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DATA DA PUBLICAÇÃO 23/04/2015 | Economia
Trabalhadores da Mercedes em São Bernardo entram em greve
Trabalhadores da Mercedes em São Bernardo entram em greve Foto: André Henriques/DGABC
Foto: André Henriques/DGABC
Em assembleia ontem às 6h30 na frente da fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo, os trabalhadores da montadora, debaixo de chuva, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. A intenção é pressionar a empresa a reverter as demissões anunciadas de 500 dos 715 trabalhadores em lay-off (que têm os contratos de trabalho suspensos temporariamente) e forçar a companhia a negociar alternativas para a preservação dos empregos.

Contatada pela equipe do Diário, a Mercedes-Benz confirmou a paralisação ontem e disse que a decisão de rescindir 500 contratos de trabalho a partir do dia 4 de maio é necessária para a empresa tentar gerenciar o excedente, que supera 1.900 pessoas (além dos 715 que estão suspensos há dez meses, há outros 1.200 na fábrica), em razão da forte queda de vendas de veículos comerciais no mercado brasileiro. A empresa conta hoje com quadro de 10,5 mil funcionários em São Bernardo.

Durante a assembleia, Moisés Selerges, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e integrante do comitê sindical de empresa na montadora, afirmou que a Mercedes-Benz precisa negociar, inclusive, melhores condições para o PDV (Programa de Demissão Voluntária). Atualmente, há um aberto pela companhia, que se encerra dia 27, segunda-feira, e que oferece valor fixo de R$ 28,5 mil (independentemente do tempo de casa), mais as verbas rescisórias, para quem aderir e, no caso de quem está em lay-off, esse valor é acrescido em R$ 11,5 mil.

“Quando a empresa fala em queda do mercado, nós reconhecemos isso, é fato. O setor de caminhões caiu mais de 40% (em vendas neste ano), o que reflete diretamente para a gente e para a cadeia toda. Mas nós sabemos que a economia é cíclica, e quando tem queda, é preciso buscar alternativas até a exaustão”, afirmou o dirigente.

“Já são dois anos de muita angústia. Não podemos, nesse processo de reestruturação pelo qual a empresa está passando, aceitar demissão sumária. Se a gente aceita esse jeito de a empresa gerir, quem garante que daqui a pouco não vão outros 500? Não podemos deixar de ter reação à altura”, disse o presidente do sindicato, Rafael Marques.

Em janeiro, os trabalhadores da Mercedes e seus familiares já tinham feito manifestação na frente da fábrica para tentar reverter 160 demissões na montadora. Ao todo, saíram 260, sendo 100 por PDV.

Marques, que também considerou pouco o que a Mercedes oferece de PDV, disse que uma reestruturação não pode ser discutida no curto prazo. “Até dia 4 de maio não se consegue resolver nada”, afirmou. Ele citou ainda que o sindicato negociou com a Ford plano que garantiu estabilidade de emprego até 2107, E, com a Volkswagen, até 2019.

Empregados em lay-off estão apreensivos com a economia

Os 715 trabalhadores da Mercedes-Benz em lay-off vivem clima de apreensão. Boa parte deles recebeu correspondência, no início do mês, para comparecer ao departamento de RH (Recursos Humanos) a fim de conhecer as condições do PDV (Programa de Demissão Voluntária). A intenção da empresa era convencê-los a aderir ao programa para que recebam o pacote de benefícios. Caso contrário, seriam demitidos sem essas vantagens financeiras.

No entanto, em meio ao cenário de economia em crise e cortes em diversos segmentos econômicos, muitos empregados dizem que sentem receio de se desligar da fábrica e permanecer desempregados. “Ficamos preocupados mesmo se ganharmos o dinheiro do PDV e investirmos num negócio próprio, porque está ruim para todo mundo. Quando a montadora demite um trabalhador, isso gera até cinco cortes na cadeia de autopeças, o que tem um impacto forte inclusive no comércio, que também faz dispensas, pois pouca gente vai às compras. Por isso, se abrir uma empresa, as chances de não dar certo são muitas”, disse um trabalhador, sem se identificar.

A greve por tempo indeterminado dá aos suspensos, que voltariam à fábrica dia 30, esperanças de que as negociações consigam reverter a decisão da fábrica.

COM O GOVERNO - Para Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a greve da Mercedes pode ajudar a pressionar o governo em relação a duas propostas do sindicato que já vêm sendo discutidas há tempos com integrantes do Executivo federal. Uma delas é o plano de renovação da frota da caminhões, destinada a retirar de circulação veículos com mais de 30 anos, por meio de incentivo para que autônomos façam a troca por modelos mais novos. Ele cita que, em recente reunião da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) com a presidente Dilma Rousseff, ela avaliou a ideia como necessária para modernizar a frota.

Outro objetivo é conseguir o apoio para o programa de proteção ao emprego, projeto que é inspirado em legislação alemã, em que, em momentos de crise, as empresas podem reduzir, por até dois anos, jornada e salários do pessoal das fábricas para preservar os empregos. “Se o governo não sabe se vai ser eficaz, então faça experimental, este é o ano para se fazer, seria prudente, necessário”, afirmou Marques.

Por Leone Farias - Diário do Grande ABC
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