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DATA DA PUBLICAÇÃO 19/01/2015 | Cidade
Barbearia antiga leva ao passado na Vila Bocaina
Barbearia antiga leva ao passado na Vila Bocaina Foto: Denis Maciel/DGABC
Foto: Denis Maciel/DGABC
De 1956 para cá, muita coisa mudou na Vila Bocaina, em Mauá, inclusive o nome de uma das ruas – a antiga Avenida 18 de Outubro agora se chama Avenida Doutor Getúlio Vargas. Porém, um lugar não sofreu transformações ao longo dos anos: a barbearia instalada no prédio de número 22 da via. O local não só manteve o estilo dos antigos estabelecimentos do ramo como também o quadro de barbeiros – a dupla Mário Queiroz de Freitas, 83 anos, e Fernando Benedetti, 77.

Freitas atua ali desde o ano da inauguração. O destino para seguir o ofício parecia estar traçado desde o berço. “Meus familiares eram todos barbeiros, então, aprendi desde pequenininho. Nunca trabalhei com outra coisa na vida”, fala.

Na época da inauguração, Freitas era funcionário de Hachiro Hagio, dono da barbearia. Em 1958, Benedetti, que trabalhava em Santo André, soube de uma vaga no estabelecimento mauaense. “Estava insatisfeito, pois o local em que atuava era salão de luxo e eu queria algo mais simples”, lembra o senhor, que seguiu a profissão para fugir do chão de fábrica. “Meus irmãos trabalhavam em fábrica e eu não queria de jeito nenhum aquilo para mim, não gostava.”

O novo funcionário chegou com a ambição de, no futuro, abrir seu próprio negócio. Mas os planos foram antecipados. “Depois de dez meses trabalhando aqui, o dono anunciou que ia vender o salão. Pensei: ao invés de montar um, vou ficar com o que já está montado. Então, comprei em conjunto com o Mário. Em julho de 1959 passamos de funcionários para patrões.”

Assim, Freitas e Benedetti continuaram a jornada e preservaram a originalidade do local. As três cadeiras onde se sentam os clientes para que os barbeiros façam o trabalho de barba, cabelo e bigode são as mesmas adquiridas por Hagio, assim como o piso, azulejos e um trio de espelhos. “Os fregueses falavam que se mudássemos alguma coisa no salão, não viriam mais. Mantivemos porque eles mandaram”, salienta Freitas. Integram o cenário ainda quadros que retratam a Mauá daqueles tempos, aumentando ainda mais a sensação de nostalgia proporcionada pelo espaço.

Atendido o pedido da clientela, esta cumpriu sua palavra, sendo fiel até hoje. “Sou freguês há 56 anos. Conheci o Mário quando tinha 19, ele era amigo do meu irmão. Fiquei amigo dele também e depois passei a cortar o cabelo com ele”, contou Antonio Galvano, 78, morador da Vila Noêmia, em Mauá.

O boca a boca sobre o bom trabalho dos barbeiros também atraiu a geração mais jovem para o estabelecimento. “Meu avô é cliente. Há quatro anos vim morar aqui no bairro, procurava por um cabeleireiro e meu avó me recomendou o serviço deles. Vim e gostei”, garante Gabriel Tolesquini, 15.

Diariamente, cerca de 25 pessoas passam pela barbearia, que funciona de terça-feira a sábado, das 8h às 18h. Quem deseja cortar o cabelo paga R$ 13. Já quem precisa fazer a barba desembolsa R$ 12.

Em quase seis décadas de sociedade, a dupla garante que nunca brigou. “O segredo é que a gente é honesto. Dividimos os gastos certinho, temos confiança um no outro”, explica Freitas.

E no que depender da sintonia, a parceria ainda vai longe, como crava Benedetti. “Trabalharemos até quando Deus quiser. Estamos a serviço da boa aparência.”

