NOTÍCIA ANTERIOR
Show reúne 100 mil pessoas em Mauá
PRÓXIMA NOTÍCIA
Redução de jornada domina 1º de Maio
DATA DA PUBLICAÇÃO 02/05/2008 | Cidade
Causa da morte de jovem é mistério
No laudo do IML (Instituto Médico Legal), a causa da morte de Erick Jhonathan Esiquiel, 20 anos, é desconhecida. Exames feitos no corpo do estudante de Direito encontrado anteontem na cidade de Pirapora do Bom Jesus, após participar de uma festa rave no sábado, não apontaram se o jovem foi espancado nem a data da morte.

Ele foi encontrado com uma fratura exposta na perna e lesões no rosto. Por conta dos ferimentos, o boletim de ocorrência na delegacia de Pirapora foi registrado como homicídio simples. No entanto, não há indícios de que houve um assassinato nem pistas de como o desaparecimento e o suposto crime aconteceram. O IML de Osasco, responsável pelos exames feitos no rapaz, não identificou perfurações de objetos pontiagudos ou mesmo tiros no corpo do estudante. Apenas as lesões já relatadas.

O mistério entorno do que realmente aconteceu com o morador de Ribeirão Pires, que saiu de casa escondido, revolta a família e desperta a curiosidade da polícia. Uma das hipóteses é de que o corpo do jovem tenha sido desovado na pedreira que abrigou a festa. Para um dos tios do rapaz, Marcos de Cantalice, esta possibilidade parece bastante provável.

“Na terça-feira, meu irmão Carlos Eduardo esteve no local e não viu o corpo. No dia seguinte, estava lá. Como? Nós fizemos buscas detalhadas em toda a área, com binóculos, inclusive. Teríamos visto alguma coisa. Ele estava a cerca de um quilômetro do principal ponto da festa”

A falta de informações sobre o paradeiro do rapaz, que oficialmente saiu de casa no último sábado para fazer uma prova na faculdade e depois seguir para um congresso, dificultou a atuação da família. Os pais só souberam que ele havia mentido no domingo, por volta das 15h. Até este horário, ele não foi procurado por parentes. Apenas um amigo se preocupou em saber o que havia acontecido, já que Erick não compareceu ao ponto de encontro marcado pelos amigos.

“A polícia, no início, não mostrou empenho. Tivemos de nos organizar, praticamente sem ajuda. Fomos a 15 cidades nos quatro dias em que ele ficou desaparecido. Não conseguimos nenhuma pista até o aparecimento do corpo. Os colegas da van abandonaram meu sobrinho”, acredita Cantalice.

Estudante gostava de jazz e filosofia

Em seu perfil no site de relacionamentos Orkut, Erick mostrava que gostava de filosofia e jazz. Entre os livros preferidos estão clássicos de Platão, Aristóteles, Marx e Sófocles, além de obras de Direito. O trompetista Chet Baker era um dos principais ídolos do jazz, gênero musical que admirava.

Como a família é evangélica, desde de criança Erick costumava tocar na igreja. Segundo o pai, ele tinha habilidade no pandeiro, triângulo, trompete, mas sua última paixão era o eufônio, instrumento que pertence à classe das tubas com tubo mais largo.

Revolta

A irmã de Erick, Kimberly Francine, 15 anos, colocou ontem no perfil da sua página no Orkut que “a festa rave é a maldição da juventude atual.” No texto, ela diz que o irmão foi visto passando mal e sendo levado pelos seguranças para fora da festa. Segundo ela, Erick teria se drogado e não resistiu. “O impacto deste primeiro contato com as drogas foi muito forte, mas lhe negaram socorro, preferiram retirá-lo da festa e lançá-lo para fora.”

O pai, Almir Dias Isiquiel, acredita que o filho poderia ter uma “reação forte” caso tivesse mesmo se drogado. “Até para remédio ele sempre foi fraco. Além da disritmia cerebral na infância, teve pedras nos rins na juventude. Seu corpo não suportaria o efeito das drogas.”

