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DATA DA PUBLICAÇÃO 27/03/2011 | Geral
Alagamentos dobram em região da zona oeste de São Paulo após inauguração de shopping
A quantidade de alagamentos na região do Bourbon Shopping, na zona oeste da capital paulista, mais que dobrou depois da inauguração do empreendimento, em 2008. A constatação foi feita pelo R7 com base em dados do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) - órgão ligado à Prefeitura de São Paulo - cruzados pelo site Alagamento SP.

Entre 2004 (quando o CGE começou a coletar os dados) e 2007, eram registrados, em média, 8,25 pontos alagamentos por ano nas proximidades de onde hoje existe o shopping (rua Turiassu, 2.100). A partir de 2008, até 10 de março deste ano, essa média saltou para 18,5 pontos, um aumento de 124% em relação ao período anterior. Só em fevereiro de 2011, a região ficou alagada nove vezes.

A maioria dos alagamentos na região se concentra no quadrilátero entre a avenida Pompeia, na altura dos cruzamentos com a avenida Francisco Matarazzo e a rua Turiassu, e a praça Marrey Júnior (veja mapa abaixo).

O CGE também dispõe do volume total de chuva acumulado anualmente na capital paulista, a partir de 2005. Entre aquele ano e 2007 (período anterior à inauguração do shopping), choveu na cidade, a cada ano, em média, 1.341,3 mm. Entre 2008 e 2010, a média de chuva verificada pelo centro na capital paulista foi praticamente a mesma: 1.472,2 mm, um crescimento de apenas 9%. Enquanto o volume de chuva que atingiu a cidade cresceu muito pouco ao longo dos anos, o total de alagamentos no quadrilátero da zona oeste mais que duplicou.

Adensamento das construções

Segundo a urbanista Lucila Lacreta, diretora-executiva do movimento Defenda São Paulo, o "excessivo adensamento construtivo da região" seria o principal responsável pelo aumento nos alagamentos da área da zona oeste. A especialista também aponta a falta de cuidado na ocupação do subsolo.

– Na hora que você faz três ou quatro andares no subsolo [caso do shopping], você muda os lençóis freáticos e a lógica de absorção do solo.

Lucila ressalta ainda que a reforma no estádio do Palmeiras, vizinho ao Bourbon Shopping, pode piorar ainda mais a situação na zona oeste, caso a reserva de 40% de área permeável do terreno seja desrespeitada. De acordo com a urbanista, esse percentual é uma imposição da lei de zoneamento municipal na área.

O R7 enviou e-mails com perguntas e deixou recados na assessoria de imprensa do clube Palmeiras, mas, até a publicação desta notícia, não recebeu resposta sobre o assunto. A prefeitura informou que a obra do clube de futebol recebeu o alvará de aprovação e execução da Sehab (Secretaria Municipal de Habitação).

O arquiteto e urbanista Jorge Wilheim aponta ainda outros dois fatores, além do shopping e do estádio, que contribuem para as enchentes na região: a linha férrea (a área é cortada pelas linhas 7-Rubi e 8-Diamante da CPTM), que faz uma espécie de dique; e o fato de a esquina das avenidas Pompeia e Francisco Matarazzo ser um vale.

Por meio de nota, o Bourbon Shopping disse que construiu dois reservatórios para reaproveitar a água da chuva em serviços de "limpeza, irrigação dos jardins, e também nas torres de arrefecimento do sistema de ar-condicionado". De acordo com a assessoria do centro comercial, um dos reservatórios tem capacidade para 1,5 milhão de litros e outro, para 415 mil. Ambos ficam na esquina da avenida Pompeia com a rua Turiassu. Quando a capacidade dos dois reservatórios é esgotada, a água é bombeada para o esgoto.

A prefeitura, que também se manifestou sobre o assunto por nota, afirmou que "o aumento dos alagamentos na região não pode ser considerado uma consequência da construção do Bourbon Shopping, nem do campo do Palmeiras", pois o shopping construiu um sistema de absorção das águas e o estádio "existe na região há muitas décadas".

O texto ainda menciona que os investimentos no combate às enchentes aumentam ano a ano: "De 2005 a 2010, os investimentos anuais cresceram quatro vezes - passaram de R$ 97 milhões para R$ 401 milhões". A nota ainda destaca que técnicos trabalham em um Plano Diretor de Macrodrenagem para a cidade, com várias obras previstas, inclusive na região da zona oeste.

Memória

Pertencente ao grupo Zaffari, o Bourbon Shopping São Paulo foi inaugurado em março de 2008 com 210 lojas e 3.000 vagas de estacionamento. Na época, os proprietários disseram que pagaram, em 2003, R$ 6 milhões para a Emurb (Empresa Municipal de Urbanismo) fazer melhorias no trânsito e no sistema de drenagem da região.

Com essa verba e a de outras grandes construções da área, a Prefeitura de São Paulo anunciou, em 2009, que faria um piscinão na Lapa. O projeto, no entanto, foi abandonado, e a administração municipal decidiu construir novas galerias para reforçar a capacidade de vazão dos córregos Sumaré e Água Preta, que passam na região. De acordo com a Siurb (Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras), o projeto básico dessas galerias está concluído e o edital para licitação das obras está em fase final de elaboração.

Em 2008, o shopping chegou a ser multado pela administração municipal em R$ 23 milhões por ter aberto suas portas sem o Habite-se, documento emitido pela prefeitura que atesta a conclusão da obra.

Em nota enviada ao R7 no final de março, a prefeitura disse que "o projeto do Shopping Bourbon foi aprovado em todas as instâncias técnicas".

Colaborou Julia Boarini, estagiária do R7

Por João Varella - R7
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