NOTÍCIA ANTERIOR
Radiohead é confirmado como atração do Glastonbury
PRÓXIMA NOTÍCIA
Mauá reabre restaurante popular
DATA DA PUBLICAÇÃO 24/10/2016 | Cidade
Centro de Mauá vira terra de ninguém
Centro de Mauá vira terra de ninguém Foto: Nario Barbosa/DGABC
Foto: Nario Barbosa/DGABC
Porta de entrada para quem chega à cidade por meio do sistema de trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) ou pelas linhas de ônibus que passam pelo Terminal Central, a Praça 22 de Novembro, no Centro de Mauá, é dominada pelo mercado ilegal.

A falta de fiscalização por parte do poder público e das forças policiais deixa a área, que recebe alto fluxo de pessoas todos os dias, livre para a realização de irregularidades. Em curto espaço, é possível comprar bilhetes para o transporte público de forma ilícita, relógios e celulares sem nota fiscal, roupas e acessórios falsificados e também embarcar em lotação clandestina, a 100 metros do local.

Área tradicionalmente comercial, o Centro de Mauá possui, além de shopping, diversas lojas do varejo. Durante três dias, a equipe do Diário circulou pela praça, localizada a menos de um quilômetro da Prefeitura gerenciada por Donisete Braga (PT), e constatou a facilidade com que os integrantes do mercado ilegal atuam.

A abordagem aos possíveis clientes acontece durante todo o dia. “Relógio aqui, relógio aqui. Mercadoria boa”, anuncia um dos comerciantes clandestinos a grupo de aproximadamente 30 pessoas em área próxima ao ponto de táxi da praça. O espaço é um dos mais utilizados pelos vendedores do comércio paralelo. Como estratégia, homens e mulheres retiram os objetos das sacolas e bolsas e deixam expostos aos transeuntes.

Um smartphone Samsung Galaxy S4, que atualmente é comercializado em lojas pelo preço de R$ 500, pode ser facilmente adquirido na “feira do rolo” por quantia de R$ 100. “Quem compra sabe que tudo é produto roubado. No fundo, aqui se tornou ponto de repasse”, relata a dona de casa Vanilza da Silva, 47 anos.

Mais perto da entrada da Estação Mauá da CPTM, cerca de 20 pessoas oferecem bilhetes aos usuários da Linha 10-Turquesa por R$ 3, valor R$ 0,80 mais barato do que o oficial. O local foi palco de confusão, que terminou com um ambulante baleado por agente da companhia estadual na semana passada. Apesar do episódio, o cenário permanece o mesmo. No entanto, conforme a estatal, os funcionários realizam “constantes fiscalizações nas linhas de bloqueios das estações, visando evitar irregularidades”.

É possível observar que os grupos são articulados para anunciar a presença policial e que usam os comércios regulares para se esconder. Conhecidos como olheiros, homens se espalham pela praça e vigiam qualquer ação da Polícia Militar ou da GCM (Guarda Civil Municipal) na área. “Sempre que a polícia chega, eles entram nas lojas do calçadão”, revela uma comerciante local que prefere não se identificar.

O espaço também é famoso reduto de profissionais do sexo, principalmente mulheres. Neste caso, a maior reclamação é relacionada ao tráfico de drogas e conflitos. “Isso aqui à noite é terrível. Elas atraem muitos bêbados”, relata a vendedora Thalita Alves Dias, 24.

As polícias Civil e Militar afirmam trabalhar para acabar com o mercado ilegal da área. No entanto, ressaltam as dificuldades de inibir o problema. “É um trabalho de enxugar gelo. A gente faz, mas acaba sendo um problema social, que se instaurou ali”, afirma o delegado titular do 1º DP (Centro), José Carlos de Melo.

Procurada pela equipe do Diário, a Prefeitura de Mauá se omitiu sobre o tema.

Lotações seguem atuando livremente

Dois meses após o Diário denunciar esquema de transporte clandestino em Mauá, motoristas de lotações seguem atuando livremente na região central da cidade. O serviço não autorizado pela administração municipal permanece driblando a fiscalização na oferta de alternativa para usuários insatisfeitos com o transporte público municipal, superlotado e com longa filas de espera – está sob responsabilidade da Suzantur.

A equipe do Diário voltou aos pontos de saídas dos veículos de passeio que atuam como lotações e constatou que a situação permanece a mesma. Moradores da cidade se organizam em filas para aguardar o transporte irregular.

Na Rua Rio Branco, a menos de 100 metros do Terminal de Ônibus do Centro da cidade, os carros continuam ocupando área de Zona Azul sem qualquer indício de preocupação.

“Sinceramente, isso não muda. Até porque esses carros, em alguns casos, são melhores que o ônibus. Ontem (quinta-feira) mesmo, que choveu à noite, isso (a lotação) foi uma mão na luva para muitos”, disse o vendedor Rubens Pedroso, 37 anos.

Na Avenida Washington Luiz, próximo à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24 horas da Vila Magini, outra leva de motoristas do transporte clandestino segue atuando sem qualquer receio da fiscalização. “Meu amigo, isso aqui já existe há tempos. Se a Prefeitura não tirou até hoje, não vai ser agora que algo vai mudar”, relatou um comerciante que não quis se identificar.

Novamente questionada sobre o assunto, a Prefeitura de Mauá, se calou.

Especialista culpa autoridades pela desordem pública na área central

Para o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho, a livre atuação de pessoas no mercado ilegal da Praça 22 de Novembro, em Mauá, trata-se de uma “desordem pública causada pela omissão das autoridades”.

“A solução é simples e barata. Basta a Prefeitura com apoio da Polícia Militar ficar todos os dias na área atuando que esse problema encerra. Precisa ter constância. Só assim para acabar”, relata.

Na avaliação do especialista, a ação do grupo só aumentou em virtude da omissão do poder público sobre o caso. “Se ninguém fiscaliza é óbvio que o mercado irá crescer. Isso não pode acontecer. Existem exemplos de cidades que conseguiram reverter a situação. Basta ser atuante”.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), a Polícia Civil em Mauá tem realizado série de operações na região “com a intenção de conter a venda ilegal de objetos” praticadas na área. A Pasta cita como exemplo a apreensão de 14 celulares feita na quinta-feira, logo após a equipe do Diário realizar entrevista com o delegado titular do 1º DP (Centro) de Mauá, José Carlos de Melo.

A SSP ainda destaca que policias já prenderam 492 pessoas em flagrantes na região nos oito primeiros meses de 2016, portanto, média de duas detenções por dia.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Mauá não se manifestou sobre o assunto.

Por Daniel Macário - Diário do Grande ABC
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Setecidades - Clique Aqui
As últimas | Cidade
06/04/2020 | Atualização 06/04/2020 do avanço Coronavírus na região do ABC Paulista
03/02/2020 | Com um caso em Santo André, São Paulo monitora sete casos suspeitos de Coronavírus
25/09/2018 | TIM inaugura sua primeira loja em Mauá no modelo digital
As mais lidas de Cidade
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7708 dias no ar.