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DATA DA PUBLICAÇÃO 26/09/2014 | Saúde e Ciência
ABCD tem entre 800 e 1 mil moradores na fila do transplante de órgãos
ABCD tem entre 800 e 1 mil moradores na fila do transplante de órgãos Ana Aparecida Marcelino Pereira passou por autotransplante de medula óssea: “Estou me adaptando e tenho rotina normal”. Foto: Edu Guimarães
Ana Aparecida Marcelino Pereira passou por autotransplante de medula óssea: “Estou me adaptando e tenho rotina normal”. Foto: Edu Guimarães
Maior demanda na Região é por rim, seguido de córnea e fígado; mais de 30 mil estão na fila única

Neste sábado (27/09) é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos. Para incentivar o aumento de doadores, o Ministério da Saúde lançou nesta semana campanha com objetivo de sensibilizar as famílias sobre a importância da ação. Estima-se que mais de 30 mil pessoas estejam na fila única de transplante no Brasil. Entidades do ABCD acreditam que, desse total, entre 800 e 1 mil são moradores da Região.

O rim é o órgão com maior demanda, correspondendo a mais de 17 mil pacientes na lista de espera em junho de 2014 de acordo com dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos). No Estado de São Paulo, esse número corresponde a 9.073 pessoas. Depois do rim, a maior procura é por córnea e fígado, tanto no Estado quando no País.

No ABCD, a maior parte das pessoas na fila é composta por moradores de Santo André (229), São Bernardo (224) e Diadema (135). Os números foram obtido pela Cihdot (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes) que funciona dentro do CHM (Centro Hospitalar Municipal de Santo André), com base na Central de Transplante do Estado. A secretaria estadual de saúde foi procurada para confirmar os dados, mas não retornou até o fechamento desta edição.

Paulo Cezar Ribeiro é gerente de enfermagem no CHM e coordena a Cihdot, que realiza trabalho de orientação sobre o tema “Criamos uma rotina de busca ativa de potenciais doadores”. Com o reforço da ação, a comissão, que havia registrado cinco efetivações de doação em 2011, já obteve o dobro em janeiro e setembro desde ano. “O número de óbitos não aumentou, apenas otimizamos os casos já existentes”.

Ribeiro destaca que um dos pontos chave da ação é desmistificar o protocolo de morte encefálica, já que muitos famíliares temem que a retirada do órgão aconteça mesmo quando há chance de recuperação do paciente. Ele ressalta que o procedimento é criterioso e que é necessário realizar três exames clínicos para a constatação da morte encefálica. Os exames devem ser realizados por médicos diferentes com intervalo mínimo de seis horas.

“As dificuldades são inúmeras, desde falta de conhecimento da família em relação ao processo, mas muitas vezes também por parte de profissionais da saúde que não tiveram esse tipo de orientação na sua formação”. Atualmente apenas a captação de órgãos acontece na Região. O transplante só deve ser realizado em 2015, no Hospital de Clínicas de São Bernardo.

A presidente do Ipes (Instituto Paulista de Educação em Saúde), entidade regional que atende, em média, 35 pessoas mensalmente, acredita que o processo poderia ser otimizado com a criação de um OPO (Organização de Procura de Órgãos) no ABCD. Para ele, a informação é a chave para aumentar o número de doadores. “Fazemos trabalho educativos nas escolas para que possamos falar sobre isso de maneira mais tranquila e fazer com quem as pessoas pensem sobre o assunto pois o grande gargalo é a falta de informação”.

Quem tem interesse em ser doador deve comunicar a vontade à família, já que a cirurgia precisa ser consentida por parente de até 2º grau. De acordo com dados da ABTO, de cada 10 pessoas abordadas, metade se nega a doar os órgãos de seus familiares.

Vida de transplantado requer cuidados constantes

Morador de Santo André, Raul Fornero, de 50 anos, completa 30 anos transplantado em 2014. O problema renal foi diagnosticado após desmaios constantes e o banqueteiro chegou a fazer hemodialise antes de receber a notícia de que seu pai era doador compatível. “Não tinha noção de nada, foi tudo novo pra todo mundo. Como não tinha referência, fomos enfrentando e fazendo o que tinha que ser feito, não fiquei chorando o leite derramado”.

Assim como todo transplantado, Raul precisa tomar remédios por toda a vida para evitar a rejeição. Ele calcula que já tenha tomado mais de 100 mil comprimidos ao longo das últimas três décadas. “As pessoas acham que é atestado de morte, mas não é. Levo uma vida normal. Antes de atender sua morte, veja todas as possibilidade de cura. Isso vale para toda doença.

No caso de Alessandro de Souza, 38, a rejeição ao primeiro transplante de rim, realizado em 2002, aconteceu por conta de uma doença imunológica. “Não tive infecção, o rim parou de filtrar. Meu organismo rejeitou porque meu sistema imunologico é muito forte.” Em fevereiro deste ano, ele fez o segundo procedimento. “Na primeira vez tive uma experiência ruim, não estava preparado. No segundo foi diferente. O transplante não é cura, é um tratamento melhor que a hemodialise. Tenho vida normal, mas estou em fase de adaptação”.

Já Ana Aparecida Marcelino Pereira, 59, passou por um tipo diferente de transplante: o autotransplante de medula óssea. Depois de receber diagnóstico de câncer (mieloma múltiplo) no fêmur, ela passou pelo procedimento que consiste na retirada de sangue e células-tronco da medula, que é transplantada no organismo do próprio paciente. Ela precisa manter uma rotina médica para verificar se o mieloma está sob controle.

“Quando o médico diz que o que você tem tem tratamento, mas não tem cura, você não escuta mais nada. Agora eu encaro bem. O câncer não mata, o que mata é a gente se entregar. Estou me adaptando e tenho uma rotina normal”.

Por Rosângela Dias - ABCD Maior
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