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DATA DA PUBLICAÇÃO 05/05/2014 | Educação
Aumenta evasão no Ensino Médio
Aumenta evasão no Ensino Médio Foto: André Henriques/DGABC
Foto: André Henriques/DGABC
O Grande ABC registrou alta de cerca de 57% no número de alunos do Ensino Médio que abandonaram a escola entre 2008 e 2012. Em dados aproximados, no período, passou de 3.700 para 5.800 a quantidade de estudantes que ingressaram e não concluíram o ano letivo durante a última etapa da Educação Básica na região. Em contrapartida, as matrículas no Ensino Médio entre as sete cidades tiveram alta de 5% – passou de 117,7 mil para 123,6 mil.

As informações integram o Sistema de Informações Municipais, ferramenta elaborada pela Fundação Seade em parceria com a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado.

Diadema e Rio Grande da Serra são as cidades que apresentam as maiores taxas de abandono no Ensino Médio (veja quadro acima). Na primeira cidade, por exemplo, o índice saltou de 3,9% (688 alunos) para 6,5% (1.300) no período.

Os números da região estão acima da média do Estado, que passou de 4,3%, em 2008, para 4,6%, em 2012. A menor taxa entre as sete cidades é a de São Caetano – 0,6% (49 alunos) e 2,1% (176 alunos).

A maior parte dos estudantes do Ensino Médio que abandonaram os estudos era da rede estadual – passou de 4%, em 2008, para 6,9%, em 2012. Na região, São Caetano é a única cidade a oferecer em escolas municipais a última etapa do ciclo básico; lá, as taxas variaram de 0,1% até 0,2% no período. Já entre as unidades particulares, a maior taxa foi registrada em Santo André, em 2010, quando 0,4% dos matriculados não concluiu os estudos naquele ano. Em 2012, apenas em Diadema observou-se abandono dos estudos – 0,3% das matrículas.

Na visão da professora do curso de Pedagogia da Faculdade Anhanguera de São Bernardo Walkiria Savira Belapetravicius, os índices são preocupantes e podem ser explicados pelo fato de grande parte dos professores e colégios ter estacionado no século 20, usando lousa e giz para lidar com um aluno do século 21. “O currículo atual não é adequado para o jovem e não atende às necessidades de informação rápida. Isso acaba desmotivando o estudante, que abandona os estudos”, observa.

Vale dizer que 30% da população do Grande ABC com idade entre 18 e 24 anos não possui Ensino Médio completo. O número é ainda maior quando considerados os moradores com 25 anos ou mais – 60% deles não completaram a última etapa da Educação Básica.

Longe da escola, jovem é excluído da sociedade

Uma das principais consequências do abandono escolar é a falta de preparo do jovem para o mercado de trabalho, aponta a professora do curso de Pedagogia da Faculdade Anhanguera de São Bernardo Walkiria Savira Belapetravicius. Isso se dá, segundo ela, pela dificuldade destas pessoas retomarem os estudos posteriormente para concluir a Educação Básica e ingressar no Ensino Superior.

O mais grave, contudo, segundo a educadora, é o problema social que pode ser causado com o afastamento do jovem das salas de aula. “Em alguns casos, quando o estudante sai da escola é recrutado pelo tráfico de drogas, principalmente se ele não tiver foco e sustentação familiar”, destaca.

Uma das alternativas para o problema, na visão de Walkiria, é o trabalho de gestão nas unidades de ensino, aliado a investimento por parte dos governos para melhoria da infraestrutura. “Temos que acolher o aluno, saber quais são suas necessidades e entender que ele não pode ser tratado como autônomo. Ele precisa de cuidados”, ressalta.

Para a docente, o Estado deve financiar a Educação com qualidade, boa alimentação, biblioteca completa com profissional adequado, laboratório de informática com manutenção, além de equipe com psicólogo e assistente social.

Outra ação importante para a manutenção do jovem no Ensino Médio, de acordo com a especialista, é a participação da comunidade na unidade de ensino.

Educação destaca que alunos podem ter se mudado

Por meio de nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo esclareceu que os dados de abandono não devem ser considerados como sinônimo de evasão, já que a taxa inclui estudantes que mudaram de Estado, por exemplo, e não deixaram de frequentar a escola. O governo, no entanto, não informou números.

A Pasta ressaltou que o Estado apresenta um dos menores índices de abandono escolar do País, apesar de sua população numerosa e heterogênea. Calculado com taxas proporcionais, em toda a rede estadual, a média no Ensino Médio está em queda, saindo de 26,5%, em 1986, para 5,6%, no ano passado.

A Prefeitura de São Caetano e a Aesp (Associação das Escolas Particulares) do Grande ABC não se pronunciaram sobre o assunto.

Problema

No Brasil, 795 mil estudantes do Ensino Médio deixaram os estudos em 2012, o que correspondente a 10% das matrículas. No entanto, vale lembrar que o ciclo deve ser oferecido pelos governos estaduais por determinação legal (artigo 205 da Constituição). O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) estabelece, ainda, a obrigatoriedade de os pais matricularem seus filhos.

O Ensino Médio é o nível escolar que mais vem apresentando problemas nos últimos anos. Exemplo disso é o resultado do último Idesp (Índice de Desenvolvimento do Estado de São Paulo), divulgado pelo governo do Estado em abril. Houve piora no índice entre 2012 e 2013 – passou de 1,93 para 1,92. Na região, 136 instituições que oferecem Ensino Médio não alcançaram a meta traçada.

O indicador atribui nota de zero a 10 às escolas com base no desempenho do Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar) – que mede conhecimentos em Português e Matemática – e aspectos como frequência e evasão.

Por Natália Fernandjes - Diário do Grande ABC
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