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DATA DA PUBLICAÇÃO 25/09/2013 | Política
Brasileiros e chilenos resgatam memória política dos tempos de chumbo
Seminário em Santo André desperta a atenção da sociedade para as atrocidades dos regimes ditatoriais que se instalaram na América Latina entre as décadas de 1960 e 1990.

Um seminário promovido na tarde desta terça-feira (24/09) pelo centro de Memória do ABC reuniu ativistas políticos, intelectuais e sindicalistas que foram perseguidos pelas ditaduras brasileira e chilena. O ato foi realizado no teatro da Faculdade Anhanguera, em Santo André e serviu para se formar um movimento político com o objetivo de as histórias relatadas serem transformadas em documentos históricos, para a preservação da memória dos atingidos.

Um dos pontos centrais do encontro foi a ação conjunta dos regimes ditatoriais brasileiro (1964-1985) e do general Augusto Pinochet (1973-1990), que promoveram repressão pesada contra trabalhadores e movimentos sociais. “No Brasil houve as intervenções nos sindicatos, no Chile eles assassinaram os dirigentes sindicais e tomaram posse do patrimônio dos trabalhadores”, destacou Cido Faria, ex-preso político e coordenador do Centro de Memória do ABC. Só no primeiro mês de ditadura chilena, em outubro de 1973, estima-se que houve o fechamento de 300 sindicatos, além da prisão e assassinatos de dirigentes. “Essa política de repressão desarticulou o movimento popular responsável pela nacionalização do cobre (no Chile) e pela reforma agrária”, acentuou o antropólogo Osvaldo Torres Gutierrez, ex-integrante do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária) e professor decano da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade do Chile.

A história brasileira foi contada por Olivier Negri e Maria Júlia de Oliveira, que foram militantes da AP (Ação Popular), presos e torturados pela ditadura brasileira. “Somos mensageiros de uma mudança profunda que precisa ser feita em nossa sociedade. Ainda não vivemos uma democracia de verdade”, exclamou Olivier. Após fazer um relato “romântico” a respeito das feridas que sofreu pela ditadura, Maria Júlia fez um desabafo a plateia: “A história não pode morrer, temos de contá-la para nossos filhos para a preservação dessa memória”.

Enquanto que no Brasil a constituinte de 1988 provocou reformas significativas no sistema político, que ampliou as liberdades civis e viabilizou mais políticas públicas, no Chile ainda há resquícios da ditadura Pinochet em setores produtivos, e no sistema educacional. A militante do movimento estudantil e dirigente do partido comunista, Camila Pizarro, destacou que os chilenos ainda lutam por reparações básicas. “Um país que criminaliza os movimentos sociais é uma democracia fragilizada”. Neste mês completou-se 40 anos da ditadura Pinochet. De acordo com registros oficiais, a repressão chilena durou 17 anos e provocou a morte de 40 mil pessoas. Entre eles, o então presidente Salvador Allende, morto após o golpe em situações ainda não esclarecidas. Estima-se que mais de três mil vítimas permanecem desaparecidas. No período do pré-golpe chileno havia muitos brasileiros exilados neste país. Além de Osvaldo e Camila, a delegação chilena no seminário esteve formada por Jose Figueroa (dirigente da CUT), cuja filha é a atual presidente da CUT chilena, e Moises Labraña ( dirigente sindical e fundador da CUT no Chile).

Homenagem - Durante o seminário, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, recebeu das mãos da jovem ativista Camila Pizarro uma camiseta do cantor Víctor Jara. Trata-se do “mártir” chileno que foi fuzilado pela ditadura Pinochet, após sofrer sessões de tortura em que os militares chegaram a quebrar os dedos do ativista político. No Brasil há registros que atestam cerca de 400 atingidos pela repressão, entre presos e perseguidos políticos, mortos e desaparecidos. Mas há fatos desconhecidos que são investigados há mais de um ano pela Comissão Nacional da Verdade. Só no campo estima-se que há mais de um mil assassinatos de trabalhadores durante o regime ditatorial.

A organização do Seminário Brasil/Chile em busca de nossos mártires estima que mais de 200 pessoas participaram do ato. Muitos convidados são integrantes de diversos movimentos sociais, que lutam por justiça e reparação nesse contexto de disputa da memória que se vê no país. Entre eles, Raphael Martinelli, 89 anos, que foi liderança nacional dos ferroviários e líder do CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), Chico Bezerra, Augusto Portugal, e Djalma Bom (ex-vice-prefeito de São Bernardo, eleito deputado federal e estadual pelo PT). O seminário foi patrocinado pela Petrobras, Caixa, contou com apoio da prefeitura de Santo André, e dos Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC, de Santo André e Mauá, do Sindicato dos Bancários do ABC e do Sindserv (Servidores Públicos de Santo André). Cido Faria anunciou que em maio de 2014 a ideia é organizar, possivelmente em São Bernardo, um ato semelhante para reunir países que sofreram repressão no Cone Sul, com o objetivo de discutirem as atrocidades ditatoriais quando o Brasil chegará aos 50 anos do golpe civil-militar.

Por Rodrigo Bruder - ABCD Maior
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