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DATA DA PUBLICAÇÃO 02/08/2013 | Educação
Adultos do ABCD voltam a estudar depois dos 40 anos
Adultos do ABCD voltam a estudar depois dos 40 anos Josirene Silva, 55 anos, resolveu voltar à escola no ano passado Foto: Adonis Guerra
Josirene Silva, 55 anos, resolveu voltar à escola no ano passado Foto: Adonis Guerra
Matrículas de pessoas acima dessa faixa etária representam parcela significativa nas salas da Educação de Jovens

Até o ano passado, o mundo das letras era quase um mistério para Josirene Maria Santos da Silva, 55 anos. Durante a infância no sertão de Pernambuco, ela só frequentou a sala de aula até a 2ª série. “A fome era tão grande que era difícil prestar atenção e aprender”, relembra. Como muitos adultos com pouca escolaridade, precisou abandonar a escola para ajudar no rendimento familiar e foi trabalhar em plantações de tomate.

Essa realidade mudou no ano passado, quando Josirene viu uma sala do Mova (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos) na Sociedade Amigos de Bairro Vila União, em São Bernardo, onde mora. O interesse pelos estudos fez com que sua evolução fosse rápida e hoje ela chega a auxiliar outros alunos em sala de aula. “Antes eu sabia ler bem pouco, mas agora já escrevo.”

Assim como Josirene, muitos adultos têm procurado recuperar o tempo perdido quando o assunto é escolaridade. A Secretaria de Educação do Estado verificou o crescimento na matrícula de alunos com mais de 40 anos nas salas do EJA (Educação de Jovens e Adultos). A faixa etária, que em 2003 representava pouco mais de 9% das matrículas, representou 14,3% dos estudantes do EJA em 2012.

SIGNIFICATIVO

No ABCD, os adultos representam uma parcela significativa dos alunos do EJA nas redes municipais. Em São Bernardo, 3.525 estudantes com mais de 40 anos foram atendidos apenas no primeiro semestre deste ano. Os matriculados nesta faixa etária representam 32% dos estudantes em Mauá, 25% em São Caetano e 20% em Santo André. Já Rio Grande da Serra registrou crescimento de 10% no número de alunos com mais de 40 anos. Apenas em Diadema houve redução nas matrículas dessa faixa etária. Ribeirão Pires não respondeu até o fechamento desta edição.

Mova já beneficiou 105 mil na Região desde 1997

Com base no método do educador Paulo Freire, o Mova é desenvolvido em parceria com entidades em todo o Brasil. Na Região, o projeto foi instituído em 1997 e a estimativa é que 105 mil pessoas tenham sido beneficiadas com a iniciativa. Atualmente são 813 salas em funcionamento em Santo André, São Bernardo, Mauá e Rio Grande da Serra.

Professora do Mova há 10 anos, Vacelânia Lopes de Oliveira afirma que a troca de experiência entre alunos e professores é enriquecedora para ambos os lados e que o principal objetivo é transformar os alunos em cidadãos críticos e conscientes. “A parte mais gratificante é o convívio com os educandos, que acabam se tornando uma extensão da família. Eles são muito interessados e em cada sala é feito um trabalho diferente.”

Maria Aparecida Vidal, 68, escreve e lê muito pouco, mas espera mudar isso em breve. Ela frequenta as aulas do Mova há dois meses e espera conseguir superar obstáculos como o de conseguir ler com clareza o destino dos ônibus. “Só de aprender a ler eu já estou me sentindo melhor.”

Depois de priorizar a educação dos filhos, Maria Nair Rodrigues Vieira, 70, resolveu voltar à escola no ano passado. “Tive dois derrames e fiquei com problema de memória. Ano passado comecei a estudar, ainda não leio direito, mas já estou conseguindo escrever”.

O Mova está com inscrições abertas e os interessados podem conseguir mais informações pelo telefone 4335-7779.

Retomada de estudos é estímulo para ir além

A retomada dos estudos serve muitas vezes de estímulo para ir além. Sandra Regina Augusto é coordenadora do Curso de Pedagogia presencial da Faculdade Anhanguera de São Bernardo e conta que estudantes mais velhos têm ingressado no curso superior. “Percebemos que geralmente são pessoas que não teriam como incluir a faculdade no orçamento e vêm atrás de um sonho.”

A pedagoga ressalta que a dificuldade nos primeiros meses de curso é comum, mas é facilmente superada pela determinação do aluno. “Eles têm muita força de vontade e valorizam os estudos porque sabem o valor do tempo e do dinheiro. Por isso, a dificuldade inicial associada a essa força de vontade acaba gerando uma equação interessante”, avaliou.

Por Rosângela Dias - ABCD Maior
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