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DATA DA PUBLICAÇÃO 01/09/2015 | Economia
Mercedes cancela 1.500 demissões
Mercedes cancela 1.500 demissões Foto: André Henriques/DGABC
Foto: André Henriques/DGABC
A Mercedes-Benz cancelou as 1.500 demissões programadas para serem efetivadas hoje na fábrica de São Bernardo. E garantiu a estabilidade de seus cerca de 10 mil funcionários até 31 de agosto de 2016. Em contrapartida, aceitou aderir ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego), desde que o reajuste salarial correspondesse a 50% da inflação – e o restante fosse pago sob forma de abonos – e as promoções fossem congeladas por dois anos. Após negociações realizadas no fim de semana com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi aprovado na manhã de ontem em assembleia, por unanimidade, o acordo proposto aos trabalhadores. Dessa maneira, a greve, que durou uma semana, foi encerrada, e todos voltam ao trabalho hoje.

A Mercedes é a primeira montadora do País a integrar o PPE. Toda a fábrica são-bernardense, o que inclui os colaboradores horistas e mensalistas, terá durante nove meses a jornada de trabalho reduzida em 20%, enquanto os rendimentos serão diminuídos em 10%, já que o governo federal, por meio de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), complementa metade da redução.

“Nossa sensação é de dever cumprido. Passamos o ano todo lutando pelo PPE, justamente para que ele pudesse salvar empregos, mesmo que a renda do trabalhador seja um pouco diminuída”, avalia o presidente do sindicato, Rafael Marques. “A greve, que foi intensa, e a manifestação, que levou quase toda a fábrica pela Via Anchieta, criaram processo de negociação com a Mercedes. A empresa dizia que o PPE já tinha sido rejeitado (em julho, depois de quase 30 dias acampados em frente à fábrica, em protesto a 500 demissões, sendo 200 por PDV – Programa de Demissão Voluntária –, proposta de redução de salário e trabalho não foi aceita, porque previa reajuste menor), mas, à época, o PPE ainda não tinha sido formatado pelo governo.”

Além da redução de 20% da jornada de trabalho, sobre a qual ainda será decidido se haverá diminuição da carga horária diária ou se irão trabalhar um dia a menos na semana, o rendimento será achatado em 10%, e o 13º salário será atingido de maneira proporcional aos nove meses do programa. A PLR (Participação nos Lucros e Resultados), no entanto, não será afetada, assim como o valor referente às férias, que se manterá com o montante sem o desconto.

O reajuste salarial do ano que vem equivalerá a 50% do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) – em maio, metade do indicador será incorporado aos salários e, o restante, será pago em forma de abono. Segundo o diretor do sindicato Moisés Selerges, que também é funcionário da Mercedes, é estimada inflação de 7% para o período e, com base no rendimento médio dos profissionais da fábrica, de R$ 6.000, a gratificação deverá atingir R$ 3.000. “A expectativa é que sejam pagas duas parcelas de R$ 1.500, sendo uma em maio e outra em dezembro.”

Selerges contou ainda que existe a possibilidade de a empresa lançar mão de licença remunerada ainda neste mês, possivelmente já na semana do feriado de 7 de setembro, pois a diminuição de 20% na jornada pode não ser suficiente. “Para que o País saia da crise, é necessário esforço grande por parte dos trabalhadores e dos empresários. E é o que estamos fazendo”, disse Marques.

“Estamos felizes pelas famílias e pelos nossos funcionários, que terão a garantia de emprego até o próximo ano. Isso representa um fôlego tanto para a empresa quanto para os colaboradores diante de uma forte crise econômica no País”, afirmou Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO América Latina, referindo-se à estabilidade assegurada até 31 de agosto do ano que vem.

Apesar da reversão, mercado ainda passa por crise

O mau resultado das vendas nacionais de caminhões e ônibus neste ano, que despencaram 43,1% e 28,6%, respectivamente, motivou a Mercedes-Benz a anunciar as demissões dos 1.500 profissionais. Hoje, a capacidade ociosa da fábrica em São Bernardo é de 50%.

“As expectativas de vendas para o mercado de veículos comerciais em 2015 continuam negativas e não existe nenhuma previsão de recuperação no próximo ano. Nesse sentido, o País precisa de medidas para sair da recessão, controlando a alta inflação e as elevadas taxas de juros, retomando o crescimento econômico e despertando a confiança dos investidores para realizar novos negócios. A falta de estabilidade política e econômica gera uma desconfiança dos clientes, que deixam de investir no mercado brasileiro. Essa situação, se não resolvida, continuará ameaçando as empresas e a manutenção de empregos no País”, advertiu Philipp Schiemer, presidente da Mercedes.

Esse também é o temor de um operador de usinagem CNC, há sete anos e meio na companhia, que preferiu não se identificar. Embora aliviado com a reversão dos cortes, ele ainda teme tanto os desdobramentos da crise como os impactos de mudanças na estrutura interna. “Temos recebido volume considerável de eixos estampados da Coreia (do Sul), que reduzem o trabalho na área de usinagem. Além disso, a redução na demanda, o aumento da terceirização e a modernização da linha mostram que haverá enxugamento. Tanto que, antes da notícia da demissão, estava tentando mudar de área, para a assistência técnica de pós-venda, o que vou retomar a partir de amanhã (hoje)”, contou. Com o PPE, seu salário diminuirá cerca de R$ 600. “É melhor garantir o emprego ganhando menos do que não ter onde trabalhar.”

Existem ainda 250 trabalhadores em lay-off (suspensão temporária de contrato), com estabilidade, devido a doenças laborais, que deverão retomar o trabalho em outubro. Além disso, durante o PPE é possível que a empresa abra outro PDV (Programa de Demissão Voluntária).

Por Soraia Abreu Pedrozo - Diário do Grande ABC
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