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DATA DA PUBLICAÇÃO 10/08/2014 | Cidade
As poderosas mãos da Vila Dirce, em Mauá
 As poderosas mãos da Vila Dirce, em Mauá Foto: André Henriques/DGABC
Foto: André Henriques/DGABC
Quem nunca sofreu com aquela dorzinha desagradável na coluna, por mau jeito ou simplesmente estresse, precisando de uma boa massagem para colocar tudo no lugar? Aos 90 anos, o massagista João Zago continua firme no atendimento para deixar qualquer um com a sensação de renovação.

Em mais de cinco décadas atuando na área, seu consultório na Rua Amador Bueno, 348, na Vila Dirce, em Mauá, é referência quando o assunto é dor nas costas. “Pego pessoa toda torta e, em três, quatro sessões, estão retinhas. A gente tira a dor e relaxa o paciente. Tem gente que chega até a dormir na maca, de tanto que relaxa”, fala ele.

A idade não tirou a força de seus principais instrumentos de trabalho: as mãos. “Os dedos têm muito peso, a minha força continua a mesma.” E continua mesmo: três vezes por semana, ele faz uma série de exercícios físicos. “Puxo peso de 40 quilos em cada perna. Não tenho diabetes, colesterol alto, nada”, orgulha-se.

Em tantos anos de trajetória, perdeu as contas de quantos atendimentos fez, afinal, foi massagista de clubes de futebol, acompanhou excursões da terceira idade por todo o Brasil e foi, inclusive, expedicionário de guerra do Exército, de 1944 a 1946, em Itu, no interior de São Paulo, onde cuidava dos soldados.

Resolvendo as dores que incomodam grande parte da população, quem já passou por suas mãos e hoje está distante o procura na primeira oportunidade. “Tem uma paciente que atendo há mais de 40 anos e que hoje mora nos Estados Unidos. Ela virá ao Brasil agora e já marcou consulta”, conta.

Cada sessão de massagem dura de 40 minutos a uma hora e custa R$ 70. As sessões, aliás, vão além do tratamento na coluna. Seu João acaba sendo também um pouco médico e psicólogo. “Quando a pessoa chega, a gente mede a pressão, verifica os batimentos cardíacos, se estiver tudo certinho, aí começamos a massagem. Durante o processo, elas desabafam, contam tudo para mim.”

Por esse cuidado, muitos pacientes eternizam seus agradecimentos a Zago por meio de cartas, que ele expõe na parede do consultório. “Teve uma pessoa que andava de muleta e, depois que veio aqui, está até jogando bola.”

O massagista atende diariamente, inclusive aos domingos, até meio-dia. “Tem muita gente que trabalha e não pode vir durante a semana. Se vem com dor no domingo, não vou atender?”
Acompanhando a carreira e dedicação do pai, dos seis filhos, quatro seguiram a massoterapia, além de uma neta. “Ele tem o dom e irradiou a luz para a família. É nosso mestre”, ressalta José Eduardo Zago, 50.

“Tenho muito o que aprender, a gente morre aprendendo. Nunca chegaremos a conhecer todo o corpo humano”, comenta o patriarca, que nem pensa em parar de exercer a atividade. “Enquanto tiver força nos dedos, vou trabalhar.”

Da alta-costura ao uniforme escolar

Nos bairros do Grande ABC, é comum encontrar costureiras que fazem os mais variados trajes para festas. Mas, na Vila Dirce, o foco da loja situada à Rua Amador Bueno, 368, é outro: uniformes escolares.

O estabelecimento funciona no endereço desde 1989, depois que Aparecida Camargo Rossi, 56 anos, deixou a alta-costura para se dedicar à malharia. “Desde criança gosto de costurar e, um dia, me deu um estalo de mudar o tipo de confecção. Queria uma máquina de overloque, só que ela custava tão caro na época que tive que vender um carro para comprar”, lembra.

