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DATA DA PUBLICAÇÃO 07/03/2016 | Economia
Bufês infantis adotam táticas para driblar crise
 Bufês infantis adotam táticas para driblar crise Foto: Celso Luiz/DGABC
Foto: Celso Luiz/DGABC
O sonho da festa de aniversário de 1 ano do Murillo corre sérios riscos de sofrer algumas adaptações. A mãe, a professora Flávia Cristina Serafim Quintino de Lima, 25 anos, de Santo André, que planejava a comemoração em um bufê infantil, está repensando a opção. “Está muito caro! Uma festa com 100 convidados vai de R$ 4.000 a R$ 6.000”, diz, estarrecida. Essa reação é cada vez mais constante entre os pais que antes pretendiam contratar a festa e, agora, por conta da alta na inflação, no desemprego, do endividamento crescente e da insegurança para fazer novas dívidas, estão revendo os planos.

Para não sofrer com a crise, e evitar o fechamento das portas, os bufês, que desde 2010 vinham sinalizando como ramo promissor – justamente devido ao aumento do poder de compra da população, o que fez aumentar significativamente a presença desse tipo de negócio na região –, hoje precisam lançar mão de estratégias para conseguir se manter.

A equipe do Diário conversou com alguns empresários do setor no Grande ABC, que, para driblar o cenário, oferecem parcelamento em até dez vezes, substituem ingredientes do cardápio para viabilizar a festa, trocam o aluguel por outro mais barato e abrem mão de até 30% do lucro.

ESTRATÉGIAS - Diante da situação delicada no cenário econômico, João Pedro Ronche, dono da Toca do Leão, em Santo André, confessa que, para manter os consumidores, é preciso arcar com parte dos custos. “Oferecemos algumas cortesias, descontos, tudo dependendo da necessidade do cliente, mas infelizmente há um reflexo no lucro”, explica o proprietário do bufê, que estima perda de até 30% nos ganhos líquidos.

Para Ronche, que está no mercado há dez anos, a saída foi a mudança de endereço. “Estávamos na Rua das Bandeiras e fomos para Rua das Caneleiras. A troca foi positiva, pois, além de um aluguel mais barato, tenho um espaço maior para comportar mais convidados, o que pode elevar o preço médio da festa”.

Com apenas um ano e oito meses no ramo de festas infantis, Mirela Pereira, 32, proprietária do Jack Kingdon, em Santo André, conta que já teve que fazer algumas modificações nas condições de pagamentos e no menu. “O parcelamento, que antes era feito até a data da festa, hoje vai até dez vezes, dependendo do caso”, explica ela. Outra saída foi a criação de cardápio alternativo. “Criamos um que mantém os itens principais, mas os mais caros são retirados. Ficou de 25% a 30% mais barato que o tradicional, isso nos ajudou a atrair público”, conta.

Para quem já ingressou no negócio em meio à crise, foi preciso pensar em algo diferente para se destacar. Há seis meses sob nova direção, o Cata-Vento, em São Bernardo, já se depara com clientes mais exigentes, que estão pesquisando mais e em busca de ofertas. “É preciso analisar caso a caso e adequar as condições do bufê com a realidade do cliente”, destaca o gerente Márcio Cortese de Alcântara, 40, ao destacar que tudo é negociado.

QUEDA NA PROCURA - Embora alguns empresários afirmem que não têm sentido redução na demanda – não no fechamento dos negócios –, o Floresta Park, de Mauá, sente recuo de 40% em relação ao mesmo período do ano anterior no volume de festas. “Isso nos obrigou a investir nos pacotes mais básicos, o que também influenciou no lucro da empresa. O nosso tíquete médio diminuiu 60% em comparação ao ano passado”, explica o gerente Marcos Pinheiro Alves de Souza, 28.

Alexandre Caixeta Umberti, dono da rede Megauê, com unidades em Santo André, São Bernardo, São Caetano e uma em Moema, também admite que a procura ficou menor nos últimos meses. “No ano passado, o cenário era ainda pior. Comparado a 2014, perdemos cerca de 20% no número de festas. Neste ano, a diferença foi reduzida para 10% menos”, afirma ele, ao explicar que a retração menor que há 12 meses é resultado das medidas alternativas adotadas para driblar a crise. Hoje, o espaço tem pacote mais em conta, para festas escolares, no período vespertino, com número menor de horas e restrito a poucos familiares, que sai por R$ 2.500.

Além de o consumidor estar mais motivado a barganhar na hora de contratar o evento, outros hábitos de consumo também mudaram, destaca Umberti, há dez anos no ramo. “Antes, as pessoas procuravam os bufês com quatro meses e meio de antecedência. Hoje, a média é de dois meses antes. A insegurança no setor econômico faz com que os clientes fiquem esperando até o último minuto para ver se não precisam usar o dinheiro para emergência, se ainda permanecem empregados.”

Fechamento de estabelecimentos gera insegurança

Outro efeito da crise, este muito mais drástico, é o fechamento de algumas unidades de bufês, que não conseguiram sobreviver às dificuldades econômicas pelas quais a região e o País atravessam.

Exemplo é a unidade do bufê Festa Park, em São Caetano, que, de acordo com moradores, encerrou as atividades já há algum tempo. Entretanto, a equipe de reportagem do Diário apurou com a proprietária que o local está sendo reformado e que, por enquanto, não está a venda, mas a intenção não é descartada.

Outro caso, publicado pelo Diário no início de fevereiro, é o do Fantastic House III, em São Bernardo. Com problemas financeiros, o bufê deu calote nos consumidores e fechou as portas sem dar satisfação, deixando os clientes sem festa.

“Por conta da má reputação e repercussão deste caso, muita gente vem aqui e fica desconfiada. Atrapalha a negociação, quando, muitas vezes, a pessoa tem dinheiro para pagar à vista, mas prefere o parcelamento, com medo de um possível golpe”, relata Mirela Pereira, dona do Jack Kingdon.

A segurança acaba sendo outro obstáculo a ser buscado pelo cliente e, nesses casos, as redes mais tradicionais da região acabam usando o tempo de mercado a seu favor. “Por estarmos há dez anos com as portas abertas, com mais de 5.000 festas realizadas no currículo, acabamos sendo favorecidos num momento que o consumidor procura firmeza e idoneidade das empresas”, conta Alexandre Caixeta Umberti, proprietário da rede Megauê.

ALTERNATIVA - Somado aos preços que não cabem no bolso do consumidor, muitas pessoas estão buscando alternativas aos bufês. Foi o que fez a embriologista Juliana Andrietta, 32 anos, de Santo André. “Nossa festa era para 50 pessoas, e o bufê mais barato era R$ 3.500 para 40. Acabamos fechando outro serviço, que foi até o salão do nosso prédio e serviu a comida. Como não tínhamos muitas crianças na festa, os brinquedos não fizeram muita falta”, conta ela, que gastou R$ 2.700, economia de R$ 800.

Por Marina Teodoro - Especial para o Diário
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