DATA DA PUBLICAÇÃO 14/12/2011 | Cidade
Alunos desenvolvem brinquedoteca móvel para crianças da ''Cracolândia''
A apresentação de vídeos sobre humanização para conclusão do módulo de Pediatria já se tornou tradicional para alunos do 4º ano de Medicina da Faculdade de Medicina do ABC. Mas neste ano um trabalho se destacou em nível nacional. Classificado entre os três melhores do país no Prêmio Inovação Medical Services, da Sanofi Aventis, o trabalho “Brinquedoteca na Cracolândia” buscou resgatar o ato de brincar junto a crianças de rua dependentes de crack, objetivando a redução de danos ao ganhar-lhes a confiança para, posteriormente, oferecer atendimento e reabilitação.
Os estudantes produziram vídeo a partir de projeto de intervenção na região conhecida como Cracolândia, no bairro da Luz, em São Paulo. Trata-se de área em que a população é eminentemente usuária de crack. A promiscuidade sexual é elevada como meio para adquirir a droga, o que acarreta índices elevados de doenças infectocontagiosas como tuberculose, sífilis, HIV e outras DSTs, além de escabiose, impetigo e hepatite A.
“Diante da infância marcada pelo uso de drogas, violência e doenças, não há como falar em alimentação adequada, imunização atualizada ou questionar se houve aleitamento materno, já que muitas dessas crianças foram abandonadas pelas mães ainda lactentes. A prioridade muitas vezes pode ser tratar uma emergência por overdose, tuberculose ou lesões de sífilis de crianças que se prostituem para comprar droga”, exemplificam os integrantes do grupo Alexandre Mendes Ferreira, Amanda Albertoni Bazzaco, Caio Augusto Prearo Pelosi, Elisabete Campos, Izaias Leal, Lara Regina Cavalcante de Melo, Natacha Capozi, Thalita Leita e Vivian Beatriz Gabas. Segundo os alunos, a intenção inicial do trabalho foi “aprender o sentido da palavra humanizar com essas crianças negligenciadas”.
O uso do crack leva a danos importantes à saúde. Eleva a temperatura corporal podendo levar a acidente vascular cerebral (AVC), provoca destruição de neurônios, desnutrição pela falta de apetite, alteração do ciclo do sono, desidratação, queimaduras e rachaduras nas mãos e lábios, alterações menstruais, tosse crônica e desorientação tempo-espacial por vasculite cerebral. Por apresentar curto tempo de ação, o usuário consome quantidades cada vez maiores da droga, o que leva à dependência precoce.
Brinquedoteca móvel: Vinculada à Unidade Básica de Saúde (UBS) República, a equipe 8 da Estratégia de Saúde da Família (ESF) atua na região da Luz com proposta de adequação da assistência à saúde à população local. Dessa forma, o trabalho não visa impor a desintoxicação, mas sim a redução de danos à saúde relacionados ao problema, como doenças sexualmente transmissíveis e desnutrição.
O trabalho dos alunos da FMABC buscou unir essa perspectiva de redução de danos à humanização em Pediatria utilizando brinquedos como instrumento. Para isso, foi criada brinquedoteca móvel e colocada à disposição da equipe de agentes comunitários. “A forma que encontramos para levar as crianças até o atendimento médico foi atraí-las usando o meio mais natural que têm de se expressar: o brincar. Dessa forma, a brinquedoteca tem como função aproximar as crianças dependentes químicas dos agentes comunitários, para que seja oferecido atendimento médico e psicológico”, explicam os estudantes da Medicina ABC.
Construída em um baú de vime com 90 centímetros de comprimento, 60 de largura e 40 de profundidade, a brinquedoteca móvel foi enfeitada com materiais de artesanato e conta com livros e brinquedos doados ou comprados pelos próprios alunos. Itens com conotação violenta foram excluídos, restando apenas carrinhos e motos, bonecas, bambolês, cordas e jogos diversos, entre outros.
A primeira experiência de campo ocorreu em 10 de junho, quando a brinquedoteca móvel foi levada à Rua Helvética – uma das mais degradadas da região. Ao todo 11 crianças de 4 a 15 anos participaram de atividades e brincadeiras propostas pelos agentes de saúde da ESF, além de 15 adultos entre 22 e 42 anos. “O projeto de humanização foi muito além da proposta inicial, pois atingiu não somente a faixa infantil, mas também despertou o interesse dos adultos, possibilitando a ampliação do vínculo dos agentes também nessa faixa etária. Tanto nossa impressão quanto a da equipe de saúde foi de que o trabalho apresentou resultado positivo. Aproximou efetivamente as crianças dos agentes, muitas, inclusive, que nunca haviam se deixado abordar”, concluem os alunos de Medicina.
A brinquedoteca móvel da FMABC foi doada à equipe de Estratégia de Saúde da Família da UBS República, que deu continuidade ao trabalho de humanização na Cracolândia. A longo prazo, os agentes pretendem iniciar a discussão de tratamentos e a desintoxicação, a partir da maior proximidade e conquista da confiança das crianças.
Prêmio Sanofi Aventis: Valorizar o olhar inovador de quem vive os desafios da saúde pública no dia a dia é o principal objetivo do “Prêmio Medical Services de Inovação em Saúde Pública”. A iniciativa promovida pelo portal Medical Services, da Sanofi Aventis, chegou à 3ª edição em 2011, quando foram avaliados 173 trabalhos de instituições de todo o Brasil. Foram três categorias avaliadas: Profissionais de Saúde (Ação e Projeto), Medicina Tropical e Doutorandos – essa última responsável pela premiação da FMABC entre as três melhores do país.
