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DATA DA PUBLICAÇÃO 22/06/2010 | Geral
Barulho no metrô de SP chega a ter intensidade de show de rock
Os passageiros do Metrô de São Paulo enfrentam diariamente ruídos que variam de uma conversa a um show de rock, segundo levantamento do R7. A reportagem percorreu as três principais linhas - Azul, Verde e Vermelha - com um decibelímetro (equipamento que mede a intensidade de ruídos) em um dia de semana entre as 14h e as 17h30 (veja infográfico abaixo).

O trecho mais barulhento foi registrado entre as estações Jardim São Paulo e Parada Inglesa, da linha 1-Azul. Nesse trecho, o ruído chegou a 108 dB - equivalente a um show de uma banda de rock, segundo a ABORLCCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial). Entre essas estações, o ruído não baixou dos 98 dB, o que é equivalente ao barulho de uma serra elétrica ou de furadeira. Os valores são similares entre as estações Jardim São Paulo e Santana, onde o decibelímetro marcou ruídos entre 89 dB e 106 dB.

O inspetor de segurança no trabalho Antônio Leite Rocha pega o metrô de segunda a sexta-feira e reclama do ruído.

– É muito barulhento. Parece que o freio vem dentro do ouvido.

Segundo o otorrinolaringologista Ektor Onishi, integrante da ABORLCCF, os usuários poderiam até perder a audição se expostos a tal intensidade de ruído por muito tempo - 85 dB por oito horas já pode causar danos ao sistema auditivo humano. Como raramente um usuário passa horas no metrô, não há esse risco, mas o barulho alto pode trazer outras consequências, como dor de cabeça, aumento da pressão arterial, úlcera, gastrite, queimação e insônia.

– Tudo depende do tempo de exposição e a sensibilidade auditiva da pessoa.

Para driblar o ruído, Guilherme Marques, atendente de cartório, escuta música eletrônica com fones de ouvido conectados em seu telefone celular.

– Só consigo ouvir no último volume.

A prática de Marques não é recomendada pelo especialista.

– A orientação é não lutar contra o ruído. Senão, você vai usar um ruído mais alto. O ouvido não discrimina se é música ou barulho. O volume alto é que causa dano.

Mas, no mesmo trem que registrou valores prejudiciais na linha Azul, foram registradas intensidades inferiores. Entre as estações Carandiru, Portuguesa-Tietê, Armênia e Tiradentes, o decibelímetro marcou ruídos entre 74 e 79 dB - equivalente ao tráfego de uma grande cidade e tolerável para seres humanos.

O trecho mais silencioso estava na linha vermelha, entre as estações Tatuapé e Carrão. Fora um rápido pico de 83 dB, o ruído chegou a marcar 66 dB, nível parecido com o de três pessoas conversando e sem riscos para o ouvinte.

Fator trem
A explicação para as variações de ruído está relacionada à condição dos trilhos e à tecnologia do carro do trem, segundo o professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e doutor em ferrovias Telmo Giolito Porto.

– Um pequeno defeito na roda ou no trilho pode gerar ruído durante o contato.

Nas entradas e saídas dos túneis subterrâneos há um pico de ruído, segundo a medição da reportagem. Porto explica que isso se deve à mudança no tipo do solo.

A medição da reportagem do R7, que andou em dez trens durante o levantamento, verificou que o "fator trem" provoca alterações no barulho. Um deles trazia um adesivo de "16º novo trem", em alusão aos veículos que passaram a circular neste ano, na linha Verde. Entre as estações Consolação e Vila Madalena, o máximo de ruído detectado nesse trem foi 86 dB. Mas, no mesmo trecho, em um trem mais antigo, o barulho chegou a 100 dB – equivalente ao som de uma motosserra.

A reportagem fez várias medições durante os trajetos. Para o cálculo, o levantamento descartou toda a curva ascendente - de quando o trem ganha velocidade - e descendente - de quando o veículo diminui. Os valores passaram a ser registrados a partir da primeira oscilação para baixo, no primeiro caso, e foram descartados em casos de curva totalmente descendente.

Outro lado
Procurado pela reportagem, o Metrô se manifestou por meio da seguinte nota: "Nos trechos onde se identifica a necessidade, o Metrô implanta atenuadores de vibração nos trilhos e/ou barreiras acústicas na via. Os testes, para medir os ruídos, são executados sempre que há indícios de anormalidades ou reclamações. Entre as estações Jardim São Paulo e Tucuruvi, já foram instalados atenuadores de vibração nos trilhos e barreiras acústicas no elevado".

Para reclamações, o usuário pode ligar para a ouvidoria do Metrô no (0xx11) 3371-7304 de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 13h às 16h30. Também é possível fazer queixas pessoalmente na rua Augusta, 1.626, 9º andar, das 8h às 11h e das 13h às 16h. As reclamações também podem ser feitas pela internet no site do Metrô.

Por João Varella - R7
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