias, descobriu essa nova possibilidade e chegou a imagens pontilhadas, que lembram os pintores modernistas.

Nos anos 1970, Toinho inovou no desenho, reproduzindo fotografias para atender a encomendas. Resultado é que o ofício se espalhou pelas praias de toda Aracati e municípios vizinhos, como Beberibe, Icapuí e Fortim, lugares onde existem falésias do mesmo barro de ricas matizes.

Com pazinhas, funis e ferros minúsculos, os artesãos fazem até três garrafas de meio litro por dia, além de copos, frascos de perfume e chaveiros. A arte, no entanto, está ameaçada porque as dunas e falésias têm sido devastadas por um turismo mal orientado.

Por Heloísa Cestari - Diário do Grande ABC / Enviada ao Ceará
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