Com o dinheiro da restituição do Imposto de Renda do marido, ela, então, adquiriu material para efetivar a mudança. “Comprei quatro quilos de helanca, dois de malha, oito zíperes e, assim, comecei a loja.”

No início, fazia consertos de roupas e, a partir de um pedido, fez oito agasalhos escolares para alunos de um colégio da cidade. “Um dia, recebi a visita do diretor da escola, perguntando quem fazia o uniforme que era diferente da maioria dos alunos. Pensei que acharia ruim, mas ele disse que a roupa era muito benfeita e me convidou para fazer todos os uniformes. Aceitei e a escola comprou mais duas máquinas”, conta. Em dois anos de trabalho, conseguiu comprar a casa em que mora.

A qualidade das peças se espalhou e hoje ela atende 20 escolas particulares e também faz peças para instituições de ensino públicas, quando procurada por mães de alunos. Um kit básico, que contém duas camisetas, uma calça, uma blusa e um blusão, sai por R$ 170.

Na confecção, também são feitos reparos das peças. “Consertamos calças que rasgaram, por exemplo, colocamos joelheiras e cotoveleiras. Muitas vezes conserto uniformes de outras confecções e, no ano seguinte, os pais passam a comprar na loja, porque gostaram do serviço.”

No local são produzidos ainda camisetas e aventais para comércios e empresas. Sendo o carro-chefe o uniforme escolar, Aparecida ressalta a importância que o vestuário tem no dia a dia dos estudantes. “Não é só algo que economiza as demais roupas, mas é a identidade do aluno.”

Quitanda resiste no bairro há 31 anos

Tradição é mesmo o forte da Vila Dirce. Há 31 anos, tipo de comércio cada vez mais difícil de se encontrar por aí resiste no mesmo endereço: a quitanda.

Na Rua Francisco da Paz, 34, a Quitanda da Eliza dispõe de verduras, frutas e legumes frescos, além de muita simpatia da fundadora Naomi Nishyiama, 66 anos, e do sobrinho Thiago Hiroshi Nishyiama Ito, 28, a quem ela já nomeou como dono do local.

A origem do nome do estabelecimento é bastante curiosa. “Quando fiz crisma, o padre não queria me conceder o sacramento com o nome japonês e pediu que eu escolhesse outro. Eliza foi o que me veio à cabeça na hora. Quando abri a quitanda, resolvi colocar meu segundo nome nela”, conta Naomi, aos risos.

A instalação do comércio veio para auxiliar o orçamento em um momento de crise. “Meu marido trabalhava com caminhão, acabou não dando certo e perdemos toda a renda. Então meus cunhados me cederam uma garagem de propriedade deles, me emprestaram o que hoje equivale a R$ 60 e fui às feiras. Comprei um quilo de cada coisa. Meu pai montou as prateleiras e fui crescendo dia após dia”, recorda.

Com tantos anos de atividades, formou-se clientela fiel. “Venho aqui desde que a quitanda abriu”, comentou Airton Faria, 62, que, embora more no vizinho Parque São Vicente, vai sempre à quitanda pela qualidade e diversidade dos produtos oferecidos.

Nessa trajetória, Naomi acompanhou o crescimento de muitos moradores. “Pessoas que vinham aqui quando crianças e hoje casaram e moram longe, quando vêm visitar os familiares, passam para comprar alguma coisa. Acho maravilhoso esse contato, todos se tornam amigos.”

Com a chegada dos hipermercados, o espaço das tradicionais quitandas foi ficando limitado, fazendo com que, por um momento, Naomi pensasse em fechar o negócio. “Houve épocas difíceis, em que eu quis parar. Os grandes (comércios) entram, fica difícil para os pequenos se manterem. No entanto, seguimos firmes e, quem sabe, meu sobrinho toque a próxima geração da quitanda, por mais 30 anos.”

Por Vanessa de Oliveira - Diário do Grande ABC
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