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DATA DA PUBLICAÇÃO 27/06/2012 | Saúde e Ciência
ABCD tem quase 190 mil pessoas na fila da Saúde
ABCD tem quase 190 mil pessoas na fila da Saúde Genara da Silva deixou de trabalhar e vive de doações. Foto: Amanda Perobelli
Genara da Silva deixou de trabalhar e vive de doações. Foto: Amanda Perobelli
Total equivale à população de São Caetano e Rio Grande

Há mais de um ano a empregada doméstica Genara Maria da Silva precisa de uma cirurgia para retirada de um mioma. A moradora de Santo André deixou de trabalhar por conta do problema de saúde e agora vive de doações de cestas básicas. Genara faz parte de um universo de 94.701 pessoas do ABCD que aguardam uma consulta em especialidades médicas.

“Desde o ano passado estou fazendo os exames para a cirurgia. Agora estou aguardando a chamada para um exame de hepatite, já que o primeiro apresentou alteração e a médica pediu um novo”, disse. A doméstica, que vive com quatro filhos, tem como renda apenas a pensão do ex-marido. “Não tenho como trabalhar por conta desse problema e recebo cesta básica para poder ter o que comer”, afirmou.

Quem também aguarda uma vaga nessa fila virtual é a filha do vigilante José Francisco Alves Silva, que precisa fazer ultrassonografia do abdômen. “Minha filha tem quatro anos e não consegue segurar a urina, então o médico pediu esse exame para saber se ela tem problema de bexiga mais baixa. Desde fevereiro tento uma vaga e não consigo”, relatou. Na Região, além dos 94.701 pessoas à espera por uma consulta, outras 94.372 mil pessoas estão na fila de espera para realização de um exame de apoio de diagnóstico.

Se somadas, as duas filas de espera mostram que há 189.082 pacientes na fila da saúde pública, total equivalente à população de São Caetano e Rio Grande da Serra juntas. Os números fazem parte de um documento do Consórcio Intermunicipal, encaminhado ao secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri, em protesto contra a decisão do governo estadual de reformular o atendimento no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André.

Decisão unilateral - “Mais uma vez, os municípios são atropelados por uma decisão unilateral e autoritária que não considera o processo de pactuação da rede regional de atenção à saúde, ficando ainda com o desgaste da descontinuidade da assistência antes oferecida por este Hospital (Mário Covas) e que não tem como ser absorvida pelos municípios. O fato ganha maior gravidade quando observamos que a mesma lógica vem norteando as ações dos demais serviços de saúde sob gestão estadual na Região (AME Santo André, AME Mauá e Hospital Estadual de Diadema – Serraria), que atuam como o Mário Covas, de forma desarticulada das reais demandas de saúde”, destacaram os prefeitos no documento.

Em maio deste ano, o Mário Covas deixou de oferecer algumas especialidades médicas como dermatologia, endocrinologia, cardiologia clínica e pneumologia. A decisão pela retirada das especialidades foi tomada sem conhecimento do Departamento Regional de Saúde.

Oftalmologia e ultrassom lideram as demandas
No caso dos exames, existem 33 mil pessoas aguardando uma ultrassonografia, há uma demanda reprimida de 15.105 por endoscopia digestiva alta e 6.502 esperam por uma eletroneuromiografia. Quanto às consultas com especialistas, a maior fila é da Oftalmologia (19.442), seguida por Ortopedia (13.602), Cirurgia Vascular (11.283), Urologia (7.839) e Dermatologia (6.174). Em Santo André são 38.986 pessoas esperando por um exame e outras 36.396 em busca de consulta com especialista, cuja maior demanda é por Cirurgia Vascular. Em Mauá, 28.726 pessoas aguardam por exame e outras 17.294 não conseguem consulta com especialista.

Diadema tem 9.911 pessoas na fila por um exame e outras 10.273 esperando por uma consulta com especialista. Destaque para Oftalmologia, com 5.740 pacientes ainda não atendidos. O maior município do ABCD, São Bernardo, tem 34,5 mil pessoas aguardando exames e consultas. Em Rio Grande da Serra são 5,2 mil, e Ribeirão Pires registra quase 5 mil. Até mesmo São Caetano, com seu alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), tem hoje 2,7 mil paciente na espera por atendimento de um especialista e por exame clínico.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informa que o ABCD possui quatro unidades de saúde geridas pelo governo do Estado, sendo dois hospitais de referência, o Mário Covas, em Santo André, e o Estadual de Diadema; e mais dois AMEs (em Santo André e Mauá) que, neste ano de 2012, receberão R$ 219 milhões para custeio. O custeio poderá ser completado ao longo do ano. Para a Secretaria, cabe às unidades básicas de saúde dos municípios a organização de agendamentos para consultas e exames nas unidades estaduais da Região, de acordo com as vagas disponibilizadas.

Estado omisso e gestão falha são causas
As causas da demanda reprimida por consultas e exames no ABCD são reflexos da omissão do governo do Estado e da falha de administração dos recursos pelos gestores dos municípios, de acordo com especialistas em saúde pública. Para o médico Nelson Nisenbaum, a ausência de investimento do governo estadual é a principal razão para o déficit apresentado.

“O Estado não contribui e não financia para melhorar a estrutura da saúde dos municípios. Além disso, existe uma carência de recursos humanos, já que os salários pagos são baixos e não há planos de carreira para os médicos. Soma-se a isso o fraco sistema de atenção básica, cujos clínicos gerais são despreparados e mal treinados, encaminhando casos simples para tratamento com especialistas, o que contribui para o aumento do problema”, apontou.

A má gestão dos escassos recursos públicos destinados para a saúde pública também é vista com um dos fatores que levam às filas, afirmou o especialista no Sistema Único de Saúde, Hugo Macedo Júnior. “Precisamos de processos mais modernos e gestores mais qualificados para administrar os recursos. Há necessidade em investir em regulação e não pensar de forma imediatista”, revelou.

AME é pouco utilizado em Santo André
De janeiro até 30 de abril deste ano, as quatro unidades estaduais da Região realizaram 133,3 mil procedimentos entre consultas e exames. O Hospital Estadual Mário Covas realizou 52,5 mil consultas médicas e 9,8 mil exames. O Estadual de Diadema, 29,2 mil consultas e 4,7 mil exames. No AME Santo André, foram realizadas 12 mil consultas e 15,9 mil exames, e o AME Mauá – implantado no final de 2011 – realizou 8,6 mil consultas médicas e 1,2 mil exames.

No entanto, somente em março, os municípios de Ribeirão Pires, Mauá e Rio Grande da Serra não preencheram 11,5% das vagas disponibilizadas no AME Mauá para estes municípios. Do total de consultas ofertadas pelo AME Santo André em março, 15% deixaram de ser agendadas pelas secretarias municipais de saúde da Região.

Por Angela de Paula e Vladimir Ribeiro - ABCD Maior
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