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DATA DA PUBLICAÇÃO 23/07/2018 | Setecidades
Áreas verdes dependem de cuidados constantes
Áreas verdes dependem de cuidados constantes Poder público e população devem se unir para manter os espaços de lazer em perfeitas condições. Foto: Denis Maciel/DGABC
Poder público e população devem se unir para manter os espaços de lazer em perfeitas condições. Foto: Denis Maciel/DGABC
Quase todas as cidades contam com grandes parques, mas também áreas verdes menores e pequenas praças, onde as pessoas podem passear com seus cães ou levar as crianças para uma tarde de brincadeiras. No Grande ABC, região extremamente adensada e urbanizada, é possível encontrar esses locais nas regiões centrais e nos bairros. Com poder público e comunidade atuantes, podem se tornar importantes espaços de convivência e promoção da qualidade de vida. Na ausência de cuidados, acabam se tornando fontes de problemas, com acúmulo de lixo e entulho.

“Esses espaços são tão importantes que estão previstos no Estatuto das Cidades, ou seja, as administrações precisam, obrigatoriamente, manter e implementar esses locais”, explicou a arquiteta e urbanista Erika Domingues. “É preciso que a gestão tenha a sensibilidade de investigar quais são as necessidades da população do entorno, para não colocar um parquinho, por exemplo, em praça de um bairro com poucas crianças.”

Erika pontou que um local cuja população se identifica com o espaço e constrói um vínculo emocional estará menos exposto a vandalismos e depredações, porque a comunidade se apropria do espaço e o protege.

O exemplo da profissional é confirmado na pequena pracinha que existe em núcleo habitacional no bairro Casa Grande, em Diadema. Com brinquedos de madeira e poucas plantas, o local na Rua do Projeto recebe inúmeras crianças para as brincadeiras do fim de semana e desses últimos dias de férias escolares. A dona de casa Rosimeire Pirineti, 33 anos, relatou que é a própria vizinhança que cuida da limpeza do espaço. “Todo mundo mora aqui há muito tempo, então a gente sabe que tem obrigação de conservar.”

Perto dali, no entanto, na Rua Nara Leão, uma grande área de onde a Prefeitura removeu algumas residências há quatro anos acumula lixo, entulho e mato alto. As crianças continuam brincando por ali, alheias ao perigo de se cortar em um caco de vidro ou ser picado por algum inseto.

A dona de casa Maria José de Andrade, 62, relatou que a Prefeitura já foi acionada em diversas oportunidades, mas que foram raras as vezes em que esteve no local. “Aqui temos muitas crianças, era um bom espaço para uma praça com parquinho, mas nada”, afirmou. A administração municipal não se pronunciou sobre o local.

Em Santo André, a Praça Dr. Ettore, no Valparaíso, é bastante frequentada pelos moradores, que cobraram mais atenção da administração. “Recentemente teve corte de grama, mas passa muito tempo sem aparecer alguém da Prefeitura”, reclamou a autônoma Carolina Mendonça, 38.

Mauá informou que conta com 66,28 hectares de Mata Atlântica, 663,58 de vegetação secundária composta por gramíneas e arbustos e 729,86 hectares de reflorestamento, totalizando 1.052,74 hectares de áreas verdes. “Estamos em estudos de parcerias empresariais para a manutenção de praças e outras áreas verdes. A SSU (Secretaria de Serviços Urbanos) é responsável pela manutenção, apesar de não possuir uma equipe específica para o serviço de poda. O cronograma é definido diretamente com as equipes responsáveis pela execução dos serviços”, informou, em nota.

Em São Bernardo, existem 1.388 áreas verdes entre terrenos, praças, parques, calçadas ecológicas e rotatórias. A Administração tem contrato firmado com empresa, cujo custo engloba manutenção e outros serviços. A periodicidade de serviços nessas áreas e cronograma de intervenções é feita em média a cada 45 dias.

