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DATA DA PUBLICAÇÃO 13/03/2011 | Internacional
Brasileiros relatam destruição e tristeza na volta do Japão
Chegaram na manhã deste domingo (13) ao Brasil os primeiros brasileiros que estavam no Japão durante o terremoto de sexta-feira, que deixou centenas de mortos no país. No desembarque, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, eles relataram os momentos de desespero durante a tragédia e o que fizeram para se proteger no país atingido pelo tsunami. Muitos contaram temer pela própria vida e disseram ter visto tremer prédios, móveis e carros.

“Achei que o mundo fosse acabar e eu fosse morrer nos quase dez minutos em que a terra tremeu forte na tarde daquela sexta. Parecia que eu estava num filme de terror em 3D, com tudo chacoalhando à minha volta”, disse o técnico agrícola Maurício Watanabe, de 43 anos, que deixou o Japão após dez anos morando no país. “Minha viagem para o Brasil já estava programada, mas depois desse terremoto não quero mais voltar a morar lá não.”

Japão Cobertura completa Apesar de ter estado numa região distante do epicentro, que registrou um tremor na magnitude de 8.9, Maurício afirmou que também viu destruição pelas ruas. “Foi triste e desolador: paredes rachadas, algumas caídas por onde passei. Não tinha energia e tive de arrumar minha mala com luz de velas. Ficamos dez horas sem luz”.

Assim como Maurício, outros brasileiros ouvidos pelo G1 também deixaram o país asiático porque já haviam programado a volta antes mesmo do terremoto. Eles saíram sábado (12) e fizeram conexão em cidades européias, como Frankfurt ou Munique, na Alemanha, e Londres, na Inglaterra.

Morando há seis anos no Japão, Emiko Jo, de 52 anos, afirmou que voltar ao Brasil significou alívio. “É uma glória de Deus eu estar de volta, mas mesmo assim continuo preocupada porque deixei meus filhos lá [no Japão]”, disse a mulher, que estava no sexto andar de um prédio em Nagoia no momento do abalo. “Você acha que está grogue, bêbada, mas depois percebe que o prédio balança e a rua faz ondas. É muito estranho.”

Emiko trabalhava como operária em Nagoia e afirmou que pela primeira vez viu o povo japonês demonstrar sentimentos em público. “Depois de tudo balançar e tremer, eles ficaram bastante tristes. Dá para ver no rosto deles.”

O professor universitário Ricardo Shirota, de 50 anos, contou ter visto cenas de desespero em Tóquio que jamais vai esquecer. “Eu estava num museu e corri para a rua, mas tudo chacoalhava, carro, gente, tudo. Um aquário de um restaurante, cheio de peixes, quebrou por conta do tremor”, disse Ricardo.

Segundo o professor, como a população ficou com medo e tentou voltar para casa ao mesmo tempo, ocorreram congestionamentos e muita dificuldade de se locomover de carro e ônibus. “Para piorar, os trens também pararam de funcionar na sexta. Só voltaram no sábado pela manhã. Como os telefones celulares não funcionavam, fui correndo para um computador e mandei um e-mail para minha família no Brasil tranquilizando-os, dizendo que eu estava bem apesar do terremoto.”

Sem transporte para ir do museu ao hotel onde estava hospedado em Tóquio, Ricardo afirmou que foi obrigado a caminhar para chegar onde queria. “Foram mais de três horas a pé. Nem sei quanto andei, acho que mais de 20 km.”

“Era melhor caminhar do que esperar um ônibus. Teve gente que esperou mais de cinco horas por um táxi. Vi filas enormes de pessoas em telefones públicos para ligar para seus parentes e avisar que estavam bem”, afirmou o professor, que esteve 11 dias no Japão por conta de seu trabalho.

Ele relatou que levou cinco horas em trens para ir de Tóquio a Narita, numa viagem que, segundo Ricardo, leva uma hora. “Não foi possível usar um trem só como antes.”

O casal Diego Santos Serekawa, de 24 anos, e Mabilia Bonotto, de 21, também sentiu o tremor na região onde estava, um pouco afastada do epicentro. Eles contaram que, após os abalos, a situação nos aeroportos era preocupante, com vários voos sendo cancelados e pessoas tendo de dormir nos bancos à espera de um avião para deixar o Japão.

Para Priscila Ykiko, que estava há quase dez anos no Japão, o mais impressionante foi ver idosas caindo sentadas no chão por conta dos tremores. “Eu estava numa loja, tudo balançou e algumas mulheres mais velhas caíram. Depois a luz apagou lá dentro. Foi horrível. Tivemos de sair para ver a luz do dia. Por mais que haja treinamento, às vezes você fica sem saber o que fazer. O melhor é correr para o meio da rua e se afastar de prédios.”

Indagada se pensa em voltar ao país asiático, Priscila, que é casada com um japonês, afirmou que vai ficar no Brasil. “Ao menos aqui não tem terremoto como este.”

Segundo o Serviço Geológico dos EUA (USGS), o abalo no Japão ocorreu às 14h46 de sexta-feira (horário local; 2h46 em Brasília).

Por Kleber Tomaz - G1, em São Paulo
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