NOTÍCIA ANTERIOR
Anvisa proíbe venda de Max Burn, divulgado como emagrecedor
PRÓXIMA NOTÍCIA
Após impasse de 2 anos, Hospital São Caetano é entregue
DATA DA PUBLICAÇÃO 05/02/2012 | Saúde e Ciência
Calmantes foram os remédios mais consumidos de 2007 a 2010
Calmantes foram os remédios mais consumidos de 2007 a 2010 Conforme Théo, o estilo de vida influi no alto consumo de calmante
Conforme Théo, o estilo de vida influi no alto consumo de calmante
É o que mostra pesquisa da Anvisa; em 2010 foram vendidas 10 milhões de caixas do ansiolítico mais utilizado no Brasil

Todo mundo está sujeito a episódios de ansiedade em algum momento da vida. Seja por razões profissionais ou pessoais, a preocupação em excesso é considerada saudável quando é de curta duração. Se os sintomas persistem por muito tempo, a ansiedade pode se transformar em patologia e requerer a utilização dos chamados ansiolíticos (calmantes), remédios de venda controlada que atuam no controle da ansiedade.

O crescimento no consumo desse tipo de remédio foi constatado por boletim emitido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no último dia 20. O levantamento mostra que os ansiolíticos foram os medicamentos de venda controlada mais vendidos no Brasil entre 2007 e 2010. Somente em 2010 foram comercializadas cerca de 10 milhões de caixas de Clonazepam, medicamento que lidera a lista.

Os sintomas da ansiedade variam, mas são comuns relatos de palpitação, dores no peito e dificuldades para dormir. As mulheres são maioria, já que possuem três vezes mais chance de ter o problema que os homens. Sérgio Baldassin, professor de Psiquiatria da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), explica que os calmantes têm diferentes níveis de ação, com duração que varia de acordo com o metabolismo de cada um.

Prescrição
Além do psiquiatra, outros especialistas como cardiologistas e gastroenterologistas também receitam ansiolíticos para auxiliar no tratamento de enfermidades como dor crônica. Por isso, Baldassin alerta para os cuidados no momento da prescrição, já que os casos mais leves de ansiedade podem ser tratados apenas com terapia e atividade física.

“O calmante não é um remédio para dormir. O ideal é a combinação de terapia com o medicamento, pois o calmante trata a ansiedade, mas não a causa dessa ansiedade.”

O paciente deve se informar também sobre os efeitos colaterais, como perda de memória, diminuição na qualidade do sono e perda de reflexos, além da possibilidade de dependência por conta do uso prolongado. “Algumas pessoas começam a pedir doses maiores, muitos vão a mais de um médico só para conseguir mais receita.”

Outro perigo, de acordo com Baldassin, é a mistura dos ansiolíticos com substâncias como o álcool, que potencializa o efeito sedativo do remédio e pode ter graves consequências. “Essa combinação pode ser letal.”

Para paciente, receita é distribuída sem critério

As fortes crises de ansiedade levaram Lúcio (nome fictício), 56 anos, a procurar ajuda especializada para controle da patologia. A ingestão do ansiolítico foi iniciada com supervisão médica e há 30 anos o medicamento faz parte de seu cotidiano. “Tomo todos os dias quatro gotas de Rivotril ao levantar, duas após o almoço e quatro antes de deitar”, detalhou.

Lúcio conta que começou tomando doses muito maiores do que as atuais e que foi reduzindo a quantidade com o passar dos anos. A expectativa é que a dose continue diminuindo, apesar de ainda ser complicado imaginar como seria seu dia a dia sem o remédio. “Seria muito, muito difícil. Basta lembrar a época em que não usava e sofria crises que paralisavam meus movimentos.”

Apesar do longo tempo de tratamento, Lúcio não se considera viciado e chama atenção para a ausência que os remédios podem causar para a saúde psíquica de seus usuários. Ele também tece críticas à maneira como os médicos recomendam a utilização dos ansiolíticos.

Alívio
“Hoje todos são ansiosos, deprimidos ou algo parecido e procuram no ansiolítico alívio instantâneo que não existe. Profissionais pouco cuidadosos, porém, preocupados às vezes mais com seus ganhos do que com a saúde do paciente, empurram um Rivotril em coitados que não têm nada parecido com ansiedade. Gente que, na verdade, tem problemas que poderiam ser resolvidos com terapia, sem medicamentos, por exemplo”, argumentou.

Rotina agitada contribui para aumento no consumo

O estilo de vida marcado por pressões e tempo escasso pode ser um dos motivos para o crescimento do consumo dos chamados ansiolíticos (calmantes). Para o médico Théo de Oliveira, assessor de saúde do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, esse crescimento se acentuou nas últimas duas décadas.

“Não tem outra causa que não o estilo e as condições de vida, principalmente nas grandes cidades. As relações são de curto prazo e, quando se vive dessa forma, não se estabelece vínculos. Nessa sociedade só uma coisa é garantida: as consequências de ter esse estilo de vida”, sentenciou.

Oliveira conta que o aumento no consumo dos remédios psicoativos (que agem no sistema nervoso central) também foi observado em sua rotina de trabalho. Em 2004, foi feito levantamento entre as pessoas atendidas no Departamento de Saúde do Trabalho do sindicato. Foi constatado que, entre as cerca de três mil pessoas que passaram pelo local, aproximadamente 20% afirmaram utilizar algum medicamento do gênero (calmantes ou antidepressivos).

Soma
Chamou a atenção ainda o fato que, desse total, a maioria se encontrava na faixa etária dos 18 aos 25 anos. “Provavelmente é consequência da soma escola e trabalho. A pessoa tem pouco tempo para dormir, chega estressada em casa e precisa relaxar para acordar cedo no dia seguinte”, afirmou.

O médico alerta que o medicamento não pode ser utilizado indiscriminadamente e que o consumo desnecessário pode atrapalhar a rotina do paciente.

Por Rosângela Dias - ABCD Maior
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Gerais - Clique Aqui
As últimas | Saúde e Ciência
20/09/2018 | Campanha contra sarampo e poliomielite segue na região
19/09/2018 | É melhor dormir com ou sem meias?
19/09/2018 | Forma de andar mostra os vícios de postura
As mais lidas de Saúde e Ciência
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7717 dias no ar.