A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que “desde o início desta gestão, a cidade passou a ter o Projeto Praça-Parque, que é uma união com a iniciativa privada para transformar praças em complexos esportivos, bem como zeladoria constante no local. Até o momento, 12 espaços foram transformados pelo programa e outros quatro estão com serviços em andamento. Entre estes, a Praça Lauro Gomes, no Centro, a Praça dos Trabalhadores, no Jardim Silvina, e a Indu Rovai, no Rudge Ramos. Até o fim do ano, a Prefeitura estima ter 20 praças-parque.

São Caetano, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não responderam aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição.

Parceria garante manutenção em Santo André

Em Santo André, por meio do programa Amigos da Praça, 90 praças e áreas verdes foram “adotadas” por firmas que se responsabilizam pela sua manutenção. O Colégio Xingu, em parceria com as empresas Interlíngua Idiomas e Planet Cópias, adotou a Praça Chico Xavier, localizada na Rua Albert Einstein com a Rua Paraguaçu, no bairro Valparaíso. O espaço, que fica em frente à escola, tem sido inserido na rotina não somente dos alunos, mas de toda a comunidade do entorno, explicou a diretora pedagógica Viviane Gonçales Passarini, 50 anos. “Virou o nosso quintal”, relatou.

A diretora detalhou que o local tem sido ressignificado com os investimentos feitos pelos mantenedores, que custeiam o jardineiro, a limpeza e a poda quinzenal. A Prefeitura se responsabiliza por atender prontamente qualquer solicitação, como pedidos de retirada de lixo e entulho. “Adotamos a praça em junho, mas a mudanças já são visíveis. As pessoas voltaram a ocupar o espaço, os alunos, as suas famílias. Queremos montar uma biblioteca no local, além de muitos outros projetos”, contou.

A administração municipal explicou que o novo modelo implementado para adoção de praças desburocratizou e simplificou o processo para a participação de pessoas físicas, sendo necessário apenas a apresentação de RG, CPF e comprovante de residência. Os parques municipais não estão incluídos no programa. Para a iniciativa privada, como contrapartida, é disponibilizada imagem publicitária da empresa com nome e logo da mesma, ou no caso de pessoa física, o nome constará em placa afixada na área verde.

“No Amigos da Praça, o adotante tem a responsabilidade de zelar pelas áreas verdes, incluindo os equipamentos de academia ao ar livre, quando houver”, detalhou a gestão.

Segundo a Prefeitura, o Amigos da Praça permanecerá enquanto houver interesse do poder público e da iniciativa privada. O prazo contratual da parceria é de dois anos, prorrogáveis por igual período. Passados quatro anos, o parceiro amigo poderá renovar pelo mesmo prazo. “As demais praças são constantemente atendidas pelo Departamento de Manutenção de Áreas Verdes, trabalho realizado por equipes próprias e terceirizadas, que executam serviços de poda, capina e roçagem. Em Santo André, temos aproximadamente 1.000 espaços com áreas verdes e/ou praças”, completou a nota da administração.

Especialistas afirmam que é preciso mudar comportamento

Praças e parques podem ser pontos de encontro da população, mas ainda é preciso uma mudança de cultura, comportamento e hábitos por parte da população, declararam especialistas consultados pela reportagem do Diário.

“Muitas pessoas veem as praças como lugar vazio e acham que isso precisa ser mudado. É justamente o contrário, as cidades precisam desses locais, para as pessoas caminharem, para sair de espaços fechados”, afirmou a arquiteta e urbanista Erika Domingues. “Em detrimento de praças e parques, as pessoas preferem shoppings centers, que têm sido vistos como lugares de lazer por excelência”, completou Paulo Silvino Ribeiro, docente da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo).

Segundo Ribeiro, de modo geral, o poder público não dá às praças e áreas verdes os tratamentos adequados. “Não dá para generalizar, com certeza existem administrações que fazem isso bem, voltando as atenções para a promoção de bem-estar social da comunidade. Mas não podemos esquecer a importância de a população entender esses locais como espaço de convivência”, concluiu. Para Erika, a mudança de comportamento passa pela informação. “Não se fala sobre urbanismo, não se fala sobre a importância desses lugares para a população”, pontuou.

Por Aline Melo - Diário Online
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