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DATA DA PUBLICAÇÃO 18/07/2012 | Setecidades
Abandono toma conta de monumentos pré-Independência
Abandono toma conta de monumentos pré-Independência Entrada do Parque Caminhos do Mar está fechada e dá ideia de abandono. Foto: Luciano Vicioni
Entrada do Parque Caminhos do Mar está fechada e dá ideia de abandono. Foto: Luciano Vicioni
Patrimônios históricos como a Calçada do Lorena estão esquecidos e Emae não tem previsão de reabertura

Foi montado em um alazão, trajando uniforme de gala, que D. Pedro anunciou a independência do Brasil. Esta é a versão napoleônica e historicamente falsa de uma das cenas mais importantes para o País. Mas a realidade é que, antes de se rebelar contra Portugal, o príncipe regente teve de subir a Serra do Mar pela Calçada do Lorena, galopando em uma mula e parando de tempos em tempos para aliviar as dores de uma forte diarreia.

Esta versão se aproxima também da realidade em que se encontra uma das mais importantes travessias para a história de São Paulo. A Estrada Velha de Santos, seus monumentos e até a Calçada do Lorena estão esquecidos na mata e há mais de um ano a visitação turística foi barrada. Chuvas do fim de 2010 causaram desmoronamentos em trechos do trajeto e os reparos foram finalizados em maio deste ano. Porém, a Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) não sabe quando o local será aberto para o público novamente.

Os reparos foram feitos pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem), que emitiu parecer técnico autorizando a Emae a liberar o trajeto para visitação. O abandono, contudo, persiste. No portal principal é possível notar a falta de fiscalização e manutenção. A Estrada Velha, ou Rodovia SP 140, fica incrustada na Mata Atlântica, região de proteção ambiental que nos últimos anos vem sofrendo com agressões. Instalação de dutos de gás pela Petrobras, o Trecho Sul do Rodoanel e abertura de trilhas não oficiais pela população desgastam cada vez mais a vegetação. Uma faixa de aviso sobre a interdição foi fixada na Rodovia Caminho do Mar, no bairro Capelinha. Até fevereiro um funcionário montava guarda na guarida principal da estrada, após a rota de restaurantes.

No caso da antiga travessia São Bernardo-Santos, o Monumento do Pico, Pouso Paranapiacaba, Ruínas do Pouso, Belvedere Circular, Rancho da Maioridade, Padrão do Lorena, Pontilhão da Raiz da Serra, Cruzeiro Quinhentista e Estrada Velha de Santos, tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) estão sem manutenção.

Sem contrato - A Emae informou que não possui mais contrato com equipes de visitação ao local. Antes da interdição, para percorrer a via bastava agendar junto à Fundação Energia e Saneamento ou à Emae. A empresa vai mudar o formato de turismo ao local, porém, não existe projeto concluído. “Por conta do período inativo, superior a um ano, houve descontratação das equipes de apoio para visitação. Atualmente, a Emae está realizando estudos visando o estabelecimento de novo modelo turístico sustentável para o empreendimento, visando sua reabertura o mais breve possível”, informou a empresa por meio de nota.

Arqueólogo defende turismo na Estrada Velha como forma de preservação

A importância da Serra do Mar para a história do ABCD e São Paulo não é apenas simbólica. Encontram-se ali diversos patrimônios que carecem de estudo e preservação, na visão de historiadores e arqueólogos. Para conservar a Calçada do Lorena, por exemplo, o arqueólogo Paulo Zanettini defende o turismo e a visitação. “É um dos poucos monumentos que permitem a interação das pessoas. O pisoteio pela Calçada permite a compactação das pedras evitando erosão e deslizamento de sedimentos”, explicou Zanettini, autor da dissertação de mestrado A Calçada do Lorena: o caminho para o mar, pela USP (Universidade de São Paulo) em 1998.

Arqueólogos já descobriram naquela região uma segunda casa de pouso de tropas, figuras rupestres, fragmentos de cerâmica utilizados na época do Brasil Colonial, e também a lápide de inauguração da Calçada do Lorena em 1792, que ainda não foi resgatada e encontra-se no meio da mata. Estima-se que a pedra tenha mais de meia tonelada.“É um local muito rico de história e que merece atenção dos órgãos administrativos”, disse o arqueólogo. “É como uma casa fechada que com o passar do tempo vai apresentando defeitos e, se ninguém fizer manutenção, a situação fica pior”, comentou Zanettini sobre o bloqueio do turismo à Estrada Velha de Santos – o acesso à Calçada do Lorena está próximo ao monumento Pouso de Tropas.

De acordo com o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), as erosões que aconteceram em 2010 atingiram apenas a Estrada Velha. Porém, alguns funcionários do Parque Serra do Mar relataram que muitos monumentos estão sem manutenção desde que a estrada foi fechada. “Isso pode ser um sério risco para o patrimônio. No caso da Calçada do Lorena, o mato pode tomar parte da estrada, as pedras que compõem o pavimento podem se desprender”, comentou Zanettini.

Por Renan Fonseca - ABCD Maior
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