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DATA DA PUBLICAÇÃO 30/11/2009 | Saúde e Ciência
Bondade é explicada pela ação dos hormônios, dizem cientistas
Com a proximidade do festival de bondades obrigatórias que é o fim do ano, permita-me fazer algumas sugestões sobre o que, de fato, você deveria agradecer. Agradeça porque, pelo menos uma vez, sua mãe não afastou seu pai com nunchakus (arma de artes marciais), mas, em vez disso, permitiu contato suficiente para facilitar sua feliz concepção.

Agradeça porque, quando você vai comprar coisas pálidas que se parecem com aves, o moço do balcão aceita seu cartão de crédito de boa fé, e até o devolve chamando você pelo nome errado.

Agradeça pelo funcionário compreensivo do balcão de passagens da United Airlines um dia após o Dia de Ação de Graças, que entende sua necessidade de sair da cidade hoje, neste minuto, caso contrário alguém de sua família vai usar os nunchakus.

Acima de tudo, agradeça pela oferta de oxitocina do seu cérebro, o pequeno e famoso hormônio peptídeo que ajuda a lubrificar todas as trocas pró-sociais, os milhares de atos de bondade, bondade mais-ou-menos e o tipo de bondade não-tão-exposta-quanto-poderia-ter-sido, que tornam possível a sociedade humana.

Os cientistas há muito tempo sabem que o hormônio desempenha papéis fisiológicos essenciais durante o parto e a lactação. Estudos em animais mostram que a oxitocina também pode influenciar o comportamento, fazendo com que roedores abracem seus parceiros, por exemplo, ou limpem e confortem seus filhotes.

Em texto publicado este mês no "The Proceedings of the National Academy of Sciences", cientistas descobriram que diferenças genéticas na capacidade de resposta das pessoas aos efeitos da oxitocina estavam ligadas a sua habilidade de "ler" rostos, deduzir as emoções dos outros, sofrer com as dificuldades alheias e até se identificar com personagens de um romance ou revista em quadrinhos.

"Entrei nessa pesquisa com um grande ceticismo", disse Sarina Rodrigues, da Oregon State University, e autora do novo relatório, "mas os resultados me derrubaram".

Capitalismo

A oxitocina também pode ser uma ferramenta capitalista. Em uma série de artigos publicados na "Nature", na "Neuron" e em outros periódicos, Ernst Fehr, diretor do Instituto de Pesquisas Empíricas de Economia, da Universidade de Zurique, e seus colegas mostraram que o hormônio tinha um efeito notável sobre a disposição das pessoas em confiar seu dinheiro a estranhos.

No estudo publicado na "Nature", 58 estudantes saudáveis do sexo masculino receberam uma solução nasal de oxitocina ou placebo; 50 minutos depois, eles foram instruídos a jogar rodadas do Jogo da Confiança uns com os outros, usando unidades monetárias que poderiam ser investidas ou guardadas.

Os pesquisadores descobriram que os participantes que receberam oxitocina tiveram uma tendência significativamente maior a confiar em seus parceiros financeiros.

Além disso, os pesquisadores mostraram que o aumento da oxitocina não fez com que os participantes simplesmente se tornassem mais dispostos a assumir riscos e desperdiçar dinheiro por aí.

Quando os participantes souberam que estavam jogando contra um computador, e não com um ser humano, não houve diferença na estratégia de investimento entre os grupos. A confiança, ao que parece, é um assunto estritamente humano.

Inveja

Mesmo assim, o hormônio não transforma a pessoa em um boboca. Na edição de 1º de novembro da "Biological Psychiatry", Simone Shamay-Tsoory, da Universidade de Haifa, e seus colegas relataram que, quando os participantes de um jogo de azar competiram com um jogador que eles consideravam arrogante, um spray nasal de oxitocina aumentou seus sentimentos de inveja quando o esnobe ganhava, e de satisfação malévola quando o oponente perdia.

No entanto, como regra, a oxitocina une as pessoas, não separa. Análogos dessa molécula são encontrados em peixes, talvez para facilitar a delicada questão da fertilização ao inibir uma tendência natural dos peixes a se afastarem uns dos outros.

Sue Carter, da Universidade de Illinois, em Chicago, pioneira no estudo da oxitocina, suspeita que a associação entre o hormônio e o nascimento de um bebê durante muito tempo fez com que os cientistas não a levassem a sério. "Mas, agora que ela está entrando no mundo da economia e das finanças, de repente virou moda", disse Carter.

Por G1, ''New York Times''
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