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DATA DA PUBLICAÇÃO 07/03/2017 | Setecidades
Áreas irregulares da região não possuem água potável
 Áreas irregulares da região não possuem água potável Foto: Anderson Silva/DGABC
Foto: Anderson Silva/DGABC
Os dados são alarmantes. Um em cada quatro moradores do Grande ABC não tem acesso a água potável em suas casas. São ao menos 700 mil, de um universo de 2,7 milhões de pessoas – ou 26% da população da região –, que vivem nesta situação degradante nas sete cidades. Este cenário, porém, pode ser ainda maior considerando que o dado referente ao número de pessoas que vivem em áreas não regularizadas, e consequentemente não tem acesso à água limpa, é de 2015.

Em relação aos quatro municípios operados pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) – São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra –, a companhia afirma que há 100% de cobertura com água tratada e salientou que o abastecimento é universalizado em toda a área urbana regular. No total são 531.007 domicílios e rede de 3.271 quilômetros.

No entanto, em áreas como o Sítio Joaninha, em Diadema, com aproximadamente 3.500 moradores, a realidade é diferente. A Sabesp informa que na região há pelo menos 1.037 ligações de água e esgoto – ou seja, a maioria dos moradores não tem água tratada.

Entre eles está a família da assistente de vendas R.S., 38 anos, que preferiu não se identificar por manter em casa ligação irregular de água. Ela mora com mais três filhos no local há quase um ano e, desde então, tenta regularizar a situação. “Precisei pegar água no poço para tomar banho por pouco mais de um mês. A minha principal preocupação é em relação ao meu filho de 8 anos. Por isso comprava água para a gente beber”, afirmou ela, hoje desempregada. R.S. já foi três vezes em posto da Sabesp, mas a resposta é sempre a mesma. “Dizem que não existe o endereço. Levei minha conta de luz, e disseram que mesmo assim não poderiam ligar.”

Conforme o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), cerca de 2.500 famílias ainda recebem o abastecimento de água por meio de caminhão-pipa. Elas estão concentradas no Recreio da Borda do Campo e Parque Andreense. “Este índice está estável há mais de dez anos. A dificuldade para implementar redes de água nas áreas de mananciais se dá em razão da distância e do encontro de alternativas técnicas da abastecimento de água nestes pontos, e, principalmente, da coleta e destinação do esgoto doméstico, uma vez que não é possível seu lançamento na represa Billings”, diz a autarquia.

Mauá afirmou que a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) abastece cerca de 130 mil residências e que tem planos para abastecer todas as residências com água limpa. A Prefeitura de São Caetano informou que tem atendimento a toda a população em relação a água potável desde meados da década de 1980.

Para a especialista em recursos hídricos e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Marcondes, as prefeituras deveriam investir em políticas habitacionais, priorizando acesso a itens básicos como água e esgoto. “Precisamos de mais políticas públicas de moradia para cadastramento dessas pessoas. Temos ocupações crescentes em áreas de mananciais. E se não mudar esse olhar, vamos continuar enxugando gelo.

Precisamos falar de educação ambiental, mas como fazê-lo se as pessoas não têm nem mesmo o básico?”

A especialista também alertou para os graves riscos à saúde. “Nos poços, há grandes chances de a água estar contaminada e se ela recebe essa contaminação do esgoto pode ter várias doenças, entre elas gastroenterite e hepatite, por exemplo. A ligação clandestina vai permitir uma espécie de vazamento, que pode contaminar toda a rede”, alertou.

Para o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, a estrutura de saneamento na região está “esquecida no tempo. Se avançou muito pouco em esgoto. Seria necessário maior envolvimento da população, prefeituras e empresas prestadoras do serviço.”

Companhias tentam resolver situação

Para tentar resolver a situação, as companhias afirmam que pretendem investir no segmento. Sobre os cerca de 2% da população de Santo André que ainda recebem água por meio de caminhão-pipa, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) afirma possuir projeto para implementar o abastecimento de água.

“O projeto aguarda verba compensatória da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário SA) para ser executado, que deve a Santo André cerca de R$ 22 milhões pelas obras do Rodoanel que cortaram o município justamente na área de mananciais”, informou por nota.

O Semasa afirmou que com recursos próprios e após acordo pontual com o Ministério Público tem conseguido implantar rede de água em algumas vias do Recreio da Borda do Campo. “Desde 2015 foram investidos R$ 500 mil para a ampliação de mais de 6.500 metros de rede de água e implementação de 600 novas ligações.”

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) informa ter investimentos em execução e previstos nas quatro cidades em que opera (São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra). Os principais são a ampliação e melhoria da região Norte de Diadema, incluindo os bairros Campanário, Taboão e Canhema e ampliação da Estação Elevatória de Água Nações. Em São Bernardo está sendo executada revisão da Estação Elevatória de Água do Alvarenga e previstas a duplicação de rede de água para a região do bairro de Riacho Grande e substituição de redes no Alvarenga. Mauá, que já conta com uma estação de tratamento de esgoto desde 2015, afirma que a mesma tem plena capacidade de atender 100% da demanda municipal. “A administração revisa a legislação e organiza um grande planejamento para atingir a meta.”

Por Yara Ferraz - Diário do Grande ABC
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