A primeira fase do concurso teve selecionados os 30 melhores trabalhos por conselho editorial do portal Medical Services, composto por nove médicos de várias especialidades. Em seguida, a votação foi aberta aos 113.000 profissionais de saúde cadastrados no portal. Na última etapa, personalidades brasileiras na área da saúde selecionaram os vencedores das quatro categorias, entre os mais votados na segunda fase. A premiação ocorreu em 10 de outubro último, na Casa da Cultura Judaica, em São Paulo.
Os estudantes produziram vídeo a partir de projeto de intervenção na região conhecida como Cracolândia, no bairro da Luz, em São Paulo. Trata-se de área em que a população é eminentemente usuária de crack. A promiscuidade sexual é elevada como meio para adquirir a droga, o que acarreta índices elevados de doenças infectocontagiosas como tuberculose, sífilis, HIV e outras DSTs, além de escabiose, impetigo e hepatite A.
“Diante da infância marcada pelo uso de drogas, violência e doenças, não há como falar em alimentação adequada, imunização atualizada ou questionar se houve aleitamento materno, já que muitas dessas crianças foram abandonadas pelas mães ainda lactentes. A prioridade muitas vezes pode ser tratar uma emergência por overdose, tuberculose ou lesões de sífilis de crianças que se prostituem para comprar droga”, exemplificam os integrantes do grupo Alexandre Mendes Ferreira, Amanda Albertoni Bazzaco, Caio Augusto Prearo Pelosi, Elisabete Campos, Izaias Leal, Lara Regina Cavalcante de Melo, Natacha Capozi, Thalita Leita e Vivian Beatriz Gabas. Segundo os alunos, a intenção inicial do trabalho foi “aprender o sentido da palavra humanizar com essas crianças negligenciadas”.
O uso do crack leva a danos importantes à saúde. Eleva a temperatura corporal podendo levar a acidente vascular cerebral (AVC), provoca destruição de neurônios, desnutrição pela falta de apetite, alteração do ciclo do sono, desidratação, queimaduras e rachaduras nas mãos e lábios, alterações menstruais, tosse crônica e desorientação tempo-espacial por vasculite cerebral. Por apresentar curto tempo de ação, o usuário consome quantidades cada vez maiores da droga, o que leva à dependência precoce.
Brinquedoteca móvel: Vinculada à Unidade Básica de Saúde (UBS) República, a equipe 8 da Estratégia de Saúde da Família (ESF) atua na região da Luz com proposta de adequação da assistência à saúde à população local. Dessa forma, o trabalho não visa impor a desintoxicação, mas sim a redução de danos à saúde relacionados ao problema, como doenças sexualmente transmissíveis e desnutrição.
O trabalho dos alunos da FMABC buscou unir essa perspectiva de redução de danos à humanização em Pediatria utilizando brinquedos como instrumento. Para isso, foi criada brinquedoteca móvel e colocada à disposição da equipe de agentes comunitários. “A forma que encontramos para levar as crianças até o atendimento médico foi atraí-las usando o meio mais natural que têm de se expressar: o brincar. Dessa forma, a brinquedoteca tem como função aproximar as crianças dependentes químicas dos agentes comunitários, para que seja oferecido atendimento médico e psicológico”, explicam os estudantes da Medicina ABC.
Construída em um baú de vime com 90 centímetros de comprimento, 60 de largura e 40 de profundidade, a brinquedoteca móvel foi enfeitada com materiais de artesanato e conta com livros e brinquedos doados ou comprados pelos próprios alunos. Itens com conotação violenta foram excluídos, restando apenas carrinhos e motos, bonecas, bambolês, cordas e jogos diversos, entre outros.
A primeira experiência de campo ocorreu em 10 de junho, quando a brinquedoteca móvel foi levada à Rua Helvética – uma das mais degradadas da região. Ao todo 11 crianças de 4 a 15 anos participaram de atividades e brincadeiras propostas pelos agentes de saúde da ESF, além de 15 adultos entre 22 e 42 anos. “O projeto de humanização foi muito além da proposta inicial, pois atingiu não somente a faixa infantil, mas também despertou o interesse dos adultos, possibilitando a ampliação do vínculo dos agentes também nessa faixa etária. Tanto nossa impressão quanto a da equipe de saúde foi de que o trabalho apresentou resultado positivo. Aproximou efetivamente as crianças dos agentes, muitas, inclusive, que nunca haviam se deixado abordar”, concluem os alunos de Medicina.
A brinquedoteca móvel da FMABC foi doada à equipe de Estratégia de Saúde da Família da UBS República, que deu continuidade ao trabalho de humanização na Cracolândia. A longo prazo, os agentes pretendem iniciar a discussão de tratamentos e a desintoxicação, a partir da maior proximidade e conquista da confiança das crianças.
Prêmio Sanofi Aventis: Valorizar o olhar inovador de quem vive os desafios da saúde pública no dia a dia é o principal objetivo do “Prêmio Medical Services de Inovação em Saúde Pública”. A iniciativa promovida pelo portal Medical Services, da Sanofi Aventis, chegou à 3ª edição em 2011, quando foram avaliados 173 trabalhos de instituições de todo o Brasil. Foram três categorias avaliadas: Profissionais de Saúde (Ação e Projeto), Medicina Tropical e Doutorandos – essa última responsável pela premiação da FMABC entre as três melhores do país.
A primeira fase do concurso teve selecionados os 30 melhores trabalhos por conselho editorial do portal Medical Services, composto por nove médicos de várias especialidades. Em seguida, a votação foi aberta aos 113.000 profissionais de saúde cadastrados no portal. Na última etapa, personalidades brasileiras na área da saúde selecionaram os vencedores das quatro categorias, entre os mais votados na segunda fase. A premiação ocorreu em 10 de outubro último, na Casa da Cultura Judaica, em São Paulo.
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