Escola só aceita maiores de 45 anos

O cartaz na entrada da escola de informática localizada na Rua Manoel Pedro Júnior, 277, é explícito: “Proibido menores de 45 anos.” “Só deixamos vocês entrarem porque vão fazer reportagem”, brincou o proprietário do Ccape (Centro de Capacitação para Pessoas) Melhor Idade, Osvaldo Felisberto, 70, ao receber a equipe do Diário.

Desde 2010, o espaço oferece cursos para quem deseja se entrosar com a tecnologia. “O aluno mais novo tem 54 anos e o mais velho, 87”, destaca Felisberto. A unidade atende 180 estudantes.

Inicialmente, o espaço disponibilizava cursos profissionalizantes para jovens. “Éramos uma escola de informática normal, mas víamos que, muitas vezes, quem nos procurava não era o aluno, e sim o pai, que queria que ele aprendesse alguma coisa, mas não perguntava se era aquilo que ele gostaria”, recorda Felisberto. “Começou a ficar difícil ensinar o jovem, que hoje aprende as coisas básicas praticamente sozinho. Já o idoso tem dificuldade, então, começamos a estudar esse público e trabalhar com ele”, conta o sócio de Felisberto, Edmilson Camilo, 37.

As aulas ocorrem de segunda a sexta-feira, em horários flexíveis. O conteúdo absorvido pelos alunos alavanca a autoestima. “As pessoas se sentem modernas, os familiares as admiram, elas recebem elogios. Tudo isso se transforma em combustível para que fiquem fortes”, diz Camilo.

Joel Oliveira Rios, 57, entrou no curso para adquirir conhecimentos que o auxiliem no trabalho. “Promovo passeios para escolas e sempre tinha que pedir para meus filhos encaminharem e-mails para passar o orçamento, acertar detalhes. Agora, já posso fazer sozinho”, orgulha-se.

Além do aprendizado em informática, o Ccape Melhor Idade oferece curso de Inglês e diversão, por meio de viagens (nacionais e internacionais) e festas realizadas no espaço. “A única coisa que não se fala aqui é em remédio”, ressalta Felisberto.

A fama do ‘tio do cachorro-quente’

O cheirinho gostoso que sai da minivan estacionada na Rua Princesa Isabel, na Vila Bocaina, dá sinais para o estômago, obrigando quem passa por ali a uma paradinha rápida para se deliciar com um cachorro-quente. Assim é há 17 anos, desde que Moisés Rodrigues Sena, 49 anos, fez dali seu ponto de vendas. Local próximo a diversas escolas, ele é carinhosamente conhecido entre os estudantes como o ‘tio do cachorro-quente.’

“Não moro no bairro, sou do Jardim Itapeva, mas achei o lugar legal e me instalei. Na época em que cheguei, nem tinham tantos colégios por perto (hoje são, pelo menos, três escolas próximas)”, lembra, Antes de ingressar no ramo alimentício, ele atuava como eletricista. “Mas sempre quis ter meu próprio negócio”, destaca.

Sena trabalha de segunda-feira a sábado, das 9h às 19h. A rotina, porém, inicia-se mais cedo. “Começo às 6h para preparar os ingredientes, junto com a minha mulher”, conta ele, que vende, além de hot-dog, sanduíche de calabresa. “Mas o carro-chefe é o cachorro-quente”, ressalta. O lanche é caprichado: além dos tradicionais complementos, como purê de batata, milho e ervilha, acompanha frango, queijo cheddar e requeijão cremoso.

A montagem dos produtos sempre é interrompida pelos cumprimentos de quem caminha ou passa de carro pela rua. “Por estar há tantos anos aqui, conheço todo mundo”, fala.

O vendedor não revela a quantidade comercializada por dia, mas certamente é bastante, já que o movimento não cessa. O segredo da preferência ele define em dois pontos. “Trabalho com produtos de qualidade e faço o que gosto.”

Por Vanessa de Oliveira - Diário do Grande ABC
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