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DATA DA PUBLICAÇÃO 03/10/2008 | Cultura
Beijo gay é polêmica batida
Da ausência quase absoluta, desde os anos 1980 as telenovelas passaram a representar homossexuais em duas situações. A primeira, a figura caricata, saída de uma produção do vaudeville. A outra, o gay tão chocho, assexuado e sem vida quanto uma lasanha congelada.

Se há algum relacionamento entre homens, ele não passa de um abraço mais forte. Entre mulheres, há um pouco mais de intimidade, mas sem exageros. E, até agora, é assim que se desenha a relação entre Cléo, de Paula Burlamaqui, e Catarina, de Lília Cabral, em A Favorita. A dupla de amigas, cujo desfecho ainda não está definido, é a mais nova esperança de um beijo gay na televisão brasileira.

O que é puro marketing. Há um apelo ao ineditismo desse beijo que é bem distante da realidade. Já foram trocados diversos beijos entre homens e entre mulheres há décadas, cuja lembrança mais antiga remete ao ‘selinho' de Sérgio Britto e Claudio Cavalcanti no teleteatro O Caso Maurizius, na TV Tupi, há mais de meio século. E, poucos anos depois, foi a vez de Georgia Gomide e Vida Alves se beijarem em A Calúnia, de Lilian Hellman, também exibida na Tupi.

Isso no tempo que a TV brasileira produzia a peça de uma autora tão boa quanto Lilian Hellman. Houve ainda pencas de beijos de língua entre rapazes e moças de todos os sexos na MTV e, em um antológico episódio de TV Pirata, todos os atores se beijavam na boca ao final de cada esquete.

Muitos outros personagens homossexuais pontuaram a tela da TV. E, na década de 1990, já tinham uma política de cotas assegurada. Nem a morte das lésbicas Leila, de Silvia Pfeifer, e de Rafaela, de Christiane Torloni, na explosão de um shopping em Vale Tudo, de 1998, enterrou o assunto. Hoje é difícil uma novela das 21h ou 22h sem ao menos um personagem gay.

Boa parte, porém, continua preso ao estereótipo da escandalosa, como o guru Uálber, de Diogo Vilela, e seu assistente Edilberto, de Luís Carlos Tourinho, em Suave Veneno. Ou, mais recentemente, o Orlandinho, de Iran Malfitano, em A Favorita.

Os personagens com um perfil mais original, como o Betão, de Beleza Pura - em uma ótima construção de Rodrigo López - pagam o preço da solidão ou da repressão dos sentimentos. Como prêmio de consolação, Betão ganhou um companheiro ao final da novela.

Se Cléo e Catarina realmente se apaixonarem, mais preconceitos e lugares-comuns terão de ser enfrentados, bem além do clichê do beijo gay.

O interesse de Catarina por outra mulher poderia ainda ser interpretado como um trauma da personagem com os homens, depois de ser sistematicamente humilhada pelo marido Leonardo, do ótimo Jackson Antunes. E não como um verdadeiro interesse por outra mulher. Desejos costumam ter uma lógica bem menos previsível que o roteiro de uma novela. Com ou sem beijo de amor.

Por Mauro Trindade - TV Press
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