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DATA DA PUBLICAÇÃO 28/08/2014 | Informática
Casais paqueram em games on-line e romance vai dos jogos para o altar
 Casais paqueram em games on-line e romance vai dos jogos para o altar Os noivos Jen e Nick Crovo durante o casamento deles baseado no game on-line 'World of Warcraft'. (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal/Jen Crovo)
Os noivos Jen e Nick Crovo durante o casamento deles baseado no game on-line 'World of Warcraft'. (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal/Jen Crovo)
'World of Warcraft', 'Perfect World' e 'Counter Strike' selam união de gamers.

Para jogadora, game é melhor que rede social para quem quer namorado.


Entre um tiro certeiro na cabeça do personagem rival e uma missão cumprida ao lado de feiticeiros, guerreiros e cavaleiros contra figuras mitologicamente digitais, jogos on-line são novo lugar para paquerar. E não fica apenas no flerte. Casais formados em games desligaram o computador e levaram o relacionamento para a vida real. Alguns até subiram ao altar e já veem correndo pela casa os filhos nascidos deste “amor nos tempos do game over”.

Há três anos, quando morava em São Gonçalo (RJ), Jéssica Carneiro, 21 anos, passava horas no jogo on-line “Perfect World”. “O ‘PW’ atrapalhou a minha vida. Eu jogava direito, ficava sem comer. Tomava banho de gato. Minha mãe ameaçava desligar a luz da casa para eu parar de comer”, conta Jéssica. “Mas se não fosse o jogo, não teria o meu neném.”

Como grande parte dos MRPG (massive rolling playing games), no “PW”, os jogadores montam personagens que evoluem conforme adquirem itens ou vencem missões. É possível “casar” no game. Não foi o caso dela e de Douglas Machado, de 22 anos. Eles se conheceram por meio de uma amiga. Douglas também não ia bem do coração, pois vivia um namoro à distância que chegava ao fim. A entrada dele na vida da moça ajudou a sepultar o relacionamento com o ex – ciumento, chegou a se matricular no curso universitário de Jéssica para evitar que ela conversasse com Douglas.

Um ano e meio depois de amizade seguida por namoro virtual, Douglas se mudou para o Rio com planos de voltar a Porto Alegre apenas após Jéssica concluir a faculdade. Um imprevisto, porém, fez os dois adiantarem os planos. Em maio de 2013, Jéssica descobriu que estava grávida havia um mês. A mãe dela, no entanto, só foi informada disso quando Jéssica já morava na capital gaúcha e, com seis meses de gravidez, quase teve um parto. Ao anunciar pelo telefone que tinha algo para contar, ouviu: “Não vai dizer que você fez uma tatuagem” -- a mãe tem pavor de tatuagem. Em seguida emendou: “Eu não vou te ver gravida não, né?”. Foi aí que Jéssica respondeu: “Tá vendo, mãe, como tem coisa pior que isso. Você não vai me ver grávida porque eu estou em outro estado”.

Casamento gamer
Após o choque inicial, a nova vovó só tem olhos para o neto. "Ela é louca pelo meu filho. Mas não pode chamá-la de vó. É mãe de segundo grau", conta Jéssica. Hoje morando juntos em Porto Alegre, o casal nascido no “Perfect World” e que deu ao filho o nome de Leon, em homenagem ao personagem de “Resident Evil”, ainda sonha com casamento, mas diz já levar a vida que querem. “Eu quero casar quando estiver com a vida estável para fazer que nem em filme. Casar e viajar depois. Casar é uma festa, um bolo, um terno e a família reunida e bem. Casamento é dia a dia, é conta todo mês, é saber dar a volta por cima dos perrengues sem estresse”, diz Jéssica.

