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DATA DA PUBLICAÇÃO 22/03/2009 | Educação
Aluno tem aula de madrugada em centro universitário
Um grupo de garçons jogando bola de madrugada no Aterro do Flamengo, no Rio, despertou no empresário Hélio Athia Jr. a ideia de criar horários alternativos em cursos universitários, para atrair quem sai muito tarde do trabalho, ou não tem tempo de dia.

"Eu estava insone, no quarto do hotel, quando vi aqueles rapazes disputando uma pelada. Desci, conversei com eles e concluí que, se tinham disposição para jogar bola, poderiam estar estudando", diz Athia Jr., que é pró-reitor do centro universitário UniÍtalo, em Santo Amaro (zona sul de SP).

Isso foi no fim de 2007. Em agosto do ano passado, o UniÍtalo inaugurou no horário das 5h45 às 8h30 uma turma de administração de empresas. Em janeiro deste ano, criou uma segunda opção de horário, das 23h à 1h45, abriu mais quatro turmas e acrescentou cursos de tecnologia de recursos humanos e pedagogia.

Agora, são 180 alunos. A carga horária é a mesma dos cursos diurnos, porém, redistribuída. A conclusão do curso se dá em 22 semanas, com aulas de três horas, e não em 17 semanas, com aulas de quatro horas.

Autorização do MEC

Diferentemente das faculdades, que precisam de autorização do MEC para a criação de cursos superiores, os centros universitários têm autonomia para isso --assim como as universidades, que, contudo, devem obrigatoriamente oferecer um volume expressivo de pesquisa e cursos de extensão.

O diretor da área de negócios do UniÍtalo, professor Wanilson Benevenuto, diz que, apesar da autonomia, os cursos são submetidos à avaliação do MEC (Ministério da Educação) em um período de quatro anos. Segundo Benevenuto, convocar professores para dar aulas em horários tão pouco convencionais não foi difícil, já que a maioria é diretor de área e está envolvida desde o início com o projeto. O próprio Benevenuto dá aula em administração.

Metade do preço

Para facilitar a divulgação da iniciativa e atrair outros entusiastas, as mensalidades são mais em conta do que as dos horários convencionais.

O aluno do curso de RH Charles Lucas Farias, 22, conta que foi atraído pela oportunidade de pagar 50% da mensalidade do horário que frequentava anteriormente, o das 19h. "De R$ 384, passei a pagar R$ 192", diz ele, no intervalo da aula de fundamentos da gestão de marketing, à meia noite.

Athia Jr. diz que ainda não é possível avaliar se o rendimento das turmas "notívagas" é igual. Mas o professor de contabilidade Djalma de Carvalho teoriza: "É mais fácil o aluno ter sono na aula das 14h, depois do almoço, do que na das 23h."

"Venho pilhada do trabalho, não sinto o menor sono. Quando chego em casa, às 2h, ainda demoro pra dormir", diz Tatiana Arruda, 22 anos, aluna do curso de administração.

A Folha assistiu à aula de Carvalho e observou que a turma parecia muito animada.

Aplicação na padaria

Uma das explicações para o comprometimento dos alunos pode estar na disposição extra de quem escolhe um horário não convencional. "Eles vêm mais focados", diz Benevenuto.

O padeiro Júlio Pereira, 29, que trabalha das 7h às 22h, já tentou cursar administração à tarde, horário de pouco movimento na panificadora da família, mas teve de trancar.

"Pensei que poderia deixar alguém no meu lugar, mas não deu. Trabalho de domingo a domingo e não tenho condição de me ausentar", explica Pereira, que quer aperfeiçoar os conhecimentos de administração.

Do lado de fora do prédio, não há o menor resquício da efervescência que se espera de um campus, frequentado, de dia, por 8.000 alunos.

Em relação ao acesso, há pontos negativos e positivos. O aluno Charles Lucas diz que, como não há transporte público, ele caminha uma hora até chegar em casa. Mas há vantagens. O professor Fábio Souza diz que, às 5h, é possível vir de Pirituba (zona norte), onde mora, até a avenida João Dias, em 20 minutos, tempo quatro vezes menor se fosse às 17h45.

Por Paulo Sampaio - Folha de Sâo Paulo
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