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DATA DA PUBLICAÇÃO 20/11/2014 | Cidade
Formação continuada dos Educadores de Mauá realiza seminário
Seminário aborda importância do registro das práticas pedagógicas para aprimoramento do trabalho de professor; Atividade integra ações para profissionais da Secretaria de Educação

O Seminário 'A contribuição do registro na construção de práticas pedagógicas desafiadoras no contexto da Educação Infantil', que teve a palestra da professora Dra. Marta Regina Paulo da Silva, da Universidade Metodista de São Paulo, abordou aspectos muito importantes para a rotina dos professores e professoras da rede de ensino de Mauá. O evento foi realizado nesta terça-feira (18), no Centro de Formação dos Professores Dr. Miguel Arraes, com o objetivo de promover a formação continuada para os profissionais da rede municipal.

A secretária de Educação, Lairce de Aguiar, afirmou na abertura que “estamos elaborando uma formação para todos os segmentos da rede, criando momentos de formação. Vamos, inclusive, usar nosso portal para fazer formações à distância.” Um dos primeiros objetivos é oferecer para profissionais da rede um curso específico sobre o que é e como funciona o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Com a presença de, aproximadamente, 400 educadores, a palestrante sensibilizou a equipe sobre a questão do tempo e de como a sociedade é pressionada pelo sistema capitalista para aproveitá-lo com mais atividades em detrimento da humanização. No caso dos professores, a falta do tempo pode atrapalhar a forma de observar e de fazer o registro adequado das atividades e dos alunos. Segundo Marta, a má administração do tempo se reflete na qualidade de vida e na capacidade de estar atento ao que se passa à volta, e, no caso dos educadores, compromete a forma de observação da criança.

Para ilustrar seu raciocínio, apresentou um poema de Manoel de Barros, 'Manoel por Manoel”, em que ele diz “...Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação...”, em determinado trecho. A professora explicou que é preciso estar atento à produção cultural das crianças, exemplificando o caso de um aluno que após brincar com formigas no parquinho da escola, fez uma casinha com folhas que encontrou para que elas pudessem dormir e reencontrá-lo no dia seguinte, no mesmo lugar, para continuarem a brincadeira.

Neste caso, um dos registros foi o fotográfico, mas, enquanto professora, era necessário compreender o sentido da construção da casinha para o aluno e fazer registro por escrito da observação, o porquê, como, onde, quando, o que foi relatado, entre outras coisas. Para Marta, a reflexão sobre os registros realizados pelo professor é um conhecimento que ajuda a repensar o planejamento. “Conhecer a produção cultural da criança é estar perto dela”, disse a professora.

“O registro implica tempo. O registro implica em observação, para avaliar de fato o que as crianças estão fazendo”, explicou Marta, ao lembrar que o tempo das crianças é o presente e elas estão presentes o tempo todo, o que exige mais do educador que precisa estar muito atento. “A reflexão conduz a ação transformadora, segundo Marta, que cita o educador Paulo Freire: “Escutar, no sentido aqui discutido, significa a disponibilidade.”

Sobre o que foi visto na palestra, a coordenadora Cilene Maria Bastos, da Escola Municipal Jonathan G. L. Pitondo, no Jardim Bandeirantes, gostou e vai repassar para a equipe em Horário de Trabalho Coletivo Pedagógico (HTPC). “Percebi que é importante estar no momento presente para acompanhar aonde a criança está”, resumiu.

No dia 24 (segunda-feira), a professora Dra. Marta Regina Paulo da Silva debaterá o tema 'A relação entre o educar e o cuidar como faces indissociáveis no atendimento às crianças de zero a três anos', no Teatro Municipal de Mauá, à rua Gabriel Marques, 353, das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h.

SEGUE ABAIXO A ÍNTEGRA DO POEMA DE MANOEL DE BARROS:
"Eu tenho um ermo enorme dentro do olho.
Por motivo do ermo não fui um menino peralta.
Agora tenho saudade do que não fui.
Acho que o que faço agora
é o que não pude fazer na infância.
Faço outro tipo de peraltagem.
Quando era criança
eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba.
Mas não havia vizinho.
Em vez de peraltagem eu fazia solidão.
Brincava de fingir que pedra era lagarto.
Que lata era navio.
Que sabugo era um serzinho mal resolvido
e igual a um filhote de gafanhoto.
Cresci brincando no chão, entre formigas.
De uma infância livre e sem comparamentos.
Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação.
Porque se a gente fala a partir de ser criança,
a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha,
de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore.

Então eu trago das minhas raízes crianceiras
a visão comungante e oblíqua das coisas.
Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina.
É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor.
Eu tenho que essa visão oblíqua vem
de eu ter sido criança em algum lugar perdido
onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela.
Era o menino e os bichinhos.
Era o menino e o sol.

Por PMM - Redação
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