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DATA DA PUBLICAÇÃO 30/03/2009 | Setecidades
Avenida de São Bernardo vira pista de corrida à noite
Com carros de todas as marcas e anos de fabricação, grupos de jovens usam a avenida que liga a Rua José Versolato (atrás do Shopping Metrópole) e a Avenida Lauro Gomes, no centro de São Bernardo, para realizar os chamados rachas.

As corridas foram flagradas pela reportagem do Diário na última quinta-feira. Os primeiros carros começaram a chegar por volta das 21h. Aos poucos, a plateia - formada, em sua maioria, por jovens e menores de 18 anos - apareceu e se aglomerou nas laterais da pista. Cerca de meia hora depois, tiveram início as disputas.

Os carros usam as quatro faixas da avenida em toda sua extensão e transitam entre ônibus que ainda passam pelo local mesmo durante a noite e início de madrugada.

Ao grito de "vai", os competidores aceleram. Muitos deles usam veículos rebaixados para melhorar a aderência à pista, alguns são equipados ainda com turbo, para ganhar mais potência.

Mais de 50 carros circulam pela região. Pelo menos metade deles participa diretamente das disputas. "Hoje não vieram vários carros importados. Justamente, os mais equipados. Com eles na pista não tem para ninguém", comenta um dos espectadores.

Olheiros - Enquanto acontecem as disputas, motoqueiros circulam pela região com radiocomunicadores para avisar os participantes do racha da chegada da polícia. Com a mesma função, olheiros se posicionam estrategicamente no canteiro central nas duas extremidades da avenida. "É só dar um toque que tudo para", conta um rapaz que participa do racha. "Para pegar, só se vier com viatura fria", completa.

Ao mesmo tempo em que os carros apostam corrida, motos fazem manobras arriscadas perto do público, que parece não se importar com os riscos.

Uma viatura da Guarda Civil Municipal não constrange os competidores, que dão sequência aos rachas. Espectadores também estacionam os carros na Rua Borda do Campo e acompanham de perto a disputa.

Somente depois da meia noite o racha termina, interrompido pela chegada de dois carros da Polícia Militar. Mas o flagrante não acontece. O esquema dos olheiros se mostra eficiente.

Imediatamente os participantes se espalham. Eles param nos postos de combustíveis da região do Paço Municipal, onde há lojas de conveniência, e consomem bebidas alcoólicas.

Segundo um homem que mora perto da avenida, acidentes entre os competidores são constantes. Ele revela que muitas vezes a polícia permanece no local por até uma hora. Mas assim que as viaturas saem, o racha recomeça, e pode se estender pela madruga adentro.

Região soma diversas mortes e apreensões

Não é de hoje que as ruas e avenidas do Grande ABC servem de palco aos amantes da velocidade, estimulados que são pela descarga de adrenalina vinda da transgressão e embalados pelos feitos de pilotos brasileiros em autódromos do mundo todo.

Nos anos 1980, o ponto de encontro do pessoal era a avenida Kennedy, no Jardim do Mar, em São Bernardo. Na década seguinte, a Avenida Goiás, em São Caetano, surgiu como mais uma opção para os rachas. E como em toda operação de risco, os acidentes são inevitáveis.

Em 30 de março de 1994, o estudante Vinícius Costa Abrantes, na época com 19 anos, invadiu uma faixa de segurança da Avenida Goiás e atropelou Zilda Gomes e seus três filhos pequenos. As crianças morreram e o infrator nem socorro prestou.

Foi em 13 de junho de 1996 que o Código Nacional de Trânsito passou a prever pena de dois a cinco anos de prisão para quem atropelasse alguém e estabeleceu prisão de seis meses a três anos para quem participasse de rachas.

Apesar do estreitamento da lei, em 23 de março de 1997 dois estudantes morreram e um ficou ferido durante outro racha na Goiás. Ainda em 1977, em operação bloqueio, na avenida dos Estados, em Santo André, a polícia encontrou 33 documentos irregulares, apreendeu 12 veículos e autuou 147 pessoas.

Em 2 de fevereiro de 1998, um vendedor e um estudante, de 16 anos, foram detidos em flagrante sob acusação de disputar racha na Avenida Goiás. No dia 11 de março de 2007, o estudante Wendel da Mota, de 18 anos, durante um racha, em Santo André, atropelou e matou o conferente Marcos batista. Na região, de 1998 até o ano passado, foram aprendidos 721 veículos e 12 motos que participavam de rachas.

São Bernardo promete ação em conjunto com a Polícia Militar

Tanto a Prefeitura de São Bernardo quanto a Polícia Militar dizem já ter conhecimento dos rachas na região, devido a reclamações feitas por moradores locais. De acordo com a administração municipal, a partir desta semana será feito um trabalho em conjunto com a PM para inibir a prática.

O comando do 8° Batalhão, responsável por São Bernardo, afirma que não há dificuldade para combater essas disputas. Segundo a polícia, a ação do "grupo de rachadores" ocorre em dias e horários alternados, mas que com a chegada de equipe de policiais são realizadas autuações e apreensões de veículos.

A corporação não apresentou número das autuações realizadas na área. Mas informou, porém, que atualmente o trabalho da PM entra em uma segunda fase: indentificar os envolvidos nos rachas.

De acordo com o comando da Polícia Militar, a instalação de equipamentos eletrônicos como câmeras ou radares - que é de competência do Poder Executivo - ajudaria a coibir a ação dos participantes de rachas.

Santo André - Para o diretor do DTC (Departamento de Trânsito e Circulação), Adriano Roberto Silva, a intensificação de ações educativas com os motoristas e de atividades de fiscalização em parceria com a polícia são vitais para coibir os pegas e outras desobediências ao código de Trânsito.

"Temos um trabalho integrado com o pelotão de trânsito da PM para realizar operações em conjunto em toda cidade. Sempre fazemos muitas autuações e apreensões", afirmou.

Outros conhecidos endereços onde são cometidos excessos, como a Rua das Figueiras e a Avenida Lino Jardim, na região central, também são alvos de fiscalização." Todos esses pontos já são monitorados."


Por Evandro De Marco e Antonio Rogério Cazzali / André Vieira e Deh Oliveira - Diário do Grande ABC
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