Os americanos Jen e Nick Crovo levaram para o altar o game que os conectou enquanto tinham que namorar à distância. Ele em New Hampshire e ela em Massachusetts. “Nós construímos nosso relacionamento por meio de ‘World of Warcraft’, porque vivíamos em estados separados”, diz Jen. Eles levaram ao casório armas utilizadas pelos personagens do game e a marcha nupcial misturou temas de “Game of Thrones” e do game “Final Fantasy”.
Para quem está procurando namoro, games são mais eficazes do que sites de relacionamento. É difícil ter relacionamento com as pessoas que não jogam e que não te entendem. Tenho amigos que fiz nos jogos. Amigos que passaram do virtual para o real"
Thaisa Gomes de Barros, balconista e gamer

Xaveco de jogador
“Para quem está procurando namoro, games são mais eficazes do que sites de relacionamento”, brinca Thaisa Gomes de Barros, de 33 anos, balconista de uma loja em Maceió (AL) e jogadora assídua de “WoW”. A hoje séria líder de guilda não dá muita bola para os engraçadinhos que tentam puxar papo. Mas tanto ex-namorado quando o ex-marido da moça foram jogadoras que ela conheceu nos games. Ela diz que paquera "é o que mais tem, principalmente quando os meninos descobrem que é mulher”. O ex-namorado, com que permaneceu por sete meses, foi apresentado por uma amiga dentro do game, assim que Thaisa retornou à cidade natal, após ficar mais de 10 anos fora e já não conhecer ninguém. Ela voltava para casa após se separar do marido, com quem vivera seis anos. O relacionamento dos dois também havia começado em outro game, o “Ragnarok”.

Na pele da feiticeira com que jogava, Thaisa gostava de conversar com amigos horas a fio. O personagem de Danilo, o ex-marido, era o alvo de gozação de seus amigos. Ela resolveu puxar papo e não foi muito bem recebida. “Danilo foi muito mal educado, achava que eu era homem. Tem muito disso no jogo.” Uma missão para tomar castelos rivais surgiu. Como solução, resolveu chamar o jogador mal criado e até o adicionou no sistema de voz do game. Na hora marcada, além de não aparecer, bandeou-se para o time rival. “Ele destruiu todo nosso castelo e ainda me matou.”

Thaisa não resistiu. Chamou o rapaz para uma conversa privada e o “xingou de tudo”. “Foi aí que ele viu que eu era mulher. E se arrependeu.” Daí em diante, ela em São Paulo, ele no Mato Grosso, não se desgrudaram mais da tela do computador. “Passava cinco seis horas jogando e conversando.” Dali a seis meses, ela cruzou o país. Foi de mala e computador para a casa de Danilo. Foi lá que ele mostrou a ela como jogar “WoW”. Logo tiveram que trilhar caminhos diferentes e jogar em servidores diferentes. “Se a gente continuasse a jogar juntos iria ter uma briga maior e era capaz de nós nos separarmos”, brinca Thaisa. “É muito difícil ter um relacionamento com as pessoas que não jogam e que não te entendem”, afirma Thaisa. “Tenho um monte de amigos que fiz nos jogos. Amigos que passaram do virtual para o real.”
Quando morria no 'Counter Strike', corria ao bate-papo do game para ouvir piadas do novo amigo, Tiago. “Achava o sorriso dele melhor que a mira”, brinca Paula. Eles se casaram e tiveram filha

Filho de gamer
Um desses amigos é o paulista Tiago Incao, que conheceu no “WoW”. A história dele passa pelo mundo do “game over”. Ele encontrou Paula Nishimura, sua esposa, em uma lan house, em 2001, quando os locais ferviam e chegavam a reunir multidões de jovens que viravam a noite disparando contra os rivais em jogos de tiro. Paula começou a frequentar a lan house, em São Paulo. Lá conheceu Tiago, que achava engraçado. Quando morria no “Counter Strike”, corria ao bate-papo do game para ouvir piadas do novo amigo. “Achava o sorriso dele melhor que a mira”, brinca.

Um mês após o namoro de Paula terminar, ela e Tiago engataram relacionamento sério. E se casaram sete anos depois. Nesse meio tempo, ela jogou “Counter Strike” profissionalmente, foi vice-campeã mundial duas vezes e se formou em biologia. Thiago abriu uma lan house, que administrava até 2013. Foi quando nasceu Sandra, a filhinha dos dois, hoje com um ano e três meses. Thiago se desfez do negócio para ser pai e Paula trabalha em uma empresa de monitoramento ambiental. A lan house saiu da vida dos dois, mas os games permanecem. “Às vezes ele está jogando ‘WoW’, e eu aviso que a janta está pronta. Ele diz que tá fazendo não sei lá o que e pede dez minutos. Temos que ficar esperando, né. Isso porque agora um joga e outro, não. Quando os dois jogavam, não tinha problema", conta Paula.

Por Helton Simões Gomes - G1, em São Paulo
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