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DATA DA PUBLICAÇÃO 30/05/2010 | Política
Câmara tem documentos históricos à espera de restauração há 50 anos
A Câmara dos Deputados abriga um acervo de cerca de três milhões de páginas de documentos históricos sendo restaurados ou à espera de restauração. No acervo há relíquias como um documento datado de 1867, escrito de próprio punho pelo então imperador Dom Pedro 2º e desenhos originais do arquiteto Oscar Niemeyer.

Abrigados em um pavimento interno da Casa, sob condições especiais de temperatura e luminosidade, os documentos corroídos, boa parte deles do século 19, começam a ganhar uma nova estrutura.

“Restauração é como uma cirurgia. Mesmo com toda a tecnologia disponível, o papel é agredido. Não existe uma receita para fazer este trabalho. Cada documento precisa de uma técnica especial”, afirma Teresa Ferrão, restauradora que trabalha na recuperação dos textos.

Mesmo a lata sofre com a ação do tempo. Muitos dos documentos foram danificados pela ferrugem. Onde a escrita foi prejudicada, não há como mudar, ou estaria sendo alterada a história do país"Francisco Carvalho, diretor do Centro de Documentação e Informação da CâmaraA maioria dos documentos foi deslocada do Rio de Janeiro para Brasília a partir de 1960, quando a nova Capital Federal foi fundada, e compõe a história política e econômica do país. Todos foram foram armazenados em caixas de ferro, especialmente produzidas para essa finalidade.

São centenas de caixas, boa parte servindo até hoje de abrigo para a papelada. Ao longo de meio século, todas elas já foram abertas, mas nem todos os documentos foram retirados. Apenas 300 das 1.000 caixas que chegaram a Brasília em 1960, e novos compartimentos que guardam outros documentos desde aquela época foram completamente revisados e tiveram os materiais removidos para restauração e catalogação.

Devido às condições como eram guardados, muitos deles dobrados, os documentos tiveram o processo de deterioração acelerado. Alguns papéis parecem jogos de quebra-cabeça, devido à fragmentação. As partes encontradas ao fundo das caixas são reunidas, e cabe aos restauradores unirem uma a uma. Quando não é possível encontrar os pedaços, as lacunas são preenchidas com um papel especial, chamado de “japonês”, que após a colagem recebe um pigmento que o deixa da cor do material original. Se a escrita é perdida, não há o que fazer.

“Mesmo a lata sofre com a ação do tempo. Muitos dos documentos foram danificados pela ferrugem. Onde a escrita foi prejudicada, não há como mudar, ou estaria sendo alterada a história do país”, avalia Francisco Carvalho, diretor do Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados.

Higienização
Até chegarem às mãos dos restauradores, os documentos têm um longo caminho a percorrer. As caixas que os abrigam são abertas em uma sala que lembra um centro cirúrgico. Lá, quatro funcionários trabalham oito horas por dia higienizando os papéis. Todos precisam usar roupas especiais, além de luvas, máscaras e óculos. Uma proteção para que os documentos não sofram a ação de organismos externos nem transmitam fungos aos funcionários.

Depois de limpas com um pincel, cada folha é colocada sobre um papel livre de ácidos e envolta em tecido. De lá, são levadas para o local onde serão recuperadas. Sob as mesas dos restauradores estão desde documentos do século 19 até papéis mais recentes, como desenhos do arquiteto Oscar Niemeyer que deram origem a Brasília.

Alguns dos materiais já restaurados estão expostos desde a última quarta-feira (26) no Salão Negro da Câmara dos Deputados. A exposição “50 Anos do Congresso Nacional em Brasília” poderá ser visitada até agosto. Os arquivos originais de Niemeyer estarão entre as peças mais valiosas da exposição.

“Eu sinto como se estivesse ajudando a preservar a história nacional”, diz o restaurador Antônio Barreto, responsável pela recuperação dos arquivos de Niemeyer que estão na exposição.

Eu sinto como se estivesse ajudando a preservar a história nacional"Antônio Barreto, restauradorApós serem recuperados, os papéis são transportados para o acervo, onde ficam armazenados em um espaço chamado “mapoteca”. Nas grandes gavetas, as folhas ficam dentro de um compartimento de cristal, semelhante a uma pasta de plástico. Todas estão separadas por anos.

O acesso a pesquisadores é permitido mediante um pedido especial feito diretamente à Câmara dos Deputados. Os documentos que ainda estão nos compartimentos de lata ficam isolados em prateleiras fechadas e numeradas de acordo com os anos que representam.

“Não é nenhum pouco barato restaurar. É mais acessível do que recuperar. Por isso temos de ter todo um cuidado para liberar o acesso”, diz Marta Lira, arquivista responsável pela Secção de Documentos Históricos da Câmara.

Por G1, em Brasília
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