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DATA DA PUBLICAÇÃO 28/01/2009 | Turismo
Babel étnica
No corredor que leva às cabines, o camareiro filipino arrisca um "bom dia" meio sem graça. Na cozinha, o chef indiano capricha no toque verde-amarelo das esculturas de frutas e legumes que irão decorar as mesas de jantar. No reembarque em Ilhabela, um hondurenho se atrapalha diante da falha no cartão de identificação - aí, quem se confunde sou eu: como se diz ‘desmagnetizado'' em inglês mesmo? E no bar, o garçom peruano responde perguntas em espanhol com um português ora acanhado, ora desenvolto. Com 723 tripulantes de 60 nacionalidades, a viagem a bordo do Splendour of the Seas transforma-se numa espécie de babel étnica.

Quem mal arranha o inglês e o espanhol, no entanto, não tem com que se preocupar. Pode ter certeza: você sempre esbarrará em um tripulante brasileiro pronto para salvar o diálogo ou fazer as vezes de intérprete.

Segundo o diretor do escritório da Royal Caribbean no Brasil, Ricardo Amaral, por lei, pelo menos um quarto da tripulação deve ser do próprio país. Mas no caso dos cruzeiros a bordo do Splendour pela costa tupiniquim, o número de tripulantes brasileiros é um pouco maior: cerca de 30%.

Em meio a tantas etnias, bem que se poderia imaginar que o serviço acabaria em bagunça. Mas não é isso que acontece. Muito pelo contrário: o atendimento impecável é considerado um dos grandes diferenciais do navio, não só pelos viajantes made in Brazil como por quem vem de fora. "Os brasileiros costumam ser menos exigentes com o serviço e bem mais descontraídos", confidencia a camareira carioca Rosane Rosa.

O motivo para tanta organização reside na força de vontade e no currículo dos tripulantes, sempre fartos em idiomas fluentes.

"Todos os brasileiros que trabalham aqui já moraram no Exterior. Dominam outras línguas e já vivenciaram a experiência de ficar longe da família por muito tempo", explica a solícita garçonete paranaense Elizabeth Pinto, 37 anos, que além do inglês e do espanhol, fala japonês praticamente sem sotaque, resultado dos 12 anos vividos na Terra do Sol Nascente. "Não gosto de ficar no Brasil sem aprender coisas novas. Sinto necessidade de mudança, de crescimento pessoal", diz Elizabeth.

Seja qual for a nacionalidade, todos os tripulantes são unânimes ao elencar os prós e contras de se trabalhar em alto-mar. As principais vantagens não são difíceis de deduzir: possibilidade de conhecer vários países e, no caso dos brasileiros, ainda receber gorjetas em dólar. "Gostei muito de conhecer a Grécia, a Turquia e a Croácia", exemplifica a garçonete do restaurante King & I, o mais formal do cruzeiro.

Já o estresse e a sensação de confinamento são apontados como as principais desvantagens. Afinal, não é fácil passar meses em alto- mar e ainda dormir no local de trabalho, sem um porto seguro para se refugiar dos chefes, que são sempre os primeiros a dar exemplo de profissionalismo.

O onipresente diretor de cruzeiro, que aparece na TV dando instruções sobre as cabines, que o diga. De manhã, é fácil avistá-lo coordenando o desembarque de passageiros no ponto de parada. Depois do jantar, é ele quem apresenta os espetáculos no teatro, devidamente vestido de terno e gravata. E na hora da balada - quem diria? - lá está ele a incendiar a pista da boate, madrugada adentro, dançando "Abba", "Village People" e outros clássicos dos anos 1970 em sugestivos trajes de marinheiro. Nem parece o mesmo que, no dia seguinte, bem cedo, volta a coordenador os serviços com toda a seriedade que a função exige. Haja dedicação!

Por Heloísa Cestari - Diário do Grande ABC / Enviada ao Splendour of the Sea
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