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DATA DA PUBLICAÇÃO 24/05/2009 | Cultura
70 anos de Jair Rodrigues
Sorriso largo, simpatia e boas histórias na ponta da língua, daquelas capazes de prender a atenção do interlocutor mais ranzinza. Em fase de comemoração dos 70 anos - e cinco décadas de trajetória profissional -, o cantor Jair Rodrigues preserva o jeito irreverente que cativou a plateia do 2º Festival da Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record, em 1966.

Naquele ano, o músico encantou o público com a interpretação de Disparada, lírica composição de Theo de Barros e Geraldo Vandré que dividiu o primeiro lugar com A Banda, de Chico Buarque.

"Quando soube que tinha havido empate com o Chico, foi um auê total. Levantei ele e botei no colo. Era um grande festival de irmandade. Não tinha ciúmes ou bronca do outro", relembra o intérprete.

Apesar da amizade e das afinidades musicais, a separação ideológica na classe artística era evidente nos anos de chumbo do regime militar. Nascido em família pobre de Igarapava, interior do Estado, filho de empregada doméstica e boiadeiro (que não conheceu), Jair não queria saber de manifestos, passeatas, acaloradas discussões sobre a ditadura e outros temas importantes naquele período de polarização.

Para ele, bastava divertir multidões com seu notável alcance vocal e inquestionável talento sob os holofotes, que já demonstrava nos primeiros shows como crooner em boates paulistanas. "O clima para o lado do Chico, Vandré, Gil, Caetano e outros não era bom. Mas não mexeram comigo e eu não mexi com eles (os militares). Sempre cuidei da minha carreira e tive conselhos de empresários e amigos: ‘Olha, não se meta nisso que você pode se prejudicar''''. Graças a Deus, fui o único artista daquela época que pôde gravar as músicas proibidas". Em 1964, o cantor já desfrutava de popularidade em todo o País, embalado pelo hit Deixa Isso pra Lá, faixa do álbum Vou de Samba com Você. A canção, que já ganhou versões em inglês, francês, espanhol, e até japonês, é considerada o primeiro rap da história, devido ao canto falado e ao inconfundível gestual criado por Jair.

No ano seguinte, ele estreou na Record o programa O Fino da Bossa, ao lado da "irmã" Elis Regina. "Todas as vezes em que nos encontrávamos era só alegria. A gente contava aquelas piadas escabrosas, incontáveis", recorda.

Perto dele, a Pimentinha, conhecida pelo temperamento explosivo, jamais deu piti. "Nunca flagrei a Elis sendo malcriada ou respondendo mal a alguém. Só tenho coisas boas para contar dela. Teve um dia que ela falou: ‘Negão, você é um irmão que eu não tenho''''. Nossa relação era assim".

Apelidos como Negão e Crioulo não incomodam o ídolo septuagenário. "Não sofri preconceito e sempre fui bem recebido, mesmo nos tempos das vacas magras. O racismo continua, mas é velado. Acho que é mais social: se você é negro e cheio de grana, é bem tratado".

Família e trabalho - Jair fala com carinho da mulher, a empresária Claudine, com quem está casado há quase 40 anos. Ela assina a direção geral do recém-lançado CD ao vivo, Festa para um Rei Negro (Universal, R$ 24 em média). Até quando elogia, ele faz piada.

"Eu apenas canto e quem cuida de tudo é a Claudine. Dizem que por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher. Eu digo que ela está ao lado porque atrás de mim não tem nada, véio", comenta, aos risos.

O intérprete demonstra o mesmo orgulho dos filhos, os cantores Jair Oliveira e Luciana Mello, presentes no disco em homenagem ao pai. A bolachinha, que ganhou registro em DVD (Universal, R$ 40 em média), atesta a capacidade de aglutinar amigos e a versatilidade de Jairzão, que começou seguindo a cadência bonita dos bambas, abriu intuitivamente o caminho para os rappers e flertou com o sertanejo (vide a dobradinha com Chitãozinho & Xororó, em Majestade o Sabiá).

Não faltam arranjos empolgantes como o de Coisinha do Pai, que conta com Jorge Aragão, Não Deixe o Samba Morrer (com Alcione) e Deixa Isso pra Lá (em que Rappin Hood, Max de Castro, Simoninha e Rodrigo Ramos dividem os microfones).

Por Dojival Filho - Diário do Grande ABC
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