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DATA DA PUBLICAÇÃO 17/02/2015 | Economia
Ano é de ajustes para autopeças, diante de queda na demanda
Ano é de ajustes para autopeças, diante de queda na demanda Foto: Banco de Dados - DGABC
Foto: Banco de Dados - DGABC
Com a forte retração nas vendas de veículos zero-quilômetro desde o ano passado, as indústrias de autopeças da região, em grande parte pequenas empresas, têm sofrido com a queda nas encomendas. Em 2014, o faturamento do setor em todo o País encolheu 12,7%, em média, já descontando a inflação, de acordo com o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), e 2015 não traz perspectivas animadoras, já que o cenário atual combina juros elevados, crédito escasso, insumos (como combustíveis e energia elétrica) mais caros e falta de pedidos das montadoras, apontam especialistas.

Por isso, a palavra de ordem para o setor neste ano é reestruturação, em que os empresários têm de ajustar seus negócios à queda na demanda. Para se ter ideia, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), os estoques nas montadoras e concessionárias chegam a 38 dias – tempo necessário para a comercialização dos veículos pelo ritmo atual do mercado. O ideal, segundo a entidade, seria entre 23 e 35 dias, dependendo da companhia.

No Grande ABC, as fabricantes começaram o ano com o pé no freio. A Volkswagen, em São Bernardo, reverteu 800 demissões em janeiro, mas abriu PDV (Programa de Demissão Voluntária), que se encerrou na sexta, e cujo balanço deve sair amanhã.

A General Motors, em São Caetano, ampliou em 100 funcionários o lay-off (suspensão temporária de contrato), que totaliza 950 trabalhadores até abril, e ofereceu PDV, com a adesão de apenas 40 pessoas. Na sexta, empregados afastados por lay-off que se manifestaram em frente à companhia, disseram que 180 foram dispensados desde o mês passado.

A Mercedes-Benz, em São Bernardo, embora não tenha efetuado cortes neste ano, no fim de 2014 despediu 160 trabalhadores (outros 100 aderiram a PDV), ação que em janeiro ainda provocava paradas na produção na tentativa de readmitir o pessoal.

Além disso, Scania, Ford, Mercedes e GM estão com suas produções paralisadas durante toda esta semana para diminuir volume produzido. A Volks deu folga até hoje e retoma amanhã.

Em outras palavras, com menor ritmo de fabricação, reduzem também os pedidos às autopeças. A diferença é que elas são a parte mais fraca do elo, e não têm à disposição mecanismos para manter o pessoal, como o lay-off, férias coletivas (mais de uma no ano, como ocorreu em 2014) e licença-remunerada, por isso têm de se virar para não fechar as portas.

PASSO A PASSO - Para Telmo Schoeler, presidente da Strategos Consultoria Empresarial, pelo que se vê no horizonte deste ano, é necessário ter a estrutura o mais enxuta possível (sem ociosidade), para evitar endividamentos futuros, e buscar o máximo de competitividade. “A chave para atravessar o deserto que será este ano é realizar gestão alinhada a planejamento detalhado e amplo, e manter foco total no ganho de produtividade”, afirma.

Susana Falchi, CEO da HSD Consultoria em RH, destaca que é essencial rever o número de pessoas que permanecem na operação, para resistir a esse período de crise. E, segundo ela, buscar possibilidades de negócios em outros segmentos e promover a diferenciação do produto para fazer frente à concorrência podem ajudar, embora o momento seja delicado. Isso porque há a necessidade de se ter o ‘pé no chão’ das finanças.

Com mais de 50 anos de prática profissional, Schoeler alerta os empresários de que não há clima para realizar grandes saltos ou mudanças bruscas de estratégia. Na sua avaliação, a queda na demanda das produtoras de autopeças está aí e se agravará, nesse quadro de falta de crédito, de renda menor e desemprego crescente.

Ele acrescenta que a opção pela busca do mercado externo, mesmo com o dólar mais favorável para a exportação – agora na faixa de R$ 2,80 –, é para poucos, já que o empresário brasileiro convive com custos trabalhistas e carga tributária que estão entre os maiores do mundo, deficiência logística e outros elementos do Custo Brasil, que reduzem a capacidade de competição no Exterior.

Para resistir, a orientação é evitar endividamento, principalmente agora, com a presente tendência de alta dos juros. Além disso, segundo ele, todos os desembolsos futuros devem estar contemplados, a fim de impedir a descapitalização. “Focar e buscar eficiência tornou-se mandatório para a sobrevivência”, afirma Schoeler. “Nesse momento é importante buscar encurtar prazos para o cliente e tentar estender (os pagamentos) com os fornecedores”, assinala o consultor empresarial Horvani Argeri.

FRANQUEZA - Na busca pela eficiência, conversar com os funcionários sobre a situação da empresa também é fundamental, para que eles se engajem na busca de soluções para a saída da crise, acrescenta Schoeler. “É preciso apresentar o plano estratégico por detrás de cada decisão a toda a equipe, fazendo com que cada profissional sinta-se parte efetiva da empresa”, complementa Susana. Segundo ela, para administrar os temores que a situação gera, a gestão da empresa precisa adotar política transparente, que deixa claro tanto o cenário quanto a possível “luz no fim do túnel”.

A CEO destaca ainda que a informatização dos processos, que pode demandar investimento em programas ERP (sigla em inglês para sistema integrado de gestão empresarial), pode facilitar no objetivo de elevar a produtividade, mantendo os serviços prestados com qualidade e retorno financeiro.

Empresário deve tirar de circulação o que não decolou em vendas

Ter o foco em linhas de produtos mais rentáveis da empresa e retirar de circulação o que não decolou em vendas. Investimento em ampliação nem pensar e apostar em novos projetos também fica difícil nesse momento de ‘vacas magras’, em que as indústrias estão demitindo para reduzir custos.

Pesquisa do Seade mostra que moradores da região que trabalham na indústria metalmecânica das sete cidades (incluindo montadoras e autopeças) passaram de 170 mil em dezembro de 2013 para 158 mil no fim do mês passado, queda de 11% (12 mil pessoas a menos).

Essa realidade afeta sobretudo as pequenas indústrias, como a do empresário Celso Cestari, que é diretor de fábrica de componentes para veículos pesados (caminhões e ônibus) em Mauá, a MRS. Com demanda retraída e crédito escasso, o caminho é reestruturar o modelo do negócio, com a operação mais enxuta possível, afirma. Em 2012, sua fábrica contava com 230 funcionários, há um ano reduziu para 180 e, agora, só está com 120.

“O ano passado foi bastante ruim, mas a perspectiva neste ano é até pior”, avalia o executivo, espelhando os dados do mercado. Em janeiro, as vendas de caminhões caíram 44% em relação a dezembro e, comparado ao primeiro mês de 2014, a retração foi de quase 30%, apontam dados da Anfavea.

A situação não é difícil apenas no fornecimento às montadoras, que reduziram em 60% o volume de pedidos sem aceitar reajustes. Sua fábrica também abastece a área de reposição (lojas e oficinas), mas o índice de inadimplência nesse ramo já chega a 15%. Antes, há dois anos, ficava em 2%.

Só o que ajuda um pouco, por enquanto, são as exportações, que representam 10% de seu faturamento. “Vamos trabalhar para tentar expandir, mas o problema é a concorrência com a China e a Índia. Até a Turquia já é um player (concorrente) nessa área de pesados”, afirma. Ele cita que se o câmbio não tivesse melhorado, teria parado de exportar, já que as desvantagens competitivas são grandes.

Por Leone Farias - Diário do Grande ABC
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