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DATA DA PUBLICAÇÃO 27/03/2017 | Saúde e Ciência
Como o medo de avião afeta as pessoas? Veja relatos, opinião de especialista e saiba quando vira fobia
Como o medo de avião afeta as pessoas? Veja relatos, opinião de especialista e saiba quando vira fobia Avião da Gol Linhas Aéreas sobrevoa a Cordilheira dos Andes, no Chile (Foto: Luciano Calafiori/G1)
Avião da Gol Linhas Aéreas sobrevoa a Cordilheira dos Andes, no Chile (Foto: Luciano Calafiori/G1)
G1 ouviu pessoas que sentem medo de voar para saber como lidam com o problema; psiquiatra explica níveis do medo e formas de tratamentos.

Pesadelos, noites acordadas, tremor no corpo inteiro, transpiração e pânico. As reações podem ser consideradas extremas, mas se tornam comuns para quem sente medo de avião. De acordo com especialistas, a sensação de voar muitas vezes causa transtornos físico e emocional que podem deixar o voo aterrorizante, impedir a pessoa de entrar em uma aeronave e se tornar uma fobia, na qual a recomendação é um tratamento especializado.

O psiquiatra Geraldo José Ballone - membro da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, professor e autor de livros na área - afirmou ao G1 que o medo de avião, também conhecido como aerofobia, pode causar alterações físicas, que vão de fraqueza até dores no peito, e também reações emocionais, como ansiedade, insegurança e pensamentos relacionados à morte.

"Se o medo de avião impedir alguém de fazer alguma coisa e isso prejudicar a pessoa, é patologia”, disse.

O G1 ouviu três pessoas que sentem medo de avião para saber como lidam com o problema e o quanto isso os limita. A reportagem faz parte de um conteúdo extra da série “Plano de Voo”, da EPTV, afiliada da TV Globo, que apresentará histórias sobre aviação a partir desta segunda-feira (27) até o próximo sábado (1).

Confira abaixo os relatos e a opinião do especialista sobre os níveis de medo que existem e os tipos de tratamento.

'Vou de graça?'

O novo técnico da Ponte Preta, Gilson Kleina, que voltou ao time de Campinas na quinta-feira (23) depois de seis anos, é conhecido no meio do futebol por ter medo de voar. Já veterano, o treinador acumula passagens por outros clubes do Brasil, como Palmeiras, Bahia, Avaí e Goiás, e sempre teve que encarar longas viagens de avião para disputar as partidas.

Por força da profissão, o medo não impediu Kleina de entrar em uma aeronave, mas a experiência nunca será normal para o comandante da Macaca.

"Ainda hoje me sinto muito desconfortável quando voo. Me falaram o seguinte: quando for a minha hora, será e não posso fazer nada a respeito. E se for a hora do piloto? Aí, vou de graça?", disse Gilson Kleina.

Pesadelos constantes

A estudante Stephany Souza, de 22 anos, afirmou que começou a sentir medo de avião há cinco anos. A apreensão se tornou mais séria quando ela começou a ter pesadelos frequentes com quedas de aeronaves e perceber que desenvolveu um pânico toda vez que ouvia notícias relacionadas à acidentes aéreos.

“Já perdi a conta de quantas vezes eu sonhei. Comecei a sonhar frequentemente com aviões caindo, explodindo. Às vezes o sonho é tão real, que eu acordo com muito medo e com o coração acelerado. Meu medo não é só a altura, é saber que se algo der errado lá em cima, eu não terei o que fazer a não ser esperar pela queda. Geralmente, em quedas de avião, a pessoa sabe que vai morrer. Isso me apavora”, afirmou a jovem.

Apesar de já ter passado por situações de ansiedade dentro de um avião, como por exemplo quando mudou de Aracaju para Campinas há um ano, Stephany vai enfrentar o maior desafio da vida para superar o medo de voar. Em abril, ela embarca para os Estados Unidos para um intercâmbio de um ano na função de Au Pair – quando o estudante cuida de crianças da família que o recebe.

“Eu já tentei assistir vídeos de decolagens pra ver se eu acostumava com a ideia, mas foi pior ainda e resolvi deixar pra lá. Estou tomando chás calmantes para ver se ameniza, mas por enquanto continuo na mesma. Voar ainda não é uma coisa natural pra mim. E continuo sonhando com aviões explodindo e caindo. Na maioria das vezes, não estou dentro do avião, mas sim do lado de fora”, contou

Sem levantar

No caso da jornalista Letícia Boaretto, de 24 anos, o medo de voar começou quando ela tinha 16 anos, depois de um susto dentro da aeronave. Em um voo de Nova York para o Brasil, o avião pegou um “vácuo” – quando perde sustentação e altitude no ar – e os objetos do serviço de bordo chegaram a cair e deslizar pelos corredores. A partir daí, a jovem nunca mais conseguiu dormir em viagens aéreas e sempre questiona os comissários quando acontece uma turbulência.

“Eu não durmo e também não tomo remédio para dormir porque se o avião cair eu preciso estar em alerta. Eu coloco na minha cabeça que eu não posso perder nenhum sentido, até porque eu tenho que questionar as pessoas se escutar algum barulho estranho. Eu não levanto nem para ir ao banheiro e não tiro o cinto de segurança para nada. Eu fico apavorada”, relatou.

Em novembro de 2016, a jornalista passou por mais um susto dentro de um avião, o que aumentou o medo dela ainda mais. Na volta de Paris para São Paulo, quando viajou de férias com o noivo, o alarme da aeronave disparou e o sinal de evacuação foi ligado. Depois de um tempo, a equipe de comissários informou que se tratava de um engano, mas não foi o suficiente para Letícia se tranquilizar.

“Eu fiquei muito nervosa. Tremia inteira e queria saber de qualquer maneira o que estava acontecendo. Quando acionou o sinal de evacuação, eu cheguei a pensar que ia morrer. Viajar de avião é sempre muito difícil para mim, porque é um desgaste psicológico e físico. Eu não durmo na véspera, não durmo durante a viagem. Então, acabo ficando muito cansada”, disse.

Quando o tratamento é necessário?

O psiquiatra Geraldo José Ballone afirmou que o medo de avião se manifesta em reações fisiológicas e psicológicas. De acordo com o especialista, a quantidade de sintomas físicos e emocionais que as pessoas sentem quando pegam um avião é que definem o grau de aerofobia que ela sente. Se a repulsa a voar não for impeditiva ou não prejudicar a própria pessoa e quem convive com ela, não é necessário nenhum tipo de tratamento.

“Os sintomas físicos e psicológicos são muitos, como tensão muscular, náusea, vômito, e outros. No entanto, na psiquiatria, só é considerado patologia se o problema afeta a pessoa e o meio que ela vive”, explicou Ballone.

Ainda de acordo com o especialista, muitas vezes o medo de avião está relacionado com outros receios, como o de ficar confinado, ou uma fobia social, por exemplo ficar sentado ao lado de uma pessoa estranha por muitas horas. Sobre as formas de tratamento possíveis para o caso de aerofobia, o especialista afirma que sempre avalia caso por caso, mas, na maioria das vezes, são receitados ansiolíticos e antidepressivos, além do encaminhamento do paciente para uma terapia.

"Muitas pessoas sentem ansiedade leve antes dos voos. No entanto, no caso de aerofobia, a ansiedade assume um tom mais grave. Essas pessoas começam a evitar as férias em família ou adiar reuniões de negócios que incluem viajar de avião. Isso, muitas vezes, pode ter efeitos devastadores sobre a carreira e vida pessoal", informou.

Por Marcello Carvalho - G1 Campinas e região
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