DATA DA PUBLICAÇÃO 24/01/2014 | Setecidades
ABCD se prepara para seus primeiros rolezinhos
O encontro de jovens marcado pelas redes sociais ganhou visibilidade quando seis mil adolescentes ocuparam em dezembro o Shopping Itaquera, Foto: Amanda Perobelli
Encontros de jovens em shoppings da Região estão marcados para os próximos fins de semana
Shoppings da Região, o Golden Square, em São Bernardo, e o Mauá Plaza Shopping, em Mauá, estão marcados para receber nos próximos dois sábados – 25 deste mês e 1º de fevereiro, respectivamente, o rolezinho. O encontro de jovens marcado pelas redes sociais ganhou visibilidade quando seis mil adolescentes ocuparam em dezembro o Shopping Itaquera, na zona Leste da Capital.
No Golden, o evento foi marcado pelo coletivo Corredor Cultural 7 Cidades, contava até esta quarta-feira (22/01) com 162 pessoas confirmadas, e tem o formato de manifestação política. Intitulado Pelo Direito à Cidade, os organizadores pedem mais espaços públicos e direito aos bailes nesses espaços.
Já no encontro marcado para Mauá o número de confirmados passa de 650, e mais de oito mil pessoas foram convidadas. Embora o shopping tenha conseguido na Justiça liminar condicionando a entrada de menores apenas acompanhados de responsáveis, o rolezinho está mantido.
Um dos meninos responsáveis pelo convite na página do Facebook, Pedro Henrique Soares, 14 anos, ainda não sabe dizer o que os jovens farão caso a segurança do shopping os barre. “Provavelmente vamos mudar o local na hora. Ver o que dá pra fazer.”
TIRAR FOTOS
Henrique participou do rolezinho em Itaquera e afirma que os objetivos do encontro continuam os mesmos. “A gente adiciona as meninas na página (da internet) e queremos conhecer depois, tirar fotos. Fazemos isso no shopping porque é um lugar movimentado, todo mundo conhece.”
Estudante de escola pública e morador do Jardim Mauá, Henrique afirma que os xingamentos na página do evento – até esta quarta havia cinco publicações com ofensas aos organizadores – revelam preconceito de quem não mora na periferia. “Eles acham que moleque de comunidade não pode frequentar shopping.”
Henrique só vai ao shopping quando tem dinheiro. A última vez foi na semana do Natal, para comprar uma roupa para passar as festas de fim de ano. Nos horários livres ele fica em casa e às vezes joga bola na rua. Em três meses, ganhou 600 seguidores na rede social, em sua maioria, meninas.
Motivações são distintas, diz sociólogo
O sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, defensor do software livre e da inclusão digital no Brasil e professor da UFABC (Universidade Federal do ABC), que está acompanhando o debate sobre os rolezinhos na rede, afirma que os eventos mais recentes têm motivações distintas.
“Inicialmente eles tinham uma cara mais de entretenimento, e alguns ainda têm. Como os organizadores falam, são para conhecer ‘as mina’, andar de escada rolante, tirar fotos. Depois da repressão no shopping Itaquera alguns movimentos de esquerda responderam ao que aconteceu e ainda estão respondendo e fomentando o rolezinho, trazendo o debate sobre a sociedade de consumo e o que é feito para quem. A classe média não quer esses jovens da periferia ali. É um fenômeno geracional, estritamente formado por jovens que conseguem se organizar nas redes.”
Shoppings da Região, o Golden Square, em São Bernardo, e o Mauá Plaza Shopping, em Mauá, estão marcados para receber nos próximos dois sábados – 25 deste mês e 1º de fevereiro, respectivamente, o rolezinho. O encontro de jovens marcado pelas redes sociais ganhou visibilidade quando seis mil adolescentes ocuparam em dezembro o Shopping Itaquera, na zona Leste da Capital.
No Golden, o evento foi marcado pelo coletivo Corredor Cultural 7 Cidades, contava até esta quarta-feira (22/01) com 162 pessoas confirmadas, e tem o formato de manifestação política. Intitulado Pelo Direito à Cidade, os organizadores pedem mais espaços públicos e direito aos bailes nesses espaços.
Já no encontro marcado para Mauá o número de confirmados passa de 650, e mais de oito mil pessoas foram convidadas. Embora o shopping tenha conseguido na Justiça liminar condicionando a entrada de menores apenas acompanhados de responsáveis, o rolezinho está mantido.
Um dos meninos responsáveis pelo convite na página do Facebook, Pedro Henrique Soares, 14 anos, ainda não sabe dizer o que os jovens farão caso a segurança do shopping os barre. “Provavelmente vamos mudar o local na hora. Ver o que dá pra fazer.”
TIRAR FOTOS
Henrique participou do rolezinho em Itaquera e afirma que os objetivos do encontro continuam os mesmos. “A gente adiciona as meninas na página (da internet) e queremos conhecer depois, tirar fotos. Fazemos isso no shopping porque é um lugar movimentado, todo mundo conhece.”
Estudante de escola pública e morador do Jardim Mauá, Henrique afirma que os xingamentos na página do evento – até esta quarta havia cinco publicações com ofensas aos organizadores – revelam preconceito de quem não mora na periferia. “Eles acham que moleque de comunidade não pode frequentar shopping.”
Henrique só vai ao shopping quando tem dinheiro. A última vez foi na semana do Natal, para comprar uma roupa para passar as festas de fim de ano. Nos horários livres ele fica em casa e às vezes joga bola na rua. Em três meses, ganhou 600 seguidores na rede social, em sua maioria, meninas.
Motivações são distintas, diz sociólogo
O sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, defensor do software livre e da inclusão digital no Brasil e professor da UFABC (Universidade Federal do ABC), que está acompanhando o debate sobre os rolezinhos na rede, afirma que os eventos mais recentes têm motivações distintas.
“Inicialmente eles tinham uma cara mais de entretenimento, e alguns ainda têm. Como os organizadores falam, são para conhecer ‘as mina’, andar de escada rolante, tirar fotos. Depois da repressão no shopping Itaquera alguns movimentos de esquerda responderam ao que aconteceu e ainda estão respondendo e fomentando o rolezinho, trazendo o debate sobre a sociedade de consumo e o que é feito para quem. A classe média não quer esses jovens da periferia ali. É um fenômeno geracional, estritamente formado por jovens que conseguem se organizar nas redes.”
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