Sem brigas - Os amigos Samuel Felipe Martins, 20 anos, e José Willian Monteiro Rosa, 18, são moradores de Pirapora do Bom Jesus e participaram da Tribe no último sábado. Segundo eles, o evento estava bem organizado e enquanto permaneceram no local, não presenciaram nenhuma briga. “Em raves, não há confusão. As pessoas vão para se divertir”, afirma Martins. Ele conta que toda a área da festa estava cercada por placas de ferro com mais de dois metros de altura, o que impedia que as pessoas se dispersassem pela pedreira.

Para família, jovem apanhou até morrer

Para a família, a causa da morte do estudante Erick Jhonathan Esiquiel está mais do que esclarecida, mesmo sem a confirmação oficial dos médicos-legistas responsáveis pela autopsia, realizada no IML de Osasco. “Meu sobrinho foi espancado até morrer. Bateram muito nele e se livraram do corpo”, acusa o tio Marcos de Cantalice.

A tese dos parentes é baseada na posição e no estado com que o jovem foi encontrado pela polícia na noite da última quarta-feira. O corpo apresentava ferimentos nos lábios, o olho esquerdo estava inchado (como se alguém tivesse dado socos no rapaz) e havia uma fratura exposta na perna esquerda.

“Ele estava praticamente nu. A calça estava fora do corpo, o cinto fora da calça e os braços esticados para cima da cabeça. Além disso, a corrente de prata que ele usava sumiu”, conta o tio.

A família defende que se o jovem tivesse caído do penhasco – a festa aconteceu numa pedreira –, o corpo apresentaria outras fraturas e machucados mais graves. A hipótese de que ele tenha morrido em decorrência de uma overdose, causada pelo consumo de drogas durante a rave, também não convence os parentes.

“Não posso garantir, mas pelo o que conhecia do Erick, ele não usava drogas. E mesmo se tivesse usado, como explicar os ferimentos no olho e nos lábios?”, questiona Cantalice. Abalados, os pais preferem não comentar a morte do filho, que será enterrado hoje, às 9h, no Cemitério Vale dos Pinheirais, em Mauá.

Ontem no velório, mais de um centena de pessoas choraram a tragédia. O caixão chegou fechado e amigos colocaram fotos para lembrar o rapaz. A mãe, Dulcelene Neves Cantalice, gritava de saudades do futuro ‘doutor Erick’. Ele cursava o terceiro ano da Faculdade de Direito de São Bernardo.

A única vontade da família agora é punir os culpados. Para os parentes, a responsabilidade é dos organizadores da festa. “Não temos o sobrenome Nardoni (fazendo referência à morte da menina Isabella), mas acreditamos na mesma justiça. Os culpados não podem ficar impunes”, completa.

Como forma de homenagem e protesto, amigos e familiares anunciaram que vão espalhar faixas pelas ruas de Mauá. O texto tenta passar um recado do próprio Erick. “Aos amigos que me encontraram, saudades. Aos covardes da van que me abandonaram, até nunca mais.”

Liberdade

A mudança de comportamento relatada pelos pais de Erick era encarada por ele como uma transição para a liberdade. O rapaz foi criado em costumes evangélicos rígidos. Beber, fumar e participar de festas eletrônicas eram hábitos considerados inapropriados, segundo a religião.

O melhor amigo do rapaz, José Roberto Coradi Júnior, conta que a vontade de conhecer coisas novas era grande, mas não extrapolava os limites do razoável.

“Ele bebia cerveja quando podia, mas pouco. Saía para dançar, mas de vez em quando. Nada disso, porém, afetava sua disposição para estudar ou trabalhar. Tinha as melhores notas da classe. Só queria se divertir um pouco mais. Vai fazer muita falta para todo mundo.”

Link do orkut de Erick: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=12104093644767312712

Por Adriana Ferraz e Vanessa Fajardo - Diário do Grande ABC / Foto: orkut.com
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Setecidades - Clique Aqui
As últimas | Cidade
06/04/2020 | Atualização 06/04/2020 do avanço Coronavírus na região do ABC Paulista
03/02/2020 | Com um caso em Santo André, São Paulo monitora sete casos suspeitos de Coronavírus
25/09/2018 | TIM inaugura sua primeira loja em Mauá no modelo digital
As mais lidas de Cidade
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7717 dias no ar.