NOTÍCIA ANTERIOR
Universidades públicas vão receber estudantes vítimas do terremoto no Haiti
PRÓXIMA NOTÍCIA
Ação afirmativa privilegia ensino público e não raça
DATA DA PUBLICAÇÃO 29/08/2010 | Educação
Alunos trocam de escola no meio do ano para não repetir
As férias de julho nem haviam acabado, e os gêmeos paulistanos Guilherme e Pedro Napolitano tinham certeza de que seriam reprovados. As notas no 2º ano do ensino médio estavam baixíssimas.

Apavorados, tomaram medida drástica: no meio do ano, trocaram de colégio. Isso ocorreu dois anos atrás -Guilherme saiu em agosto, e Pedro, em setembro. "Fomos para uma escola fácil", diz Pedro, 19, recém-admitido na faculdade. "Se não tivéssemos feito aquilo, até hoje estaríamos no colégio", acrescenta Guilherme, hoje também universitário.

Cada escola se defronta com ao menos uma transferência assim todo ano, pouco antes ou pouco depois das férias de julho. A "forte" perde aluno. A "fraca" recebe. Ao optar por essa tática, a família pensa no prejuízo financeiro e/ou no trauma da repetência para o filho.

Especialistas, entretanto, criticam. E dizem que o erro maior não é do aluno, mas dos pais e da escola. "É o pior exemplo que podemos dar a nossos filhos", diz Valéria Rohrich, professora de educação da Universidade Federal do Paraná.

Os pais, segundo ela, acabam ensinando aos filhos que não precisam enfrentar problemas. "Fica a ideia de que sempre há um jeitinho." Os pais, continua Rohrich, precisariam ser participativos: discutir com o colégio as dificuldades do filho e cobrar reforço e atenção individual.

A escola, por sua vez, erra por não lidar com as diferenças. "A escola se baseia num modelo ideal de aluno. Quem não se encaixa é considerado pouco inteligente, problemático, e se vê obrigado a sair", diz Lúcia Pulino, professora de psicologia escolar da Universidade de Brasília.

Papel de mãe
A administradora Marisa (nome fictício), 62, diz que foi a própria escola, em São Paulo, que sugeriu que seu filho de 16 anos buscasse outra instituição. Foi o que fez. "Que mãe quer ver seu filho reprovado? É meu papel ajudá-lo a achar o caminho."

O colégio Dumont Villares, na zona sul de São Paulo, diz que, quando um aluno vai muito mal, aproxima-se da família. "Temos de ver se o problema está dentro ou fora da escola", diz o orientador Marco Antônio de Matos.

Se está dentro, oferece aulas de reforço desde o início do ano. Se está fora, pode indicar um psicoterapeuta.

No Batista Brasileiro (zona oeste), os docentes são orientados a considerar a velocidade de aprendizagem de cada aluno. "O professor não pode trabalhar com uma turma olhando só os melhores. Tem de incluir, não excluir", diz a diretora Maria Martinez.

Por Ricardo Westin - Folha Online, São Paulo
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Gerais - Clique Aqui
As últimas | Educação
21/09/2018 | Ensino superior cresce no País, mas graças à modalidade a distância
19/09/2018 | Em crise financeira, UFABC tenta definir objetivos para 2019
18/09/2018 | Cidade francesa muda pátio de pré-escola para favorecer a igualdade de gênero
As mais lidas de Educação
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7717 dias no ar.