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DATA DA PUBLICAÇÃO 31/07/2012 | Setecidades
Áreas contaminadas são cada vez mais ocupadas na região
Áreas contaminadas são cada vez mais ocupadas na região Em muitos casos, a situação de risco só é descoberta após a compra ou mudança das famílias. Fotos: Andris Bovo e Luciano Vicioni
Em muitos casos, a situação de risco só é descoberta após a compra ou mudança das famílias. Fotos: Andris Bovo e Luciano Vicioni
Últimas suspeitas recaem sobre áreas residenciais de São Bernardo, Diadema e Rio Grande

O que se esconde no subsolo do ABCD pode representar risco à saúde. Com a especulação imobiliária, as áreas contaminadas são cada vez mais ocupadas. E o pior é que, em muitos casos, a situação de risco só é descoberta após a compra ou mudança de famílias para os locais.

As últimas suspeitas da Região recaem sobre a contaminação de áreas de condomínios de luxo em São Bernardo, de moradias de classe C a serem erguidas em Diadema e residências populares em Rio Grande da Serra. “O ABCD está cheio de áreas contaminadas”, avaliou Virgilio Alcides de Farias, advogado ambientalista e membro do MDV (Movimento de Defesa da Vida) do ABCD.

Para o integrante da Sats (Serviço Aéreo e Terrestre de Salvamento e Proteção Ecológica), Hermínio Costa, a situação é mais grave do que se imagina. “As pessoas vendem e compram terrenos sem saber o perigo enterrado ali.”

Farias acredita que falta maior presença do poder público. “Quando o projeto imobiliário entra, as prefeituras precisam recorrer à Cetesb e exigir a investigação do solo. Isso não é feito.”

Luxo - Mesmo tendo no histórico da Região casos como o condomínio Barão de Mauá, em Mauá, e as casas do Jardim das Oliveiras, em São Bernardo, erguidos em áreas de antigos lixões industriais, a suspeita de contaminação por metais no terreno localizado entre as avenidas Pery Ronchetti e Wallace Simonsen, no Bairro Nova Petrópolis, em São Bernardo, não foi suficiente para paralisar o projeto habitacional ou as obras dos condomínios Nova Petrópolis Prime Life e Mansão Imperial, erguidos onde já funcionou a Companhia Brasileira de Plástico Monsanto.

A construtora Gafisa garante que só ficou sabendo da suspeita em 2010, quando as cinco torres com 500 apartamentos avaliados em até R$ 1 milhão estavam finalizadas. A Cetesb revela que a suspeita existe desde 2008, quando pediu o primeiro estudo para a construtora sobre a área. Desde então, mais dois estudos complementares foram exigidos, em 2009 e 2012, mas até agora nada de concreto foi decidido.



Lixo - O caso de Rio Grande da Serra é mais grave que o de São Bernardo. A suspeita de contaminação de terreno na rua Arujá, na Vila Conde, não é acompanhada pela Cetesb ou pelo Ministério Público. Os moradores revelam que a área nunca foi investigada, que há 25 anos o local era usado como lixão e que recebia o lixo doméstico da cidade que está 100% inserida em área de manancial. Hoje o terreno do lixão deu lugar a quase 60 casas.

Investigação - Outra suspeita de contaminação está no terreno da avenida Fábio Eduardo Ramos Esquível, 2.900, em Diadema, onde há projeto para construção de 1,6 mil apartamentos. Até o momento, a análise da Cetesb indica que há metais nas águas subterrâneas da área. A investigação ainda está em andamento e deverá passar pela avaliação do Departamento de Áreas Contaminadas, antes da emissão do parecer técnico conclusivo.

A Prefeitura de Diadema contratou consultor especializado para acompanhar as análises do terreno. Em nota, a Prefeitura afirma que aprovou o projeto porque ocupa o terreno somente acima do nível térreo. “Não possuirá pavimentos no subsolo, portanto, não tem risco de contato das pessoas com a água subterrânea.”

A proprietária e incorporadora do Flex Imigrantes, Acapulco Investimentos Imobiliários, também em nota informou que para a aprovação do projeto do empreendimento foi realizado previamente estudo de potencial de contaminação de solo. Diante do resultado, desenvolveu o projeto do Flex Imigrantes acima do nível térreo.

Novo laudo será entregue em julho

A construtora Gafisa, responsável por construir os condomínios Nova Petrópolis Prime Life e Mansão Imperial, no Bairro Nova Petrópolis, em São Bernardo, em terreno contaminado com metais, informou que deverá entregar o terceiro laudo de investigação da área até o final de julho. O documento foi exigido pela Cetesb para complementar os outros dois laudos entregues pela construtora.

A expectativa é que com o terceiro laudo seja possível detalhar os níveis de contaminação e assim avaliar se será necessária a adoção de medidas de intervenção no local. A demora na entrega do laudo fez com que o órgão ambiental multasse, por duas vezes, a Gafisa. O valor das multas já soma R$ 27,6 mil. O Ministério Público também acompanha o caso e aguarda informações da Cetesb.

A Prefeitura de São Bernardo informou que espera, desde maio, posicionamento do órgão ambiental sobre como o município deverá atuar no caso. A Prefeitura ainda esclareceu que concedeu o alvará de construção da obra e o habite-se, antes de o terreno entrar na lista de contaminação da Cetesb. Até então, todos os documentos apresentados ao município tinham o aval do órgão ambiental.

Lixo nunca foi retirado, dizem moradores

Os moradores da Vila Conde, em Rio Grande da Serra, garantem que o terreno usado pela Prefeitura há duas décadas como lixão nunca foi descontaminado. “O que foi jogado ali ficou. Ainda hoje é possível ver resíduos, como cacos de vidro”, garantiu um morador que preferiu não se identificar. Em algumas partes do terreno foi jogada terra, mas em outras há apenas vegetação por cima do lixo. “Todo mundo conhece a área como recanto do lixo”, explicou.

Além do problema da provável contaminação do solo, os moradores lutam pela preservação ambiental do local, que tem um córrego. “Todo o terreno era uma chácara só, mas as pessoas foram dividindo e vendendo. Não havia fiscalização”, criticou. Com as vendas também veio o desmatamento. “Se não cuidarmos agora, não restará mais nada.”

Para o advogado ambientalista Virgilio Alcides de Farias, o envolvimento popular é o único caminho para solucionar os problemas ambientais, principalmente os que envolvem áreas contaminadas. “As coisas só irão mudar quando o povo enxergar os problemas ambientais como uma preocupação social”, avaliou.

Procurada, a Prefeitura de Rio Grande da Serra não se manifestou sobre o assunto, até o fechamento desta edição.

Por Claudia Mayara - ABCD Maior
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